Pontos cheios, ônibus lotados, muitas filas e atrasos. Passageiros e rodoviários precisaram de paciência para transitar de buzu pela cidade, ontem, no primeiro dia de operação do sistema de transporte público sob a gestão dos consórcios Plataforma, Salvador Norte e Ótima. Foi um dia confuso, com usuários pegando ônibus errado e motoristas tentando acertar o itinerário. Segundo o titular da Secretaria Municipal da Mobilidade (Semob), Fábio Mota, 740 veículos mudaram de roteiro, o que provocou alguns atrasos. No total, 200 das 600 linhas em operação na cidade foram remanejadas. “É uma questão de adaptação. Alguns motoristas ficaram confusos com os novos roteiros e isso provocou atrasos. Não sei precisar quantas situações dessas ocorreram, mas é preciso lembrar que esse foi o primeiro dia da mudança”, afirmou Mota, que estima que até amanhã “tudo vai estar normalizado”. Passageiros reclamaram do tempo de espera e disseram desconhecer as mudanças do consórcio (ver abaixo). “Sempre pego carro nesse ponto, chego 10 minutos antes de o carro sair, mas hoje (ontem) estou esperando mais de 30 minutos. Olha o tamanho da fila”, disse a técnica em enfermagem Daniela Oliveira, apontando quem vinha atrás. Representantes do Sindicato dos Rodoviários disseram estar orientando os motoristas na porta das garagens e acreditam que o problema deve se resolver nos próximos dias. “É um período de adaptação, pois o motorista não conhece qual é o ponto, onde tem sinaleira. Toda mudança tem um atraso. O sindicato está acompanhando isto em vigilância”, afirmou Fábio Primo, vice-presidente do sindicato, para quem dentro de uma semana os rodoviários estarão plenamente adaptados.
Cores Com o início do novo sistema de transporte, os veículos terão apenas três cores. Os azuis pertencem à Salvador Norte e vão circular pelos bairros da orla, entre a Barra e Itapuã, além de Liberdade, Centro e Brotas. Os veículos verdes pertencem à empresa Ótima e vão rodar entre nos bairros do Cabula, Tancredo Neves, Pau da Lima e São Cristóvão, no chamado miolo da cidade. Os ônibus amarelos são do consórcio Plataforma e vão circular em Itapagipe, São Caetano, Valéria e Subúrbio Ferroviário. “As empresas têm até um ano para padronizar os veículos. Por enquanto, podem rodar com os ônibus antigos, desde que estejam identificados a qual área pertencem”, explicou o secretário. O problema é que quase metade da frota ainda não está padronizada e a mistura de cores gerou algumas confusões, ontem. “Eu estou rodando Cabula VI-Ondina e essa linha era da empresa Vitral, ou seja, o ônibus era azul. Agora ele é verde. Hoje (ontem) muitos passageiros que estavam nos pontos ficaram na dúvida se eu estava mesmo fazendo essa linha e paravam toda hora para perguntar”, contou o motorista Hélio Ferreira, 53 anos. Segundo a Semob, 1.300 coletivos ainda não estão padronizados. A frota da cidade é de cerca de 2.700 veículos. Até que os veículos sejam pintados, a logomarca dos consórcios irá encobrir os nomes das antigas empresas. “Todos têm letreiro, está escrito a linha que ele está fazendo, mas o passageiro não lê, pega o carro pela cor. Isso atrapalha”, comentou o motorista Antônio Silva. Hábitos Para o motorista Manoel Borges, 64, a mudança mexe com a rotina e os hábitos do soteropolitano. Ele trabalhou por 25 anos fazendo a linha entre Rui Barbosa e Vale das Pedrinhas e é figura conhecida na região. “As pessoas que moram nesses bairros me conhecem e, muitas vezes, pegam o carro pela fisionomia do motorista”, ilustrou. Desde ontem, Seu Manoel roda em outra linha, entre o Cabula VI e a Pituba. A mudança gerou situações inusitadas. “Teve uma senhora que entrou no ônibus, toda animada, e quando eu disse que não estava mais fazendo a linha antiga, não acreditou. Disse que sabia que eu rodava no bairro. Eu tentei explicar que mudei de roteiro, mas ela não queria entender”, comentou o rodoviário, entre risos. Manoel disse ainda que estudou o roteiro novo antes de assumir o volante e não teve problemas com atraso por conta disso, mas disse sentir falta do antigo trajeto. “Conhecia todo mundo e gostava. Troquei de roteiro porque a empresa para a qual eu trabalho faz parte do consórcio que roda no miolo, mas, se pudesse escolher, teria ficado onde estava”, lamentou. Vantagens Para Fábio Mota, as alterações podem causar estranheza e alguns contratempos, mas serão boas para o usuário. “Antes, a prefeitura tinha que administrar e fiscalizar 15 empresas, agora serão apenas três. Cada um desses consórcios é formado por mais de quatro empresas e, dessa forma, terão mais investimentos para fazer as ações necessárias para melhorar o serviço”, analisou. Toda a frota será equipada com GPS e computador de bordo, equipamentos que ajudam na localização e monitoramento dos veículos. Desde ontem, apenas veículos fabricados a partir de 2009 estão rodando na cidade. A expectativa da prefeitura é de que, com as regras do consórcio, em até cinco anos. 100% da frota estará trocada.
Na Estação Pirajá, passageiros aguardam para embarcar nas duas únicas plataformas em funcionamento |
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