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SAÚDE

Nova evidência sugere que mosquito comum pode transmitir zika

Agora, a detecção aconteceu em espécimes selvagens, capturados em residências no Recife

Redação iBahia • 10/08/2017 às 9:45 • Atualizada em 29/08/2022 às 1:41 - há XX semanas

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Combater o Aedes aegypti pode não ser suficiente para conter o avanço do zika, sugere um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico “Emerging Microbes & Infections”, do grupo Nature. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) encontraram cepas do vírus em mosquitos Culex quinquefasciatus capturados na zona metropolitana de Recife, e análises do genoma nessas amostras indicam potencial para replicação e, consequentemente, infecção de humanos.

Não é a primeira vez que o Culex quinquefasciatus — o mosquito mais comum nas zonas urbanas do país — surge como suspeito na transmissão do zika. Esse mesmo grupo de pesquisadores da Fiocruz publicou ano passado uma versão preliminar desta pesquisa, que descobriu a presença do vírus nas glândulas salivares e na saliva de exemplares deste mosquito que foram infectados artificialmente. Agora, a detecção aconteceu em espécimes selvagens, capturados em residências no Recife.


A análise do genoma parcial das cepas dos vírus identificou que eles são capazes de se replicar no interior do mosquito e alcançar a glândula salivar. Utilizando cartões especiais de coleta, os pesquisadores também identificaram a presença de partículas do vírus na saliva dos mosquitos, o que indica a possibilidade de transmissão em picadas em humanos.

A literatura científica sobre o tema é controversa, com alguns estudos indicando a possibilidade de transmissão, e outros negando. Uma pesquisa publicada em setembro do ano passado demonstrou que Culex quinquefasciatus capturados no Rio de Janeiro não conseguiam carregar duas cepas do zika que circulam na cidade, mesmo em tentativas de infecção artificial. Outro estudo, realizado na China, demonstrou que mosquitos coletados em zonas urbanas daquele país eram capazes de serem infectados pelas cepas locais do zika e transmitir o vírus para camundongos.

Combinação entre mosquito e tipo de vírus

“Esses resultados controversos são esperados e devem estar relacionados a diferenças na combinação do mosquito e os genótipos dos vírus utilizados nos ensaios”, especulam os pesquisadores.

Para a coordenadora do estudo, Constância Ayres, o artigo demonstra, “de diversas formas diferentes”, a possibilidade do Culex quinquefasciatus ser um dos vetores do zika em Recife. Gabriel Wallau, que também integra a equipe, considera que o estudo demonstra, “com dados consistentes”, que o zika consegue se replicar dentro do organismo do mosquito e que existem insetos dessa espécie infectados na cidade.

Além disso, os vírus isolados dos mosquitos capturados são geneticamente semelhantes aos que foram previamente sequenciados a partir de amostras coletadas de pacientes infectados. Segundo Wallau, responsável pelo sequenciamento, a semelhança era esperada por se tratar de uma linhagem que estava circulando no estado de Pernambuco, mas mutações detectadas garantem que não houve contaminação no laboratório.

“Nossos resultados indicam que as estratégias de controle de vetores tenham que ser reexaminadas já que a redução das populações de Aedes aegypti talvez não levem a uma redução na transmissão do zika se populações de Culex quinquefasciatus não forem afetadas pelas medidas de controle”, sugerem os pesquisadores. “No momento, não existe nenhum programa amplo para o controle do Culex quinquefasciatus no Brasil”.

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