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SALVADOR

Risco de assaltos aumenta na Lapa após saída da Guarda Municipal

Até mesmo policiais militares que atuam na estação admitem que os usuários correm risco na Lapa

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25/07/2012 às 9:35 • Atualizada em 26/08/2022 às 19:53 - há XX semanas
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Uma estação, dois medos. Quem passa pelo Terminal de Transbordo Clériston Andrade, mais conhecido como Estação da Lapa, tem sempre a companhia da sensação de insegurança e dos problemas de infraestrutura do local. Diariamente, as mais de 400 mil pessoas que passam pela estação vivem desviando das goteiras e temendo os roubos, principalmente nos últimos quatro meses, depois que os guardas municipais deixaram de manter base dentro do terminal. A professora Gleides Antunes, 49 anos, passa pelo terminal todos os dias. Com medo. “Nunca aconteceu nada comigo, mas não venho à noite porque morro de medo. Conheço várias pessoas que já foram assaltadas. Sem contar que, no subsolo, parece que é bicho que pega transporte. Tudo imundo”, queixa-se ela, perto da escadaria de acesso à Avenida Joana Angélica. Naquele trecho, em pouco tempo se ouvem muitos relatos de roubos. Dono de passos lentos, o aposentado Juraci Moreira, 65, conta que já foi assaltado duas vezes. “Aqui é segurança zero. Uma vez, subia essa escada e no último degrau encostaram a faca em mim e levaram meu relógio. Em outra ocasião, voltava de uma festa com minha companheira, às 5h30, quando três caras cercaram a gente no subsolo”, lembra Juraci. Este ano, a estudante Adriany Xavier, 15, aprendeu uma lição no primeiro dia de aula, mas não foi na sala, e sim na escadaria do terminal. “Tenho que ficar mais atenta. Descia sozinha quando o bandido suspendeu a camisa dizendo que estava armado e me mandou passar o celular. Foi horrível”, relata. A colega dela, Ana Carolina Pereira, 15, teve um pouco mais de sorte, mas também já foi roubada. “Um cara estava atrás de mim e percebi que ele tentava abrir a minha mochila. Ele só conseguiu tirar uma caixa de misse (grampo de cabelo)”, comentou.
Risco de assaltos aumenta na Lapa após saída da Guarda Municipal
Até mesmo policiais militares que atuam na estação admitem que os usuários correm risco na Lapa. “Após as 19h, só um carro da 41ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) faz a ronda. Só esse carro passa por pelo menos 15 locais. Os bandidos sabem que a área está livre”, disse um PM, pedindo sigilo de identidade. Problemas No entanto, não é só a presença de bandidos que incomoda as pessoas que precisam passar pela Lapa para pegar um ônibus. “Tudo aqui só vive quebrando. Olha as goteiras!”, diz a adolescente Ana Carolina. Adriany complementa: “Já vi ratos, baratas... A estrutura é horrível”. Os sinais de degradação estão em cada canto da estação. Escadas alagadas, escadas rolantes quebradas, teias de aranha, lixo e odor de urina tornam a circulação dos usuários um tormento. Enquanto descia os degraus para o subsolo, a comerciante Maria das Graças Rosado, 60, estava tão irritada que desabafou. “Isso aqui é uma vergonha. Sou baiana e fico constrangida em ver a estação nessas condições. Estamos entregues ao lixo, ao mau cheiro e tenho até medo que isso aqui desabe”, disse. Já a ambulante Cristina Pereira, 49, afirma ter ficado doente pelo menos três vezes por causa das condições de higiene do terminal de transbordo onde trabalha diariamente. “Passei mal com o ar daqui e tive que ficar em casa me recuperando. É tudo muito abafado. Só venho porque preciso trabalhar. Não tenho outro local. É pedir a Deus que olhe aqui pra baixo”, afirma Cristina, resignada. Sentada numa cadeira, ela observa o movimento da estação e coleciona na memória flagrantes de usuários que se acidentam no espaço. “Semana passada, uma senhora caiu na escada e ralou o rosto todo. Esse tipo de coisa acontece sempre. Tudo porque as escadas rolantes não funcionam. Até pedaços do teto já caíram aqui”, diz Cristina. Quando esquece a estrutura para falar da segurança, é enfática: “Segurança? Aqui não tem. Somos nós mesmos”. Módulo policial foi atacado pelo menos cinco vezesA Lapa já contou com 30 homens da Guarda Municipal, mas, de acordo com a assessoria do órgão, os postos foram desativados nos terminais “em função das demandas de vandalismo ao patrimônio da cidade”. “Os agentes passaram a atuar através de rondas”, justificou. Sem guardas e com poucos PMs, até o módulo policial já foi atacado. “A porta e a cadeira estão quebradas. Não tem vidro. O módulo já foi arrombado pelo menos cinco vezes. Até o televisor foi roubado”, relata um PM. De acordo com o major Jutamar Oliveira, comandante da 41ª CIPM, as rondas com duplas de policiais são feitas até as 21h e há sempre um carro de prontidão. “Já existe um projeto de remodelagem do módulo, mas a dificuldade é da própria estação. A iluminação é precária”, avalia o oficial. Segundo o titular da Secretaria de Transportes e Infraestrutura (Setin), José Luiz Costa, amanhã será realizada reunião com representantes do Comando-Geral da PM e da Guarda Municipal, para elaborar um plano de segurança para a estação. Reforma da estação custa R$ 5 milhõesEntre a falta de segurança e de estrutura, o estudante Lincoln Albuquerque, 18, relatou as dificuldades que enfrenta sempre que precisa levar a irmã de 12 anos ao shopping. “Ela tem deficiência física. Como faz pra subir com a cadeira de rodas com as escadas rolantes quebradas e sem elevador?”, questiona. Quem responde é o titular da Setin, José Luiz Costa, que ontem esteve na Lapa avaliando as obras de manutenção que estão sendo realizadas na estação, orçadas em R$ 5 milhões. Ele estipula prazo de 90 dias para que as escadas rolantes voltem a funcionar e que até dezembro todos os serviços estejam concluídos. “Estamos na fase de impermeabilização e serão entregues novos banheiros no subsolo. Além disso, será instalada uma claraboia para melhorar a iluminação e a ventilação no subsolo”, afirma Costa. “Essa manutenção não é barata e está sendo reestruturada dentro da Transalvador”, diz. No quesito acessibilidade, Costa prevê que os elevadores da estação do metrô anexa à Lapa vão facilitar a vida dos cadeirantes que passarem pelo terminal. A questão é que não se sabe quando o metrô vai funcionar.

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