Suspeita de ser autora do incêndio que resultou na morte do menino Gabriel dos Santos Rosário Bonfim, 1 ano, a pedinte Ana Cristina Menezes Lima, 48, já cumpriu pena pelo homicídio de uma mulher, em 2009. Em apresentação à imprensa, no final da manhã desta terça-feira (27), ela negou que tenha matado a criança propositalmente, como apontam as investigações da Polícia Civil. Ela e a mãe da criança, Maraísa Santos do Rosário, 31, tinham um relacionamento de sete anos.
Segundo a Polícia Civil, este não é o primeiro crime cometido por Ana Cristina Menezes. "Ela cumpriu quatro anos de pena pela morte de Edite Santana Souza. Não há informações sobre a relação entre elas", informou a titular da 3ª Delegacia de Homicídios (3ª DH), Pilly Dantas.
A vítima, que foi assassinada a tiros em 2009, na Rua Nova Divineia, mesma onde ocorreu o incêndio, tinha 53 anos na época. Questionada sobre o homicídio, Ana Cristina disse apenas que não não matou Edite e responsabilizou traficantes da região pelo homicídio. Ainda conforme a Polícia Civil, a pedinte tem passagens também por tráfico de drogas, em 2012 e 2013.
De acordo com a delegada Pilly Dantas, Ana Cristina é responsável pela morte do menino. "Ana alega que estava cozinhando no momento, o que não procede, trata-se de um incêndio criminoso. Ela negou durante todo o interrogatório, mas depois admitiu. Não havia ninguém na casa no momento", pontuou. Ana tentou fugir mas foi contida pelo avô da criança, Domingos do Rosário, 58, que impediu que ela fosse linchada pela população. "Ele e a polícia livraram ela da morte", acrescentou a delegada.
Embora tenha negado a autoria do crime em suas primeiras declarações, Ana Cristina afirmou à imprensa que usou um fogão elétrico e uma cortina para provocar o fogo dentro do imóvel. Segundo ela, o menino estava na cama e que teria sido colocado lá pela mãe, Maraísa. "Eu não matei ninguém, não sabia, não peguei ele da mão dela, foi ela quem colocou ele lá", disse, afirmando estar arrependida. Sobre as ameaças que teria feito à companheira, disse apenas que só revidou agressões. "Batia porque ela também me batia. Ameaçava ela por isso", contou.
Segundo Pilly Dantas, a morte de Gabriel foi causada após uma briga motivada por ciúmes entre a suspeita e a mãe da criança. "Elas têm um relacionamento marcado por agressões por parte de Ana Cristina. Existem registros anteriores da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)", contou. Para a delegada, a versão contada por Maraísa tem validade e condiz com as investigações.
Ao CORREIO, Maraísa afirmou que após ser espancada na manhã desta quinta-feira (26), compareceu à 5ª Delegacia (Periperi) para prestar queixa. A Polícia Civil ainda não teve acesso ao registro policial. "Existem ocorrências na Deam que são sigilosas, nós ainda não tivemos acesso a essa última queixa que ela diz ter prestado, vamos checar se esse material existe", afirmou.
De acordo com o capitão da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Periperi), Cledson Santos, por volta de 19h30, a PM foi chamada para uma situação de linchamento. "Quando chegamos aqui, identificamos a suspeita sob ameaça por parte da população, oferecemos tratamento médico a ela e aí soubemos do incêndio", contou. O major informou que não havia mais sinais de fogo no imóvel e as pessoas informaram que havia uma criança na casa.
Com a chegada do Corpo de Bombeiros, às 20h20, foi confirmada a morte do pequeno Gabriel. Conforme o tenente André Matos, os bombeiros tiveram dificuldade para identificar o corpo de Gabriel, que estava em um quarto, sobre um colchão. "A parte mais estragada da casa era o quarto, mas não é possível afirmar que o fogo foi provocado no cômodo. Só a perícia pode nos dar essa precisão. Por ser pequeno, o corpo acavou se misturando ao colchão", explicou, acrescentando que Gabriel morreu carbonizado.
Pilly afirmou, ainda, que o crime não tem nenhuma caracterização de abandono de incapaz por parte da mãe da criança. "Maraísa está bastante abalada. Ela não vai responder por nada, uma vez que o menino foi tirado dos braços dela", disse a delegada. Ana Cristina, que tem 14 filhos, foi presa em flagrante e vai responder por homicídio qualificado.
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Redação iBahia
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