O fato de ter comandado a operação no Nordeste de Amaralina que terminou com a morte do garoto Joel da Conceição Castro, 10 anos, na noite de 21 de novembro do ano passado, não foi suficiente para que o tenente PM, Alexnaldo Santana Souza, perdesse o prestígio junto a cúpula da Polícia Militar. Há 18 dias, o oficial atuava como subcomandante da Base Comunitária do Nordeste de Amaralina, mesmo bairro onde o menino foi morto. Só ontem, após ser procurada pela reportagem do CORREIO para comentar o fato, a SSP decidiu afastar o tenente da função. Alexnaldo será substituído pelo tenente Henrique da Cruz Alves. Atualmente, Alexnaldo responde pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, com agravante por se tratar de menor de 14 anos. Além do tenente, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou à Justiça pela morte de Joel, o soldado Eraldo Menezes de Souza - acusado de ser o autor do disparo que atingiu o garoto na cabeça -, e os PMs Robson dos Santos Neves, Paulo José Oliveira Andrade, Nilton César dos Reis Santana, Luís Carlos Ribeiro Santana, Juarez Batista de Carvalho, Leonardo Passos Cerqueira e Maurício dos Santos Santana. Na época, os PMs eram lotados na 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).Todos eles respondem pelo mesmo crime.
JustiçaAnteontem, a primeira audiência do julgamento do caso foi realizada na 2ª Vara do Júri do Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré. Os acusados ficaram em uma sala reservada, exceto Alexnaldo que, segundo o promotor de Justiça David Gallo, não compareceu ao Fórum e enviou um atestado médico. “Na audiência, pedi ao juiz da 2ª Vara (Ernani Garcia Rosa) que recomendasse ao Comando da PM o afastamento dos envolvidos das atividades nas ruas. O magistrado deferiu. O entendimento é para que o processo seja preservado. Mesmo que eles não ofereçam riscos, as testemunhas devem se sentir livres para depor”, ressalta Gallo. Apesar de saber que os PMs estão em atividade, o promotor de Justiça reagiu com surpresa ao tomar conhecimento que Alexnaldo era subcomandante da Base Comunitária. “Não sabia desse detalhe. Um tenente que é réu em processo ocupar um cargo como este é um absurdo. Ele responde a um processo de natureza muito grave para ganhar uma promoção. É uma situação inaceitável. Responde por homicídio e ainda ganha um prêmio”, diz Gallo. Os PMs foram afastados das das atividades ostensivas em janeiro, durante a fase de instrução do Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Mas voltaram às ruas. Eles foram remanejados para outras companhias. Segundo o pai do garoto, o mestre de capoeira Joel Castro, eles se preparavam para dormir na noite de 21 de novembro quando Joel foi atingido na cabeça por um disparo que atravessou a janela do quarto. Ele contou que os PMs teriam se recusado a prestar socorro à criança. “Foi uma bala direcionada para a casa da família de Joel. Não foi bala perdida ”, disse o advogado da família, Maurício Freire. A Base Comunitária de Segurança, onde o tenente atuava até ontem, visa promover a segurança e a convivência pacífica em localidades identificadas como críticas, melhorando a integração das instituições de Segurança Pública com a comunidade local. As três bases do Nordeste foram inauguradas em setembro. As bases foram instaladas no no Beco da Cultura, Nordeste de Amaralina; na rua Coréia do Sul, na Chapada do Rio Vermelho; e na rua Nova República, na Santa Cruz.
Em frente ao Fórum, familiares e amigos pediram Justiça durante audiência |
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