A polícia trabalha com as hipóteses de intoxicação ou envenenamento para o caso da Churrascaria e Pizzaria do Galego, em que uma pessoa morreu e pelos menos 65 passaram mal depois de comer no restaurante na semana passada. “Temos estas duas linhas de investigação. Estamos encaminhando as pessoas que prestaram depoimento na delegacia (oito até segunda) para fazer exames e vamos ouvir todos para apurar”, explica a delegada Dilma Maria, da 12ª Delegacia, em Itapuã. A delegada ainda ouvirá o dono do estabelecimento, conhecido como Galego. “Ele será ouvido assim que ouvirmos as testemunhas e consultarmos os laudos”. O CORREIO procurou Galego, mas o funcionário José Pereira Filho é quem fala por ele, alegando que o empresário está abalado psicologicamente. “Itapuã toda está dizendo que foi envenenamento por causa de funcionário que teria sido demitido injustamente, só que isso não existe. No HGE, fizeram teste de envenenamento e não deu nada. Além disso, todos os funcionários da churrascaria são antigos, ninguém foi demitido”, garante José, antes de completar: “Falam também em briga de sócios. Que sócios? É só Galego e a esposa que administram o restaurante”. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) não confirmou a realização de exames para identificar veneno nos pacientes, mas afirma, através de sua assessoria de imprensa, que a Vigilância Sanitária estadual está apoiando o órgão similar municipal para identificar as causas da intoxicação.
De acordo com a Sesab, dois pacientes foram diagnosticados com salmonelose, doença provocada pela bactéria salmonela. Um menino de 4 anos permanece no Hospital da Criança das Obras Sociais Irmã Dulce, com quadro estável, mas sem previsão de alta médica. O Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues informou para a família de Edson Araújo, que morreu dias após comer na churrascaria, que o laudo cadavérico ficará pronto em até 90 dias. Após reunião realizada ontem, a Secretaria Municipal da Saúde promete divulgar hoje um relatório técnico sobre o caso. Mais de um restaurante é fechado por diaO suor tempera a comida. A mesma mão que corta os legumes passa o troco, antes de ser lavada. Situações como essas não são raras em restaurantes de Salvador. Combinações deste tipo, somadas ao acondicionamento inadequado dos alimentos e infrações relacionadas à segurança do trabalho resultam na interdição, em média, de mais de um restaurante por dia na capital baiana. De janeiro a outubro deste ano, segundo a subcoordenadora municipal da Vigilância Sanitária (Visa), Carina Queiroz, 353 restaurantes foram fechados. “A maioria dos estabelecimentos que foram interditados apresentou irregularidades sanitárias como sujeira, deficiência na manutenção de equipamentos, falhas na instalação física e questões de saúde do trabalhador”, explica Carina. No sábado passado, o órgão interditou a Churrascaria e Pizzaria do Galego, em Itapuã, depois que um homem morreu e pelo menos 65 pessoas passaram mal após terem se alimentado no local. De acordo com a Visa, 9.802 restaurantes foram inspecionados pelo órgão de janeiro até o dia 30 de outubro. Durante as ações de fiscalização, foram realizadas 427 apreensões de equipamentos e alimentos. A subcoordenadora da Vigilância Sanitária explica que a higiene inadequada e o acondicionamento irregular de alimentos são os principais meios de contaminação da comida. “O fluxo de trabalho errado dentro dos restaurantes favorece a contaminação. Procedimento muito simples, como separar alimentos quentes de alimentos frios podem ser feitos para evitar problemas”, pontua Carina. As precauções indicadas pela Vigilância Sanitária podem ser adotadas mesmo em restaurantes populares. O comerciante Aloísio Monteiro, proprietário do Thylu’s Sabores, na Ceasa do Ogunjá, garante que o cuidado com a higiene é sua prioridade. “Aqui no restaurante, temos quatro ambientes separados para evitar contaminação”, explica Monteiro. No estabelecimento, são servidos pratos entre R$ 9,90 e R$ 15,80. Ali, todas as cozinheiras e garçonetes têm que trabalhar com toucas. O nutricionista Moisés Feitosa, professor da Unijorge, alerta que as pessoas que comem com frequência fora de casa devem ficar bem atentas. “O mais importante é observar as condições de temperatura dos locais onde o alimento é servido, principalmente as saladas frias, pois elas devem ser consumidas apenas se estiverem refrigeradas. Quem optar por saladas quentes, é bom evitar maionese”, diz Feitosa. DicasMas, independentemente do que se come, é preciso ficar de olho bem aberto para quem está manuseando os alimentos. “A pessoa que serve a comida não pode, por exemplo, ter o contato com o dinheiro. É o que acontece com algumas baianas de acarajé. O ideal é ter uma pessoa só pra manusear o dinheiro e outra para manusear os alimentos. No caso do acarajé, seria fundamental que a salada ficasse refrigerada e o vatapá e o caruru esquentados”, explica. Outro fator destacado pelo nutricionista é a temperatura do local onde a comida é servida. “Muitos restaurantes acabam tendo as áreas de servir os alimentos com ventilação inadequada. Isso colabora para aumentar a vulnerabilidade do alimento e os riscos de contaminação”, conclui. Matéria original do Correio Polícia investiga se houve envenenamento em churrascaria; um morreu e 65 passaram mal
Evangélicos que costumavam almoçar no restaurante rezam no local |
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