Imagine a cena: uma família de seis pessoas vai toda almoçar no Shopping Barra, em pleno domingo. Lá se foram umas quatro horas, pelo menos... “E viemos em dois carros”, conta o aposentado Nilzon Spíndola, 68 anos. Mas só foi assim até ontem. Nesta segunda-feira (22, com o início da cobrança pelo uso dos estacionamentos na maioria dos shoppings da cidade, ele diz que a conversa vai ser outra. “Acho essa cobrança extorsiva. Agora, vou ter que vir com o carro lotado e ratear (o valor do estacionamento) entre todo mundo”, brinca.
A irmã, Gildete Spíndola, já tem até a solução. “Tudo vai ser com mais disciplina, até o tempo gasto aqui”, diz. Disciplina é uma coisa que a aposentada Grácia de Araújo, 67, vai precisar exercitar. Três vezes por semana, ela sai do Caminho de Areia para o Shopping Barra. Chega – sempre de carro – por volta de 13h, almoça, dá uma olhada nas lojas... Só vai embora lá pelas 18h ou 19h. “Vou começar a vir de ônibus. Só que, com esse perigo de assaltos, vou me policiar para ir embora mais cedo.”, conta.
Assim como o Barra, os shoppings Salvador, Salvador Norte, da Bahia, Lapa, Paralela e Piedade já contavam com guichês de pagamento desde ontem. Panfletos, cartazes e até mensagens de voz nas catracas avisavam que a cobrança começaria hoje. Como garantido pela prefeitura, via acordo com shoppings, o estacionamento poderá ser usado por até 30 minutos sem que haja cobrança. “Estava achando que seria hoje (ontem) e falei com minha filha para ver se tinha começado aqui. Se tivesse, ia no Salvador Shopping, porque sabia que começaria só amanhã (hoje)”, disse o autônomo Marx Henrique, 46, que aproveitou para fazer compras no Shopping da Bahia com a filha. A professora Núbia Oliveira, 50, que costuma ir aos centros de compras três vezes por semana, tenta ser otimista. “Espero que venha com benefícios, como a melhora da segurança e da fiscalização para vagas para idosos”. No Salvador Shopping, a estudante de engenharia química Lorena Monteiro, 20, e o namorado, o estudante de física Mateus Tosatti, 20, já pensam em outros programas para o final de semana. “Não tem muitas alternativas. A opção vai ser a orla da Barra”, diz Lorena.
Ainda assim, o coordenador regional da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce), Edson Piaggio, espera que o público não tenha problemas. “O baiano já está acostumado a pagar por estacionamento quando vai a clínicas, a escritórios, ao Mercado do Rio Vermelho... O shopping já cuidava dos carros sem cobrar. Agora, a justiça corrigiu essa distorção, porque é assim em qualquer capital”, pontua.
Nilzon e família vão mudar os hábitos |
Avisos da cobrança foram colocados no acesso aos estacionamentos |
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