Antes mesmo da sua execução, o projeto Arena Castro Alves, que faz parte das obras de revitalização do Centro Antigo e tem como proposta requalificar a Praça Castro Alves, está rendendo muita discussão. O anteprojeto da arena, que ficará entre a Rua do Sodré e a Ladeira da Preguiça e está orçado em R$25 milhões, foi motivo de muitas críticas nas redes sociais e provocou a abertura de uma petição pública contra o empreendimento.
Segundo a Secretaria de Turismo do Estado (Setur), a proposta de requalificação da área já teria sido apresentada à população em uma das cinco audiências públicas realizadas pelo Governo do Estado. Após a apresentação, no entanto, foi criado um abaixo-assinado contra a criação da Arena que já reuniu até esta quarta-feira (16) cerca de 1.170 assinaturas direcionadas à Setur. Acordo Em busca de um acordo com os moradores e comerciantes do local, o secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, orientou os técnicos da Setur e Bahiatursa a marcar uma nova reunião para uma reapresentação do anteprojeto da Arena Castro Alves à comunidade. Segundo Leonelli, o projeto irá favorecer aos moradores da região que, para ele, se tornou um local degradado com a invasão da área para a construção de barracos e servindo de ponto de consumo de drogas, mas, afirmou que será feita a vontade da maioria. “Se a petição pública contra a implantação da arena representar a vontade da maioria, não teremos dificuldade de retirar o projeto e aproveitar o recurso em outro lugar", ressaltou.
Para o secretário, antes da recusa do projeto, seria mais vantajoso conhecer melhor a proposta. "Longe de contribuir para a confusão, bagunça e sujeira, como dizem os que estão protestando. A arena funcionará como ponto de contemplação de espetáculos de música e teatro, de mostras de artes plásticas, de forma limpa, organizada e não poluente”, explica. Já para o coordenador e idealizador do Espaço Cinema Glauber Rocha (localizado na Praça Castro Alves), Claudio Marques, o projeto é desnecessário, onde se deveria potencializar a programação cultural dos espaços no entorno da praça. "Precisa valorizar os espaços já existentes, com uma boa programação que contenha pequenos shows e feiras. A revitalização deveria ser para transformar o local em um lindo ponto de encontro de baianos e turistas", ressaltou.
De acordo com Marques, em 2012, a Praça ficou fechada 32 dias para eventos, o que dificultou o funcionamento dos espaços na região, devido a alteração no trânsito e a grande concentração de pessoas. "Não tem espaço para estacionar e o trânsito fica infernal. Com a arena, isso vai acontecer todo final de semana e os espaços vão acabar fechando as portas", alertou. Marques não acredita que a Praça Castro Alves deva comportar um espaço para shows gigantescos, mesmo que milhares de vagas para carros sejam criadas. Ele não acha que seja essa a vocação da área nem de nenhum Centro Histórico. Ao saber da reapresentação do projeto, Marques, que é contra a arena, disse que fica feliz e espera uma solução. Enquanto isso, o projeto que já tem destinado pelo Ministério do Turismo, o valor de R$ 10 milhões, aguarda o parecer final do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com a Setur, o investimento restante deverá ser liberado após a fase de projeto e licitação da obra. Leia a Petição Pública na íntegra "Nós, abaixo-assinados, vimos, através desta, protestar contra a construção da arena para shows e outros eventos no entorno da Praça Castro Alves, no Centro Histórico de Salvador. O anteprojeto da arena, que ficará entre a Rua do Sodré e a Ladeira da Preguiça, prevê que ela comporte cinco mil pessoas, e a Secretaria de Turismo da Bahia, responsável pelo projeto, está aguardando o parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para iniciar o processo da obra. A arena deve custar R$25 milhões, e já foram empenhados R$10 milhões através do Ministério do Turismo. O centro histórico de Salvador precisar ser revitalizado. Além dos cines-teatros da região, o complexo cultural dos Barris, que compreende sala de cinema, teatro, galeria e biblioteca pública, está sucateado. Temos espaços públicos, no Pelourinho e adjacências, que poderiam funcionar como espaços culturais e detonadores de uma revitalização que, seguindo a etimologia da palavra, traria mais vida, vida inteligente, interessada, diversificada e constante ao centro histórico. Uma arena dessas proporções irá fortalecer o folclore da cidade das festas, traria confusão, bagunça e sujeira, ainda mais, para uma região já em franca decadência e degradação. Além disso, traria um transtorno para os espaços culturais da região, como o Espaço Cultural da Barroquinha, o Espaço Glauber Rocha, bem como hotéis, restaurantes e o comércio local, nos dias que estes mais têm presença da população em seus espaços."
“Se a petição pública representar a vontade da maioria, não teremos dificuldade de retirar o projeto" |
"Precisa valorizar os espaços já existentes" |
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