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SAÚDE

Autoestima x câncer de mama: saiba tudo sobre reconstrução de aréolas, procedimento que tem ganhado espaço no mercado estético

Saiba mais sobre procedimento também conhecido como micropigmentação de aréolas

Victoria Dowling • 24/10/2022 às 11:12 • Atualizada em 25/10/2022 às 15:07 - há XX semanas

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					Autoestima x câncer de mama: saiba tudo sobre reconstrução de aréolas, procedimento que tem ganhado espaço no mercado estético

"Autoestima", segundo o dicionário Michaelis, pode ser entendido como um sentimento de satisfação e contentamento pessoal. Mas em meio aos padrões impostos pela sociedade e reforçados pela internet, se sentir bem - tanto psicologicamente, quanto fisicamente - pode ser um verdadeiro desafio.

Para quem passa por uma doença que deixa marcas na pele e no corpo, a busca pela reconstrução da autoestima se torna ainda mais desafiadora.

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E em meio ao Outubro Rosa, mês dedicado à luta contra o câncer de mama, que abre ainda mais espaço para diálogos direcionados a quem sofre pela doença, a autoestima e o bem-estar precisam ser pautados. Afinal, existem procedimentos que podem auxiliar na (re)construção da autoestima de mulheres acometidas pelo câncer de mama.

Não só existem, como um deles vem ganhando destaque no mercado estético: a reconstrução de aréolas. Para destrinchar e sanar todas as dúvidas sobre o procedimento, o iBahia conversou com a especialista da técnica, Juliana Velanes, e também com o médico oncologista, Dr. Daniel Britto.


				
					Autoestima x câncer de mama: saiba tudo sobre reconstrução de aréolas, procedimento que tem ganhado espaço no mercado estético

O que é e como é feita a reconstrução de aréolas?

A primeira dúvida sobre a reconstrução ou micropigmentação de aréolas costuma ser sobre o quê se trata esse procedimento. De acordo com Dr. Daniel, "é uma das opções para ressignificação ou reconstrução, após as cirurgias oncológicas mamárias, principalmente, após as mastectomias sem preservação do complexo areolopapilar (aréola e mamilo)".

O método, que utiliza pigmento parecido ao usado em tatuagens, pode ser feito através de duas formas diferentes:

"A primeira delas é a reconstrução completa ou total, em que nós iremos a partir de uma pele sem qualquer vestígio de aréola, pigmentar uma aréola totalmente pintada, uma aréola totalmente artificial", começou Juliana.

"Essa primeira hipótese é normalmente por conta da retirada e reconstrução da mama. Você pode reconstruir com a pele do torço, das costas ou com uma parte da pele inguinal. E como não tem como preservar a parte da auréola, ela fica perdida e a gente desenha novamente", continuou.

Já a segunda abordagem exerce o papel uniformizar o visual da pele. "A outra possibilidade é recompor partes da aréola que foi perdida, que pode ter sido perdida por algum procedimento cirúrgico. Exemplo: a pessoa vai colocar prótese mamária e fazer a suspensão da mama e, nesses casos, o médico normalmente faz a incisão em volta da auréola retira", afirmou a profissional de estética.

"Após a cirurgia, ele recoloca aréola e esse contorno areolar muitas vezes fica disforme. Ou seja, fica com uma cicatriz visível, o que incomoda algumas mulheres. Então, a gente tem essa possibilidade de fazer o complemento", disse.

Toda mulher acometida pelo câncer de mama pode realizar o procedimento?


				
					Autoestima x câncer de mama: saiba tudo sobre reconstrução de aréolas, procedimento que tem ganhado espaço no mercado estético

Caso seja da vontade da paciente reconstruir a mama através da micropigmentação, o oncologista recomenda fazer o procedimento, pelo menos, três semanas antes do início da quimioterapia ou, ao menos três meses após a finalização das sessões de quimioterapia/radioterapia.

Em contrapartida, a esteticista opta por esperar seis meses após a cirurgia ou o ciclo de quimio para realizar a reconstrução. De acordo com ela, durante a quimioterapia, a pele sofre com alterações no processo de cicatrização - o que a deixa ainda mais sensível. Vale ressaltar que a profissional sempre solicita a liberação médica e busca estar alinhada com a equipe da paciente.

Quando o assunto é contraindicações, o médico pontuou alguns grupos que precisam tomar cuidados especiais antes de fazer o procedimento: "existem algumas condições relacionadas a paciente e relacionados a doença que precisam ser atentadas. Pacientes que já possuem histórico de dermatites (principalmente de contato) ou determinadas doenças auto-imunes (como Dermatomiosite, Lupus, Behçet, dentre outras) apresentam chance considerável de apresentar complicações, desde processos inflamatórios a reações mais intensas".

Pessoas que apresentem toxicidades tardias/persistentes a radioterapia (epitelites, radiodermites) ou complicações pós operatórias também precisam se atentar. Em casos como esse, é recomendado uma maior espera para controle (quando possível) ou mesmo, em alguns casos, não se recomenda a realização.

Uma outra dúvida que pode ter chegado à sua mente é quanto aqueles que estão em nível de metástase - quando as células cancerosas soltam do tumor original, vão para outras partes do corpo e formam novos tumores, segundo a Pfizer. É possível recorrer à micropigmentação areolar?

"Sim, é possível. A realidade do câncer de mama metastático é diferente na grande maioria dos casos hoje em relação a 15-20 anos atrás. O tratamento e a manutenção da qualidade de vida é uma combinação possível e, em determinados casos, por muitos anos, inclusive com opções de tratamento com drogas não quimioterápicas, em determinadas situações. Os mesmos cuidados e ressalvas são igualmente importantes, sejam relacionadas a paciente ou ao tratamento proposto", esclareceu Dr. Daniel Britto.

Existem diferenças entre a micropigmentação e a tatuagem?

Utilizar de um pigmento com o intuito de deixá-lo permanentemente na pele é um ponto em comum da reconstrução de aréolas e da tatuagem, mas isso não significa que ambos processos são iguais.

"As tintas são bem parecidas, mas a da micropigmentação é, quimicamente falando, ligeiramente diferente da tinta de tatuagem. Esse procedimento pode ser feito com qualquer das duas tintas. A técnica aplicada pelo profissional é o que vai dizer qual dos dois produtos é o mais indicado", contou Velanes.

Máquinas e agulhas próprias para tatuagem podem ser utilizadas no procedimento, como é o caso do método adotado por Juliana. "A máquina de tatuagem tem uma potência, em termos de rotação do motor, mais alta do que o da micropigmentação, porque ela precisa alcançar a hipoderme, que é a camada mais profunda da pele".

Apesar disso, a profundidade da agulha é uma diferença crucial. "Do ponto de vista da profundidade, é um procedimento que visa ser permanente, né?! A pessoa não quer ficar retocando a cada seis meses, então é um procedimento de micropigmentação porque é delicado. Inicia a superficialmente, mas a gente tem que ir com muito cuidado sobre essa pele no caso da reconstrução total, porque é uma pele que não tá acostumada a receber esse tipo de invasão", explicou.

Juliana também afirmou que um dos primeiros passos é esboçar a estrutura na pele, observar como a derme cicatriza e a partir disso ir aprofundando. Esse é o principal motivo pelo qual o procedimento não é feito em apenas uma sessão - em média, é necessário três sessões.

Cuidados necessários antes e depois da micropigmentação

Antes

  • manter a pele muito bem hidratada - loções hidratantes e óleos vegetais são mais do que bem vindos
  • evitar bebidas alcoólicas uma semana antes do procedimento

Depois

  • proteger a área pigmentada do atrito. Dica: adesivos curativos próprios para o pós são os mais indicados e garantem conforto
  • evitar sutiãs de renda ou lingeries com costura

Benefícios do procedimento e autoestima

Juliana Velanes acredita que o principal benefício da reconstrução de aréolas é a recuperação da autoestima. "Durante o processo do câncer, a mulher já sofreu tanto com o cabelo, o corpo, as medicações… A agressão é tão grande ao corpo que a autoestima fica muito abalada. Se ver no espelho sem essa parte do corpo é muito forte, muito impactante".

"As clientes se emocionam muito ao verem a aréola reconstruída", completou. "É extremamente gratificante. Além de de ser mulher, além de ser mãe, além de ter a questão do meu lado feminino, como profissional, ver o olhinho da pessoa brilhando ao olhar para mama e vê-la reconstruída. Não tem, sinceramente, preço que pague".

"A gratidão da cliente é o melhor o nosso melhor pagamento. Você saber que tocou aquela pessoa de alguma forma e que ela não vai se esquecer de você, que ela vai levar você nos melhores pensamentos dali para frente... Porque você ajudou ela a reconstruir a reconquistar algo que é tão íntimo, que a autoestima", finalizou a esteticista.

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