A polícia ainda aguarda que o proprietário da lancha Marie C, que na madrugada de domingo (18) atropelou um barco de pescadores, deixando dois mortos, em Paripe, se apresente na 5ª Delegacia (Paripe), responsável pela investigação do caso. De acordo com o titular da unidade, delegado Nilton Borba, o condutor da lancha, que ele acredita ter o prenome André ou Pedro, deve se apresentar até as 12h desta terça-feira (20) para prestar depoimento. Questionada sobre o nome do proprietário da lancha, a Capitania dos Portos não respondeu à solicitação até a noite da segunda-feira (19).
A Marinha informou, por meio de nota, que vai instaurar um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas do acidente. O prazo de conclusão é de 90 dias. Ontem, pescadores e a Marinha continuaram as buscas pelo corpo do pescador profissional José Lima dos Santos, 77 anos, conhecido como Sanfoneiro, desaparecido desde o acidente. A embarcação em que ele estava, uma catraia, foi atingida pela lancha Marie C, a cinco quilômetros da praia de Paripe, no Subúrbio Ferroviário. O pescador estava com o sobrinho, Leomar, 28, e o pescador Jurandir Pereira dos Santos, 57, quando os três foram surpreendidos pela lancha.
Segundo o pescador José Clóvis Andrade, 65 anos, José Lima foi atingido pela hélice da lancha e morreu no momento da colisão. “O corpo dele (José Lima) ficou enrolado nas guias, preso no isopor, acabou afundando depois”, contou Clóvis. Leomar e Jurandir foram levados pelo condutor da lancha até o píer do Terminal Marítimo de São Tomé de Paripe. Mas Jurandir, que teve parte da perna decepada no acidente, morreu logo após ser deixado pelo condutor. “Ele não prestou socorro, só deixou eles dois lá e foi embora. O lastro da lancha ficou puro sangue”, contou o Clóvis. Leomar sofreu escoriações no braço e foi o único sobrevivente. "As luzes estavam todas apagadas quando a lancha passou. Ele voltou para prestar o socorro porque o meu amigo de pesca ficou gritando para ele prestar socorro. Depois de uns quinhentos metros ele deu a ré e voltou após ter passado por cima do nosso barco", disse Leomar Brito dos Santos, 28 anos, neto do pescador desaparecido. A catraia foi totalmente destruída com o impacto e afundou. Clóvis conta que a catraia estava ancorada no momento da colisão e afirmou também, segundo Leomar, a lancha vinha com as luzes apagadas. Ontem pela manhã, o corpo de Jurandir foi enterrado no cemitério de Nossa Senhora do Ó, em Paripe. Ele morava com a mãe, na Vila de Pescadores do bairro. Segundo a irmã dele, Norma de Andrade Santos, quando a família chegou até São Tomé, ele já estava morto. “Ele sempre pescava à noite e nunca tinha problema nenhum, nunca tinha sofrido nenhum acidente”, contou a irmã da vítima.
Filho de José Lima mostra documentos do pai, morto em acidente |
O corpo do pescador José Lima dos Santos |
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