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SALVADOR

Para passageiros, falta de ônibus aumenta espera aos domingos

Em Salvador, a frota é reduzida para 70% nos sábados e 50% aos domingos

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06/04/2014 às 9:29 • Atualizada em 27/08/2022 às 9:19 - há XX semanas
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O Domingo É Meia, mas a espera é em dobro. Passado um ano do programa da prefeitura, a população comemora a vantagem de pagar metade da tarifa de ônibus aos domingos, mas reclama da pouca oferta de coletivos.
As empresas alegam prejuízos e passam o volante para a prefeitura, afirmando, através do Sindicato das Empresas de Transporte Público de Salvador (Setps), que a Superintendência de Trânsito não dá condições de fluidez no tráfego, principalmente em domingo de sol e futebol.
A prefeitura, por sua vez, sugere mudanças de hábito aos usuários, com a adesão do Bilhete Único e uso da integração para reduzir o tempo de deslocamento. No meio do caminho quem precisa de transporte espera no ponto.
Depois de um ano do lançamento do programa Domingo É Meia, passageiros de ônibus gostam da economia, mas ainda penam à espera dos coletivos, que demoram demais
Nos últimos dois domingos, o CORREIO acompanhou a rotina de quem usa o transporte público e verificou a saída dos ônibus nas estações da Lapa e da Rodoviária (pela manhã), nos finais de linhas de Periperi e Cajazeiras XI (tarde), além de conversar com usuários na orla entre Piatã e Boca do Rio.
Com o monitoramento de cerca de 80 linhas em diferentes horários foi possível notar que mais da metade delas não cumpre os horários de saída determinados pela Transalvador. Mas, apesar da falta de pontualidade, o intervalo entre as partidas é próximo do estabelecido.
Números
Em Salvador, a frota de ônibus é reduzida para 70% nos sábados e 50% aos domingos. O decreto do programa Domingo É Meia, de março do ano passado, não determina a mudança desses percentuais, estabelecidos pela Transalvador com base na demanda.
Aos domingos, a prefeitura calcula que 1/3 dos usuários de ônibus precisa do transporte. Em janeiro e fevereiro, na alta estação, quando a média nos dias úteis foi de 1,2 milhão de viagens reguistradas, o programa alcançou média de 400 mil meias-passagens pagas a cada domingo.
A redução acaba sendo maior em casos pontuais (e irregulares), como verificou o CORREIO. Um exemplo é o da linha Periperi-Campo Grande (Praia Grande) que, na tarde do domingo passado, só cumpriu o horário marcado em metade das saídas.
Já as linhas Paripe-Rodoviária (Praia Grande) e Ribeira-Rodoviária (Modelo), ficaram entre 11h e 13h sem passar pela Rodoviária, ainda que tenham que sair a cada 20 minutos do ponto de origem.
A empresa Praia Grande informa que, no caso da linha Campo Grande, foi preciso tirar uma equipe de circulação após o cobrador ser ameaçado (apesar de usuários dizerem que o problema é frequente). Já quanto a linha da Rodoviária, a empresa alega que um protesto dificultou o percurso. Nenhum representante da Modelo foi localizado.
Há empresas que cumpriram todos os horários (com cinco minutos de tolerância), como as linhas Iapi-Lapa (União), Estação Mussurunga-Lapa (Rio Vermelho) e Engomadeira-Lapa (Vitral). Na Lapa, o CORREIO verificou a partida dos ônibus entre 8h e 10h do dia 23 de março.
Há também casos de linhas que têm partidas a mais, não programadas, a exemplo da linha Mirante de Periperi-Boca do Rio, da Praia Grande.
Passageiros esperam por ônibus na Rodoviária: horários determinados pela Transalvador não são cumpridos pela maioria das linhas
Espera
Há uma semana, a doméstica Lenice dos Reis, 39 anos, se sentiu dividida ao avaliar o programa, válido para quem paga a passagem em dinheiro ou com cartão avulso. “Sobra o dinheiro do salgadinho, dá para sair mais vezes, mas também tem um preço”.
Preço que ela não calcula em reais, mas em tempo. Eram 17h53 do domingo e Lenice estava no ponto em frente ao Sesc Piatã, embora tenha deixado a praia antes das 17h. Acompanhada da vizinha e de seis crianças, ela reclamou. “Mais de uma hora aqui e não passou um Fazenda Grande. Aí não dá, né?”.
Se nem todas as linhas descumprem os horários, o que causa esperas tão longas? Para os rodoviários ouvidos pelo CORREIO, o problema pode estar no aumento da demanda para a mesma frota de 50%.
“Com mais passageiros, os ônibus param mais no ponto, mais pessoas subindo e a viagem demora”, acredita o cobrador Neilson dos Santos Barbosa, da empresa Capital.
Através da bilhetagem, o Setps aponta que, sim, houve acréscimo de passageiros em torno de 8,22% aos domingos. Considerando só janeiro e fevereiro, esse acréscimo foi de 16%. Porém, não atribui a demora às paradas.
“Não é tão sensível assim a operação”, diz o diretor do Setps, Horácio Brasil, afirmando que houve acréscimo na frota a pedido da prefeitura. “Hoje, já chega próximo dos 60%”, diz.
Porém, o ex-secretário de Transporte e Urbanismo, José Carlos Aleluia, nega que tenha havido esse pedido de aumento. Somente durante o Verão é que, segundo ele, houve acréscimo de 200 ônibus, após reclamações.
Outros rodoviários e despachantes ouvidos pelo CORREIO afirmam, sob anonimato, que houve, na verdade, redução da frota. “Tem linhas que tinham dez e agora têm nove ou oito ônibus. Se tiver qualquer imprevisto, não tem quem cubra”, afirma um despachante na Lapa. “As empresas não querem ter prejuízo”, completa outro - a prefeitura não subsidia o programa.
Para Aleluia, o problema não é a frota. Ao ouvir a história de Lenice, o ex-secretário, que deixou o cargo anteontem, usou o exemplo para pedir adaptação aos usuários.
“Ela estava esperando um Fazenda Grande, mas a ideia é que, com o Bilhete Único e o Domingo É Meia, ela pegue o primeiro ônibus que passar, vá para um corredor central e lá pegue, sem pagar nada, um Fazenda Grande”, sugeriu.
* SETPS
Prejuízo e dificuldade de tráfego
Horácio Brasil, diretor do Setps, afirma que as empresas tiveram uma redução na receita aos domingos na média de 3,2% em relação ao mesmo período do ano em que não havia o benefício. “Todo mundo virou estudante”, diz. Brasil reconhece que pode haver empresas que não estejam cumprindo horários ou reduzindo a frota.
“Fora dos horários de pico, isso é algo que pode estar acontecendo, mas essa é uma prática que nós não apoiamos e, se tivermos conhecimento, vamos tomar providências”.
Empresas reclamam de dificuldade no trânsito (no domingo) e que os ônibus ficam presos em congestionamento em domingos de sol e futebol. “Praia é um grande exemplo. As pessoas vão chegando aos poucos, mas, no fim da tarde, saem todas de uma só vez”.
* USUÁRIOS
Bom pela economia, ruim pela espera
Só em março, a Ouvidoria da Transalvador, que atende no (71) 2109-3685, recebeu 20 reclamações aos domingos sobre o não cumprimento de horários ou longas esperas por ônibus. Uma das queixas foi do servidor público Alexandre Pacheco, 38.
Ele trabalha aos domingos e diz que o problema costuma ser frequente no Subúrbio. “Não tem fiscalização”, acredita. Alexandre é um dos usuários ouvidos pelo CORREIO que reclama do tempo perdido nos pontos. “Quando o ônibus aparece está cheio que nem dá para entrar. Ou seja, é preciso melhorar”, opina a estudante Priscila Santos, 17, depois de um dia de praia.
Já o ambulante Luís Pereira, 47, diz que o programa ajudou a sair mais com a esposa. “Todo domingo, visitamos um parente que estava esquecido”, brinca.
* PREFEITURA
Aposta na licitação
De acordo com a prefeitura, o programa permitiu que a população vivencie mais a cidade. “Antes, um casal que mora em um local que não passa ônibus para Itapuã e quisesse ir lá no domingo pagaria R$ 22,40. Hoje, com o programa e a integração, paga R$ 5,60”, exemplifica o ex-secretário Aleluia.
Para a prefeitura, a otimização do programa está relacionada ao uso do Bilhete Único e a mudança da lógica de deslocamento, com integrações em corredores centrais, além de uma fiscalização informatizada, o que deve acontecer com a instalação de GPS nos ônibus, prevista na licitação do tranporte público.
“Pelas empresas, o programa seria Domingo É o Dobro, mas trata-se de um serviço público”, diz Orlando Santos, novo secretário de Transporte. Matéria original Correio 24h Para passageiros, falta de ônibus aumenta tempo de espera aos domingos

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