Todo 2 de fevereiro, centenas de balaios com flores, perfumes, sabonetes, pentes, espelhos e outros mimos são ofertados a Iemanjá nas águas do Rio Vermelho. Só no ano passado foram 700 balaios. Mas nem sempre o presente é ecológico. Este ano, para conscientizar a população, a prefeitura de Salvador promove, pela segunda vez, a campanha Balaio Verde.
“A cultura e a liturgia das comemorações para Iemanjá são perfeitamente compatíveis com a sustentabilidade. A Rainha do Mar jamais ficaria feliz tendo sua casa suja, mesmo que alguns considerem presentes”, defende o secretário de Cidade Sustentável (Secis), André Fraga.
A campanha sugere que os presentes sejam objetos biodegradáveis. O pente pode ser de madeira, sabonetes sem embalagem e o perfume, jogado no balaio. “Uma prece, um canto ou um presente biodegradável farão com que ela não esqueça da reverência e a natureza também agradecerá”, argumenta Fraga.
Na próxima semana, a campanha chegará às redes sociais. Serão diversas dicas para que as pessoas confeccionem balaios e entreguem presentes sem agredir o meio ambiente. A segunda ação será uma limpeza da Praia da Enseada, no Rio Vermelho, de onde saem as embarcações que levam os balaios para alto-mar. No primeiro dia de fevereiro, uma equipe da Secis vai recolher o lixo da praia e fazer um trabalho de conscientização ambiental, conversando com banhistas e transeuntes.
No dia da festa, faixas e banners com frases incentivando a entrega de oferendas biodegradáveis estarão distribuídos em pontos do Rio Vermelho. Uma equipe da Secis irá atuar na praia conversando com quem escolhe entregar presentes que causam impacto.
No ano passado, oito mergulhadores retiraram 150 quilos de objetos poluentes das águas da Praia da Paciência no dia 3 de fevereiro. A Limpurb recolheu 60 toneladas de lixo do Rio Vermelho, um trabalho de 263 profissionais com apoio de compactadores, caminhões e carros-pipa.
Mais presentes
Enquanto a Secis promove uma campanha por um presente ecologicamente correto, a colônia de pescadores do Rio Vermelho, que tradicionalmente produz o presente ‘oficial’ para Iemanjá, vive uma discórdia. O resultado é que, por pouco, a festa este ano não se encaminhava para ter dois presentes dos pescadores.
É que uma nova desavença entre o presidente da Colônia Z1, Marcos Antônio Chaves, o Branco, e os pescadores mais antigos virou caso de polícia. Oito pescadores, que participam da festa há mais de 40 anos, resolveram formar uma comissão paralela e providenciar outro presente. Até ontem, eles não acreditavam que Branco estava, de fato, providenciando a oferenda.
O medo dos pescadores era de que as homenagens não acontecessem por causa de uma suposta prisão de Branco, na semana passada (leia ao lado). “Até o momento que ele foi preso, não tinha presente nenhum”, afirma Gilson Alves dos Santos, o Comprido.
Para resolver o imbróglio e garantir que Iemanjá seja homenageada, foi necessária até a intervenção do delegado Artur Ferreira, da 7ª Delegacia (Rio Vermelho). Ele fez uma reunião entre as partes para tentar aliviar a tensão. “A festa do Rio Vermelho vai acontecer. A divergência era em relação aos presentes”, conta.
A confusão se acalmou somente na última sexta-feira (27) de manhã, depois que Branco levou a comissão para ver o presente já pronto. “A gente abriu mão porque já estava em cima da hora. Para não ter confusão”, conta Comprido. Por causa da insatisfação, o grupo ameaçou até mesmo não aceitar o presente providenciado por Branco, causando uma duplicidade de ofertas.
O presidente da Colônia Z1 foi procurado pelo CORREIO para comentar a situação, mas não foi encontrado.
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Redação iBahia
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