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SALVADOR

Moradores voltam às ruas após recuperação de áreas de lazer

Aos 466 anos, Salvador começa ampliar suas ofertas de lazer e oferece mais espaços para andar de bicicleta, skate ou patins

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29/03/2015 às 12:12 • Atualizada em 27/08/2022 às 20:01 - há XX semanas
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Pode parecer uma idade avançada mas, aos 466 anos, Salvador está aprendendo a andar de bicicleta, apostando corrida na orla e arriscando até uma volta de patins ou skate. Depois que teve espaços de lazer ampliados, a capital reaprende a se divertir. A cidade está acompanhando o ritmo do cidadão. Vejam um exemplo: aos 88 anos, o aposentado Fernando Aragão garante que vai chegar aos 100. Até o médico, segundo ele, já deu essa estimativa. O aumento do número de caminhadas até a praça recém-reformada de São Tomé de Paripe, onde ele mora, reforça seus votos de vitalidade e muita saúde. “Praça aqui sempre teve, mas não era assim de dar gosto de vir, tudo organizado. Isso aqui (a reforma) era uma promessa antiga”, diz ele, que mora na Rua Eugênio Burgo e não perde uma partida de dominó com os amigos no novo espaço entregue em outubro.
Para a prefeitura, a requalificação das áreas de lazer foi uma aposta de futuro. “A requalificação da orla foi uma decisão importante da gestão municipal para uma cidade que teve sua orla abandonada e que sofreu com a judicialização das praias. É um pacote de investimentos de mais de R$ 200 milhões”, afirma o titular da Casa Civil, Luiz Carreira. Trechos concluídos da revitalização das orlas da Barra e da Ribeira, a nova praça na Boca do Rio e as áreas de convivência do Subúrbio Ferroviário com vista para as praias de Tubarão e São Tomé de Paripe são exemplos de espaços que foram incorporados ao dia a dia da cidade.
Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO
“Novas áreas de lazer são vistas com alegria, principalmente quando se prioriza a liberação dos espaços para os pedestres”, diz o professor de Urbanismo da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) Jorge Glauco Nascimento. O especialista, no entanto, faz duas ponderações: é preciso ter cuidado no crescimento sustentável da cidade e, também, com a “supervalorização das bikes” diante do cenário de pouca educação no trânsito.
Redescoberta Na Barra, a professora Célia Santana, 41, conta que “redescobriu” o bairro há seis meses. “Não perco a oportunidade de vir e fico pensando: tem tanta gente que vem de fora (do país) aproveitar, então a gente que é da cidade tem que vir”, comenta. Lá, já foram investidos mais de R$ 57 milhões no trecho concluído. E, quando as obras forem concluídas do Barracenter até a praia da Paciência, no Rio Vermelho, outros R$ 35 milhões terão sido empregados.
Após a reforma, entregue em outubro, João Paulo Santos, 12, de São Tomé de Paripe, comemora o fato de ter ganhado, em casa, o direito de sair um pouco mais. “Quando digo que estou aqui na praça, minha mãe não liga mais. Antes ficava reclamando”, compara o estudante. O pescador Fábio Silva Costa, 34, diz que em Tubarão, na praia vizinha, também não há horário para curtir a praça inaugurada em outubro. “Tubarão já foi perigoso, mas esse trecho aqui da praça é tranquilo. Tem dias que fico aqui até 23h com a patroa e meus dois filhos, aproveitando o lugar”, exemplifica.
Ainda em Tubarão, a líder comunitária Valdezia Freitas, 55, aproveitou a valorização do espaço e o movimento que, segundo ela, atrai pessoas de outros bairros, para abrir um restaurante no mês passado. “Os moradores ficam atentos com a conservação e temos uma nova opção para os visitantes, o restaurante com frutos do mar, que tem recursos revertidos para a creche comunitária Filhos do Quilombo”, conta Valdezia, uma das fundadoras de Tubarão II. Já o pastor evangélico Joselito Brito, 52, diariamente caminha 25 minutos na nova orla. “Fazia isso de forma improvisada, agora temos um incentivo a mais (para praticar atividade física)”, afirma.
Colaboração Para Marcílio Bastos, titular da Secretaria de Manutenção (Seman), as pessoas estão conservando os equipamentos. “Percebemos que o povo tem assimilado a ideia de uma cidade melhor e o vandalismo tem diminuído”, afirma. Já na Ribeira, é possível encontrar, em quase todas as manhãs, o vigilante Edmário dos Santos, 42. “Aproveito agora para andar de bicicleta e cuidar da saúde”, conta ele, que mora na Massaranduba.
Há 15 anos morando na Ribeira, José Carlos Teles, 62, gostou das mudanças, mas acha que ainda pode melhorar. “Falta mobiliário urbano e está atrasado o último trecho”, cobra. A obra, orçada em R$ 8 milhões, era para ser concluída no segundo semestre do ano passado, mas, por conta da substituição da empresa que primeiro ganhou a licitação, só deve ser entregue em julho. O bairro também recebeu obras do estado. Foram mais de R$ 6 milhões em recursos do governo estadual e do Ministério do Turismo para obras de urbanismo e paisagismo.
Outro TrechoO Diário Oficial do Município publicou, na sexta-feira, a contratação de uma empresa para elaborar o projeto executivo de requalificação de um novo trecho da orla do Subúrbio. A Hydros Engenharia e Planejamento S/A irá receber R$ 832 mil pela execução do plano de obras para a reforma de 2,5 quilômetros da orla entre os bairros de Itacaranha e Periperi. “O primeiro passo será fazer uma reunião com moradores da região. Depois, será feito um mapeamento de demandas e pontos importantes da área. A partir disso, teremos um projeto preliminar, que será analisado pelos moradores”, explicou a presidente da FMLF, Tânia Scofield. A previsão é de que o projeto seja finalizado em sete meses. “Em outubro, o projeto executivo já estará pronto”, garantiu.

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