icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
SALVADOR

Todo mundo quebrado: Elevador Lacerda para e usuários usam ônibus ou o próprio fôlego

Quem optou por usar os ônibus da Transalvador teve que encarar filas

foto autor

27/08/2011 às 9:29 • Atualizada em 31/08/2022 às 10:13 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
As cidades alta e baixa, antes separadas apenas por R$ 0,15 e 22 segundos de travessia, estão mais distantes do que nunca. O Elevador Lacerda, que tinha duas cabines paradas há 20 dias, desde quinta-feira parou de funcionar totalmente, após uma pane obrigar a paralisação das outras duas cabines. Como os planos inclinados Gonçalves e Pilar também descansam em paz há meses, a população e os turistas têm que se virar em paciência ou aproveitar para fazer um exercício forçado. “É inaceitável estarmos a 22 segundos da Cidade Baixa e fazer um trajeto de 20 minutos de ônibus para chegar ao Comércio”, reclamou a servidora pública Tatiana Aranha, referindo-se aos ônibus que a Transalvador disponibilizou. “São três veículos convencionais e seis micro-ônibus, além de duas equipes trabalhando para monitorá-los. Eles são oferecidos à população gratuitamente”, afirmou o gerente de fiscalização de transportes da Transalvador, Valdemar Nascimento. Pelo que a equipe do CORREIO constatou ontem, o serviço funciona. Mas conforto é outra história... Além de haver filas tanto na Praça Municipal quanto na Cayru, o buzu virou chacota. “Chegou a lata de sardinha. Vixe Maria! Olha que situação! Isso é uma vergonha”, bradou um passageiro ao ver um ônibus chegar. Por conta disso, há os que prefiram gastar a sola do sapato. É o caso do administrador Cleber Souza, que, para não chegar atrasado no trabalho e sem paciência para esperar os ônibus, seguiu a pé. “Subir a Ladeira da Conceição é mais rápido e menos estressante do que ficar em uma fila aguardando a saída de um transporte lotado. A demanda é imensa e quem sempre acaba pagando é a população”, desabafou.O motorista Jaime Coutinho também preferiu usar os pulmões. “Como ontem (quinta) o tumulto foi grande, hoje (ontem) preferi não arriscar”, destacou o motorista Jaime Coutinho, 28 anos, que, para não enfrentar ônibus cheio, preferiu caminhar da Lapa até o Comércio.TurismoO transtorno certamente marcará a visita do turista francês que, ontem de manhã, debaixo de um sol inclemente, descia todo carregado de malas a Ladeira da Conceição da Praia a pé. Quem vive do turismo reclama. “Nosso trabalho sai prejudicado, pois vivemos dos cartões-postais e da história da Bahia. O turista quer ver o elevador e sai frustrado”, relatou o guia José Jorge.A turista de Goiânia Paula Tavares desistiu de visitar o Mercado Modelo ao saber que o Elevador Lacerda estava quebrado. “É um descaso da prefeitura. Não vou me submeter a pegar esses ônibus, até porque nossa visita é curta e prefiro visitar lugares mais próximos, como o Terreiro de Jesus”, disse. Já Inês Moura, que veio de Minas Gerais para conhecer o elevador, deixa o cartão-postal desapontada. “Estou hospedada na Praia do Flamengo. Demorei uma hora para chegar aqui e andar no elevador e me deparo com seu fechamento. É decepcionante”. Conserto O diretor executivo de transportes da Transalvador, Marcus Flores, explica que apenas duas cabines do elevador - que transporta cerca de 20 mil pessoas por dia - estão quebradas. “Por recomendação da empresa que faz a manutenção, quando uma cabine está parada a outra não deve funcionar por medida de segurança, porque se a cabine parar de funcionar não temos como resgatar os passageiros”, diz. “Uma tem problema no motor e a outra foi apenas uma peça que quebrou”. Paradas há 20 dias, as cabines 3 e 4 só devem voltar a funcionar no dia 25 de setembro. Já as cabines 1 e 2, que não operam desde quinta-feira, voltarão a funcionar em até cinco dias, segundo Flores.Ele conta que há um projeto de reforma do elevador, que não passa por reestruturação há dez anos. “A Otis (empresa que faz a manutenção) apresentará orçamento e projeto à Transalvador na próxima quarta-feira”, afirma Flores. Enquanto isso, o sobe e desce de ônibus e pessoas entre as cidades alta e baixa continua. “Como dizem, para descer todo santo ajuda. Mas, para subir... aí fica difícil. Fazer o quê? Tem outro jeito?”, desabafa o comerciante Antônio Silva.Plano Pilar parado desde o final do ano passado As 500 pessoas que dependiam do Plano Pilar para deslocar-se diariamente entre o Comércio e o Santo Antônio Além do Carmo também tiveram a mobilidade limitada desde o final de 2010. “Para subir, só a pé mesmo. Tem muito idoso que mora por aqui, mas desiste do percurso por causa desse empecilho. O povo reclama, mas até hoje não resolveram nada”, afirma o cabeleireiro Adson Brito. Na rua que dá acesso ao Pilar, no Comércio, sobraram apenas lava-jatos e duas lojas. Os lojistas relatam que o local transformou-se em ponto de drogas. “Aqui antes circulavam turistas que vinham de navio e subiam diretamente o Pilar. Hoje, quase não há gente circulando por aqui e há muita insegurança”, relata outro comerciante. A Transalvador diz que o Pilar parou de funcionar por problemas técnicos e por falta de funcionários. “O contrato com a empresa terceirizada acabou, mas a Secretaria Municipal de Planejamento já está contratando outra empresa e em setembro teremos o quadro de funcionários restabelecido”, afirma o superintendente do órgão, Alberto Gordilho. Segundo ele, no dia 30 de outubro, o Plano voltará a funcionar. Plano Gonçalves sem previsãoParado há sete meses, desde que a Defesa Civil condenou um edifício ao lado, o Plano Inclinado Gonçalves está distante de voltar a funcionar e hoje virou abrigo para mendigos e usuários de drogas. A Transalvador - órgão da prefeitura responsável pela operação do órgão - diz que já tem planos de reforma para o transporte, mas não pode fazer nada antes de o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) viabilizar a reestruturação do prédio vizinho. “A recomendação (de paralisar o funcionamento do equipamento) foi dada porque há uma fissura enorme que pode provocar um desabamento, o que causa risco aos usuários do Plano Gonçalves. Mas, como é área tombada, só o Iphan pode determinar qualquer coisa”, afirma o diretor de Transportes da Transalvador, Marcus Flores. Ele diz ainda que o laudo técnico realizado pelo instituto sobre o problema só chegou na Transalvador há dez dias. Enquanto isso, na terça-feira, técnicos da Transalvador se reuniram com a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba). “Eles (a Escola Politécnica) ofereceram entregar um estudo gratuitamente em 40 dias. Se, até lá, o Iphan não decidir nada, caberá ao superintendente da Transalvador determinar o que será feito”, afirma. O CORREIO procurou o Iphan para comentar o assunto, mas o órgão não respondeu os contatos. Com a lentidão em resolver o problema, quem sofre são os comerciantes da região do Comércio. “Trabalho aqui há 58 anos e nunca vi o Plano Gonçalves parado por mais de um mês. As vendas caíram cerca de 70%. Antes, vendíamos muito para turistas e moradores que desciam o Plano”, relata o lojista Manoel Cardoso. Já o proprietário do restaurante Poliana, Antônio Pinheiro, diz que se o transporte continuar fechado por muito tempo ele será obrigado a fechar as portas. “Há 15 dias demiti dois funcionários. Antes vendia 340 almoços e hoje não passo de 200. Os turistas que vêm de navio e param aqui no Comércio passavam aqui para comer antes de subir o Plano e ir ao Pelourinho. Isso não acontece mais. Não sei como sustentarei meu negócio”, lamenta. A Transalvador garante que um projeto da empresa Otis para reformar o Elevador Lacerda também contempla trocar o maquinário do Plano Gonçalves.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Salvador