Mais de 300 mil pessoas curtiram os três primeiros dias de festa do Réveillon Salvador que marcou a virada de 2013 para 2014. O sucesso de público já faz a Prefeitura pensar no próximo evento e mantém a dúvida do local da festa em aberto. Volta para a Barra ou continua no Comércio? Em entrevista ao
iBahia, o secretário do Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, afirmou que existe a chance dos dois locais receberem grandes eventos da virada para 2015. "É uma possibilidade também. A gente está pensando em uma nova postura de grandes eventos na cidade", afirmou o secretário, que vê a Praça Cairu como um espaço consolidado para receber shows e outras celebrações. Segundo Bellintani, o local deve passar por reformas em breve e a nova estrutura prevê atenção especial a montagem do palco, por exemplo. Além disso, seria o início para uma revitalização do bairro do Comércio. O secretário também fez questão de frisar que investimentos na cultura não ficarão somente no âmbito dos grandes eventos. "A gente tem uma percepção muito clara de que toda a cidade no mundo trabalha com grandes eventos sem necessariamente abrir mão de políticas culturais consistentes, políticas culturais de base, que fortaleçam também vários outros movimentos culturais. A gente entra em 2014 com amplos recursos para a cultura, como o prefeito vai anunciar no começo de janeiro", adiantou.
Leia a entrevista na íntegraQual o balanço que você faz do Réveillon Salvador? Na Bahia a gente costuma dizer que tudo que acontece pela primeira vez e dá certo já vira tradição. A gente pode dizer que um réveillon deste tamanho já é a nova tradição de Salvador. Acho que a gente conseguiu organizar uma estrutura de serviços públicos do mais alto nível para população. Não houve impactos de engarrafamento, muito transporte público à disposição, ruas limpas no dia seguinte, banheiros com ar condicionado, segurança muito reforçada. Enfim, toda uma estrutura de serviços públicos que combinou com uma grade de grandes estrelas nacionais e locais, que fizeram um réveillon histórico para cidade de Salvador. Diria já que que esse é o maior réveillon da história de Salvador e mais do que isso é o maior evento da história de Salvador fora do Carnaval.
Como foi feita a escolha das atrações? A escolha foi diversificada. A gente buscou primeiro fortalecer imagens, ícones, símbolos, da nossa cultura local, como por exemplo os blocos afros, mas sem deixar de trazer novos nomes que vem se destacando no cenário soteropolitano, como Ju Moraes, BaianaSystem e Filhos de Jorge. Trazer não só os baianos que já tem uma projeção nacional como Gal, Gil e Caetano, mas também aqueles que fazem parte de uma cena brasileira como Paralamas do Sucesso e Nando Reis. Acho que essa cobertura é que deu o sucesso do evento, uma coisa bem variada que passa de Anitta a Pablo do Arrocha e faz com que o público consiga ver o que quer ver e conheça coisas que ele não costuma ver.
A Praça Cairu a partir de agora vai receber outros eventos? Sim. Essa é uma coisa que está muito clara para a gente. O evento foi uma aposta, o local do evento, houve muita desconfiança, mas a gente fez varias simulações. A gente acaba não divulgando tudo que a gente faz na hora de preparar um evento como esse, mas houve muito estudo, muita simulação, junto com a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Trânsito, a gente viu claramente que aqui é um lugar aberto, com vários acessos, e tipos de acessos diferentes, acessos de pedestres pelas ladeiras, Elevador, acessos para carros e ônibus, não só pela Avenida Contorno e Vale do Canela, mas sobretudo pela parte do Comércio, Terminal da França, Cidade Baixa, Túnel Américo Simas. Quer dizer, é um sucesso. O próximo passo é qualificar cada vez mais os eventos realizados aqui. Uma coisa é certa, a gente lança em fevereiro a licitação de reforma da Praça Cairu e nessa reforma já vai estar o ponto de iluminação do palco, o local onde vai ser encaixada a tubulação do palco... A Praça Cairu vai ser montada para receber grandes eventos na sua própria infraestrutura. Teremos uma nova região, um novo espaço para grandes eventos em Salvador, desafogando um pouco a Barra, que é um pleito antigo dos moradores. Lógico que não vamos sair da Barra. O Farol tem um elemento emblemático e é outro espaço importante. Acabou-se de criar um outro espaço para grandes eventos na cidade.
Outra região do Comércio passará por intervenção? A gente está com um estudo bem avançado de projeto arquitetônico de todo esse frontispício da Ladeira da Conceição. O que é isso? É o pé da Ladeira da Montanha que vai até a Ladeira da Preguiça. É uma massa que ultrapassa 50 mil metros quadrados, simbólica e importante para o futuro da cidade. A gente olha os casarios e ouve sugestões como "seria legal pintar para deixar mais bonito". Pintura não é o bastante. A gente não quer isso, mas a gente quer uma dimensão de transformação. Logicamente, usando como elemento central todo patrimônio histórico aqui desenvolvido, que tem construções dos séculos XVIII e XIX, até do século XVII. Nossa ideia vai além da Praça Cairu. Daqui que a gente começa a mudança do Centro Histórico de Salvador.
Já dá para dizer onde vai acontecer a próxima festa de réveillon em Salvador? Não. ainda não dá para dizer nada. a gente tem que ser muito cauteloso em relação a isso. A gente tem que ter claro, ter a percepção exata do sucesso que foi, mas saber que a Barra tem seu símbolo, sua história. Vamos estudar bem para fazer o evento do ano que vem. Certamente Salvador terá mais um grande réveillon, Onde a gente ainda não sabe.
É possível que, como no Carnaval, o Réveillon Salvador tenha dois "circuitos"? É uma possibilidade também. A gente está pensando em uma nova postura de grandes eventos na cidade. A gente tem uma percepção muito clara de que toda a cidade no mundo trabalha com grandes eventos sem necessariamente abrir mão de políticas culturais consistentes, políticas culturais de base, que fortaleçam também vários outros movimentos culturais que não pertençam a música. Salvador viveu uma grande época em que praticamente se fazia uma coisa ou outra. A gente está saindo de uma fase de uma cidade monotemática de produção de únicos conteúdos. A gente está mostrando que é possível fazer grandes eventos sem abrir mão, como a gente entra em 2014 com amplos recursos para a cultura, como o prefeito vai anunciar no começo de janeiro. E dizer claramente que Salvador merece uma uma política cultural, de eventos, de turismo, a dimensão da sua altura e da sua importância para o mundo. Fazer grandes eventos, trazer o eixo de entretenimento cada vez mais fortalecido, isso atrai cultura, turismo, sem esquecer de fenômenos que acontecem na base da cidade, na periferia e outros lugares.