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SALVADOR

Ruas de Salvador têm problemas que viram armadilhas para motoristas

Retorno próximo à estação de tratamento da Embasa, no Lucaia, têm falhas técnicas. Sinuosas as curvas das proximidades do Dique do Tororó são outro convite ao acidente

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01/03/2012 às 8:44 • Atualizada em 07/09/2022 às 5:59 - há XX semanas
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Em uma prova de resistência. Assim se sente quem trafega pelas ruas de Salvador. Um buraco aqui, uma falta de sinalização acolá, um quebra-molas que, de tão alto, parece ambicionar mais do que as molas, além das curvas que desafiam as leis da Física e da Geometria. A capital baiana apresenta diversos não exemplos para estudiosos em Engenharia de Tráfego. Até o próprio superintendente de Trânsito e Transporte de Salvador, Alberto Gordilho, reconhece que a cidade tem sérios problemas de tráfego. “Salvador, por não ser uma cidade planejada e pelo seu perfil urbanístico, caracterizado por vias estreitas e calçadas fora dos padrões, apresenta, realmente, alguns problemas de engenharia”, avalia Gordilho. De tão acostumado ao “perfil urbanístico”, o soteropolitano já até considera a habilidade de fugir de ciladas como uma competência necessária para dirigir na cidade. “Percebo que, quando um iniciante no trânsito está diante dos muitos buracos da cidade, se atrapalha, e a chance de acontecer um acidente é maior. Mas quem dirige há tempo tem aprendido a improvisar diante desses problemas”, diz o motorista Ronaldo Vasconcelos, 52, que dirige em Salvador há mais de 30 anos.
Pontos críticosA pedido do CORREIO, o engenheiro Elmo Felzemburg, professor da Escola Politécnica da Ufba e especialista em trânsito e transporte, fez uma relação de locais onde o motorista corre grandes riscos. Segundo ele, o retorno próximo à estação de tratamento da Embasa, no Lucaia, por exemplo, está fora dos padrões técnicos recomendados. Ali é comum quem passa ver carros dentro da vala. Sinuosas as curvas das proximidades do Dique do Tororó são outro convite ao acidente. Os acidentes são frequentes na região e não raro os carros vão parar dentro da água. E o problema por ali não é novo. Vítima da emboscada do Dique, o engenheiro André Rocha, 55, reclama de desníveis no asfalto que tornam o local propício a acidentes. “É preciso corrigir esse desnível”, pede. “Há 13 anos, ouço gestores dizerem que vão fazer melhorias no asfaltamento da região”. Ele, porém, reconhece que estava acima da velocidade permitida no dia do acidente e se coloca como um exemplo de que é necessário atenção redobrada nos locais de maior incidência de acidentes. “Quem dirige em Salvador passa por muitos apertos por questões de organização do trânsito, mas o motorista também tem sua parcela de culpa”, afirma. Soluções Para André é “uma parcela”, mas para a Transalvador a culpa é quase toda do motorista. Uma pesquisa realizada pelo órgão, no ano passado, aponta que aproximadamente 95% dos acidentes que acontecem na cidade estão relacionados a imprudências ou imperícias dos condutores. “As pessoas também têm que se precaver e dirigir com atenção. Não é o poder público que vai ficar cuidando de tudo”, avalia Gordilho. Felzemburg reforça que a educação do motorista é importante, mas ele explica que os problemas do trânsito devem ser pensados no conjunto. “Se tivéssemos um sistema viário moderno, seguro, e um usuário de educação mais elevada, além de uma fiscalização e uma gestão de transporte eficientes, os acidentes certamente diminuiriam”. Para Elmo até a imprudência é exemplo de má gestão, defendendo que a engenharia de trânsito deve ser pensada para evitar a imprudência. “Não há fiscalização nem punição para os imprudentes. Além disso, há poucos obstáculos físicos que impeçam manobras indevidas”, avalia. A Paralela é a que registra mais acidentes e mortes na cidade, segundo a Transalvador. Os números são dos últimos dois anos. 1. Avenida Luiz Viana (Paralela) 390 acidentes, 17 mortes 2. Avenida ACM 238 acidentes, 8 mortes 3. Avenida Suburbana 209 acidentes, 16 mortes 4. Avenida Octávio Mangabeira (orla) 155 acidentes, 4 mortes 5. Avenida Vasco da Gama 154 acidentes, 2 mortes Ponto pode mudarO superintendente de Trânsito e Transporte de Salvador, Alberto Gordilho, afirmou ontem que a Transalvador estuda a possibilidade de mudar o local do ponto de ônibus onde uma mulher morreu, na manhã de terça-feira, na avenida Bonocô, depois que um carro desgovernado invadiu o passeio. Cinco pessoas ficaram feridas. “Estamos avaliando a necessidade de deslocar o abrigo, apesar de não acreditar que esteja em um local inseguro ou que serão frequentes acidentes ali. Até porque, aquele abrigo está naquele local há muitos anos e temos registro de apenas dois acidentes”, disse. No momento do acidente, o carro, dirigido por Soraia Souza, 45, estava dentro do limite permitido de velocidade da via. Soraia teria passado mal antes de perder o controle do veículo. Ontem, foi sepultado no Cemitério da Ordem Terceira do Carmo, em Baixa de Quintas, o corpo de Zenaide Silva de Oliveira, 35 anos, que estava no ponto de ônibus no momento do acidente e não resistiu aos ferimentos. Permanece em observação no Hospital Geral do Estado (HGE) Heloisa Helena Capinã, 62, com quadro de saúde estável. Heloisa também esperava a condução no momento do acidente. Os outros quatro feridos já receberam alta.

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