Uma história de triunfos nocauteada pela violência. Assim foi encerrada, na noite de terça-feira, a trajetória do pugilista Jorge Rosa de Jesus, o Niola, ex-campeão brasileiro de boxe de 41 anos, fuzilado com vários tiros em sua casa, na Barra. Niola foi morto depois que cinco homens encapuzados invadiram a residência, situado na localidade conhecida como Roça da Sabina, e efetuaram vários disparos, testemunhados pela mulher dele, a auxiliar de enfermagem Zenaide do Carmo, 41 anos. No momento do crime, os bandidos chegaram a discutir se matariam ou não a mulher, mas terminaram poupando a vida dela. A comunidade local aponta Sandro, apontado como líder do tráfico da região e agiota, como mandante do crime. O pugilista foi enterrado sob forte comoção, ontem à tarde, no Cemitério do Campo Santo. O caso está sendo apurado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Invasão Niola foi assassinado por volta das 22h30, na rua Doutor Deraldo Dias Morais. O ex-pugilista, que dava aulas particulares de boxe para alunos de classe média alta, tinha acabado de beber com amigos na passarela em frente ao Shopping Barra. Em seguida, foi para casa, onde tomou banho, jantou e deitou-se na cama com Zenaide para assistir televisão. Minutos depois, o casal ouviu um estrondo. “Quando pedi para ele ver o que era, os bandidos já estavam no nosso quarto. Eles tinham arrombado a porta”, contou Zenaide. Segundo ela, o marido levantou e foi para um canto da parede, ocasião em que dispararam contra a cabeça do pugilista. Ela disse que, na hora do ataque, cobriu a cabeça com uma cama boxe. “Eles pensaram em me matar. Um deles disse: ‘Vamos apagar ela também’. Mas aí um outro falou: ‘Vamos atirar só nele’. E continuaram atirando”, emocionou-se. Abalada, Zenaide diz que vai deixar a Roça da Sabina. “Estou muito transtornada com tudo isso. Não retorno mais para lá”, disse. Ela afirmou ainda que o marido passou uma semana tranquila, que não havia percebido nada de estranho nele. “Passamos o Natal juntos. Eu, ele, nossa filha de 12 anos, a filha mais velha (de outro casamento) e os netos dele”, relembrou, bastante emocionada. No dia do crime, a filha caçula de Niola dormia na casa de um tio. De acordo com moradores, a saraivada de balas durou cerca de cinco minutos. “Dava a impressão de um monte de telha caindo. Foi assustador. Todo mundo disse que ele ficou com o rosto desfigurado de tanto tiro”, contou uma vizinha da vítima, que não quis se identificar. MotivaçãoDe acordo com relatos de moradores locais, Niola tinha um bar na Vasco da Gama, fechado há cerca de um mês, depois que ele foi apontado como delator da polícia por traficantes da área. Ele teria entrado na mira dos bandidos, depois do estouro de uma refinaria de cocaína nas imediações da avenida. A ação da polícia pode ter desencadeado a ira dos bandidos. Além de amigos e familiares, o sepultamento foi acompanhado pelo deputado e ex-campeão mundial Acelino Popó Freitas, amigo de Niola. Promessa do boxe nacionalNos anos 90, Jorge Rosa era uma das promessas do boxe baiano, ao lado de outro grande nome do esporte, o hoje deputado Acelino Popó Freitas, com quem treinou durante anos. Ao longo de uma carreira curta, o boxeador amador sagrou-se campeão baiano e Norte-Nordeste várias vezes, sempre pela categoria dos moscas-ligeiros (até 48 quilos). Em 1998, veio o maior trunfo de sua carreira: o brasileiro dos moscas (51 quilos). “Era um lutador técnico e forte, com um físico privilegiado. Além de uma pessoa excepcional. Foi uma surpresa, estou muito triste”. relata o técnico Luís Carlos Dórea, seu antigo treinador na Academia Champion. Há cerca de dez anos, Niolo sofreu uma lesão no joelho, que o fez deixar o ringue. Atualmente, dava aulas e já havia passado pelas principais academias de Salvador, entre elas a Boxe Elite, muito frequentada por artistas.
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