Nesta segunda-feira (17), foi realizado na capital baiana o Movimento Passe Livre, que levou milhares de pessoas às ruas, em uma manifestação pacífica. Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de quatro mil pessoas participaram do ato. A iniciativa em Salvador, motivado pelas manifestações em São Paulo, foi programada pelo Facebook e, depois, ganhou às ruas da cidade. Inicialmente, os manifestantes se reuniram na praça Newton Rique, que fica em frente ao Shopping Iguatemi. Lá, houve negociações com a polícia para decidir o trajeto da passeata. Então, no final da tarde desta segunda-feira, o protesto saiu da praça Newton Rique, passou pela av. Tancredo Neves, fez o retorno e voltou para a praça onde tudo começou. De lá, de acordo com testemunhas, alguns dos manifestantes começaram a tentar entrar pelas portas dianteiras dos ônibus como uma forma de reivindicar o "Passe Livre", foco do protesto, que é a entrada nos ônibus pela porta da frente, de maneira gratuita.
Alguns motoristas tentaram impedir o acesso das pessoas aos coletivos fechando as portas, mas outros não conseguiram evitar e cederam ao não pagamento das passagens. Além do grupo que partiu da praça em frente ao shopping, outro grupo surgiu da Paralela em direção sentido Centro, unindo-se à manifestação.Mídias Sociais: a grande dor de cabeça das autoridades em todo o mundo Segundo a Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), cerca de oito mil pessoas participaram do ato. Em nota enviada à noite, a assessoria de comunicação do órgão negou a informação e informou que a Transalvador não faz esse tipo de previsão. De acordo com a assessoria, o número estimado pelo superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, e declarado a um órgão de imprensa foi de cerca de três mil manifestantes. Durante a manifestação, houve movimentação dos participantes: muitas pessoas se juntavam ao grupo e outros deixaram o protesto sem ele ter terminado. Os manifestantes caminharam com tranquilidade, sob gritos de 'O Gigante Acordou', segurando faixas e cartazes que defendem o Movimento Passe Livre e outras questões sociais. De acordo com informações apuradas pelo iBahia, o governador Jaques Wagner acompanhou a manifestação em tempo real, através de informações de seu assessor. "Sobre o movimento Passe Livre, é importante entendermos que o direito de manifestação deve conviver com o direito de ir e vir. Orientei nossas polícias a dialogar e negociar, buscando a segurança daqueles que estão na manifestação e de toda a população", postou o governador, em seu Twitter. Segundo informações do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Militar, no acompanhamento da manifestação na tarde desta segunda-feira foram empregados 40 policiais militares, que contaram com o apoio de 3 viaturas quatro rodas e 24 motocicletas. Um segundo ato da manifestação já está agendado para o próximo dia 20 de junho (quinta-feira), às 14h, no Campo Grande com destino à Arena Fonte Nova. Nesta segunda-feira, também houve manifestação em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Belém, Fortaleza, Maceió e Vitória. Em São Paulo, são cerca de 30 mil pessoas. No Rio, especialistas da Coppe/ UFRJ estimam participação de 100 mil pessoas. Os manifestantes em todas essas capitais reivindicam, principalmente, melhorias no transporte público, na mobilidade urbana e também na acessibilidade, além de protestar contra os altos gastos do governo para construção de estádios para Copa das Confederações 2013 e Copa 2014.
Depoimentos"O destino inicialmente era a Fonte Nova, mas em votação decidiram dar a volta na Tancredo Neves e depois fazer passe livre na Transbordo. Depois da Transbordo, voltamos ao Iguatemi e fizemos o passe livre lá. O movimento foi pacífico e o tempo todo convocou os passantes a entrarem na luta. Muitas pessoas balançavam panos brancos das janelas, em sinal de apoio ao movimento. Na Transbordo, o melhor momento foi quando uma senhora de mais idade disse que não podia nos acompanhar, porque usava bengala, mas apoiava a manifestação. No geral, foi muito bom, porque teve visibilidade e um propósito. Apesar da maioria ser estudante, pessoal mais novo, não teve oba-oba", relatou ao iBahia o jornalista Tiago Bittencourt. "O protesto foi muito tranquilo, tanto da parte dos manifestantes quanto da polícia, que só acompanhou a gente sem nenhum problema. Entre os manifestantes, o clima era de não-violência e não-vandalismo [...] [Teve] muita gente bradando que o "o gigante acordou" "vem pra rua" e "não é carnaval, é Salvador caindo da real", muita gente exigindo metrô, ciclovias, impedimento da PEC37, e criticando os gastos da copa. Também foi marcante o apoio das pessoas dos prédios e até do trânsito [...] Enfim, foi muito pacífico, esperançoso, deu para sentir um senso coletivo de que muita coisa tem que ser mudada em Salvador e no país", contou ao iBahia a coordenadora de mídias sociais Clara Corrêa. Já o produtor cultural Camilo Fróes relatou que muitos jovens participaram do movimento. "O peso era de estudantes, jovens universitários e estudantes secundaristas", conta Fróes, que também afirma que também houve a participação de trabalhadores e profissionais liberais. O produtor cultural também destacou a atuação da Polícia Militar. "O desempenho da polícia foi muito melhor do que era esperado pela maioria das pessoas. Logo ficou claro que a polícia estava ali para cumprir o seu papel, organizar o trânsito e colaborar com a organização da passeata", afirma Fróes. Inclusive, de acordo com ele, em alguns momentos a manifestação parou para aplaudir a polícia. Ainda segundo Fróes, quando a passeata voltou para a praça, várias pessoas se dispersaram. De acordo com ele, o sentido da manifestação é bastante difuso: além do Passe Livre, havia centenas de cartazes com as reivindicações mais diversas. Ele, por exemplo, segurava um cartaz com a frase "A Copa do Mundo não é prioridade". Fotos: Luciano Matos/iBahia
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