Com 85 anos de idade, Roberto Figueira Santos respira ciência. Fundador e atual presidente da Academia de Ciências da Bahia (ACB), criada em primeiro de junho de 2011, o médico, professor e um dos políticos baianos mais influentes nos últimos 50 anos no Brasil, Roberto Santos mantém um trabalho intenso de promoção do desenvolvimento socioeconômico através da formação e do acesso ao conhecimento científico. Em casa ou no trabalho, ele, que também é escritor, segue produzindo livros com reflexões sobre a educação na Bahia e no Brasil. Filho de de Carmem Figueira e do primeiro reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Edgard Rego dos Santos, Roberto Santos já nasceu praticamente inserido na vida pública. Na primeira metade do século XX, ainda sob a égide das incertezas provocadas pelo final do Estado Novo, se graduou em Medicina no ano de 1949 e dois anos depois assumiria o cargo de professor titular da instituição. Como docente viajou e estudou no principais centro de ensino do mundo, como a Cornell, Michigan, Harvard e Cambridge, na Inglaterra. Estas experiências foram cruciais pela paixão desenvolvida pelo ensino superior.
"Eu percebo que os países e as sociedades que estão bem, que atingiram um grau de desenvolvimento maior são os que justamente investiram nas universidades, na educação e no desenvolvimento científico e tecnológico. É bastante importante pensar e fortalecer as universidades no nosso país", diz. Mesmo com a proximidade com a área da educação, na parte administrativa assumiu primeiro a Secretária de Saúde da Bahia, no período inicial do governo de Luiz Viana Filho, em 1967. Logo depois, abdicou do cargo para assumir a reitoria da UFBA e, deste período, guarda lembranças que ajudam a entender as transformações vivenciadas na educação brasileira ao longo das décadas. "Eu acredito que a década de 60 de uma maneira geral contou com duas importantes decisões políticas que impactaram o país. A primeira foi a implementação definitiva das disciplinas de física, química e matemática no ensino escolar. E, no caso da Universidade, veio a criação dos cursos de mestrados e de doutorado e a criação dos cargos de dedicação exclusiva. Isso foi a mola propulsora para o fomento da pesquisa, do conhecimento científico no Brasil", afirma. Ele lembra ainda que de 67 a 71, período que passou como reitor, surgiram leis importantes para regulamentar a estrutura do ensino e dos próprios cursos de graduação. Assim que deixou a reitoria, passou a ocupar o Conselho Federal de Educação e já no ano de 1974, por meio de eleição indireta, assumiu o governo do Estado. Mesmo não falando mais em política - "Estou aposentado", costuma dizer -, o professor lembra da construção do Centro de Convenções e também do que faria nos dias de hoje em Salvador. "Fizemos o Centro porque a cidade vivenciava sempre a instabilidade de estar cheia no verão e mais esvaziada nos demais períodos. Isso não era bom para o turismo. Então, criamos esse espaço para que pudessem ser feitos grandes eventos, congressos, encontros em Salvador. Hoje, eu acompanho as mudanças na cidade, mas não me pronuncio sobre o cenário político porque já estou aposentado. Agora, se tivesse de fazer uma obra na cidade seria a criação ou melhor o resgate de um museu de Ciência e Tecnologia", afirma. O resgate Museu, inclusive, é umas das reinvidicações e principais objetivos do professor. Segundo ele, o local seria um espécie de laboratório de experimentos para que crianças, jovens, adultos e idosos pudessem ter contato com o universo da ciência sem nenhum tipo de receio ou impedimentos. Esta empreitada pela difusão científica e o trabalho que hoje tem à frente da Academia, se aprofundou na década de 80, quando foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Passando pelo Conselho Diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Congresso Nacional, em 1994, Roberto Santos conta que o Brasil vem dando, desde esta época, saltos consideráveis na educação. "Existe um crescimento quantitativo. A Universidade passa por reformas de expansão, mas ainda precisamos melhor a qualidade do ensino, desenvolver a pesquisa, fazer parcerias", pondera. Este trabalho inclusive é uma das prioridades da ACB. A Academia, que fica em São Lázaro e conta com um rede de pesquisadores das diversas áreas do conhecimento, procura cumprir o papel de incentivar os setores básicos do conhecimento, estimulando o ensino das ciências e da pesquisa em diversas áreas. Desta maneira, Roberto Santos se dedica diariamente a incrementar a pesquisa em todo o Estado, articulando também o conhecimento desenvolvido nas universidades, nos centros de estudos, com as necessidades do mercado profissional. "A repercussão tem sido boa e a receptividade ao nosso trabalho também. Acredito que os baianos tem dado demonstrações exemplares na área de criação, promovendo inovação no campo científico", elogia. Em paralelo ao trabalho, a produção intelectual é mantida em ritmo constante. Com dezenas de publicações, Roberto Santos segue escrevendo textos para jornais e livros. "Eu também tenho recebido convites para fazer palestras em instituições de ensino, em empresas, em eventos. Depois que assumi a Academia, até me surpreendi. A quantidade de convites está acima do que esperava receber", conta. Apesar da vida profissional ser agitada, Roberto Santos também procura atividades que possam distraí-lo. "Quando eu quero descansar mesmo e me desligar um pouco para tomar novo fôlego, costumo passar mais tempo em casa. Aí, eu fico mais tranquilo. Escuto música erudita e pronto, já fico mais disposto para seguir com as atividades do cotidiano", finaliza. LEIA TAMBÉM Por onde anda? O herói tratorista que se recusou a demolir casas e emocionou o Brasil Por Onde Anda? Relembre o baiano Adriano 'Didi' Castro, do BBB1 Por onde anda? Padre Pinto e a vida reservada em São Caetano Por Onde Anda? Sucesso nos anos 90, no papel de Ana Raio, Ingra Liberato continua atuando
Roberto Santos tem se dedicado para o fortalecimento da ciência na Bahia |
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