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Pesquisa mostra que quase metade dos jovens já provou cigarro

Na semana em que se comemorou o Dia Mundial de Combate ao Tabagismo, médicos alertam para o consumo entre jovens e o impacto na saúde física e mental

• 03/06/2012 às 15:34 • Atualizada em 26/08/2022 às 19:47 - há XX semanas

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Os pais eram fumantes e mesmo sabendo que o hábito representava um dano para saúde, nunca havia pensado seriamente no impacto que inspirar e expirar a fumaça do cigarro traria para sua vida. Aos 16 anos começou a fumar também. Na época, a mãe e o pai tentavam parar e alertaram para o problema, mas ela dizia que poderia parar a qualquer momento. Era só querer. A primeira tentativa séria aconteceu quando engravidou. Conseguiu ficar longe dos maços de cigarro por quase dois anos, mas o estresse do trabalho com o universo da moda a colocou novamente em contato com a dependência. Enquanto essa reportagem estava sendo produzida, Natália Menezes, 27 anos, está fazendo mais uma tentativa e, dessa vez, decidiu apelar para o acompanhamento médico e o uso de remédios. “Não quero que meu filho aprenda a fumar. É incômodo e vergonhoso fugir dele para manter uma rotina que é prejudicial para mim”, completa. Juventude Um estudo realizado pelo Sistema Global de Vigilância do Tabaco (Vigescola) na capital baiana observou que 46% dos adolescentes já experimentaram o cigarro e que 9,5% deles fumam habitualmente. Em 2009, o coordenador da residência em clínica médica do Hospital Espanhol, o pneumologista Adelmo Machado Neto pesquisou 15 regiões administrativas na cidade de Salvador para concluir sua tese de doutorado e percebeu que, independente da classe social ou do nível econômico, 40% dos jovens que já provaram cigarro permanecem usando o tabaco. “É claro que houve uma mudança no consumo do tabaco quando comparado à décadas anteriores, no entanto, eles ainda continuam fumando muito e isso tem um impacto importante na saúde física e mental dessas pessoas”, pontua Machado. Coração De tão importante, o assunto ganhou uma sessão especial durante a realização do 24º Congresso de Cardiologia do Estado da Bahia, realizado esse final de semana, em Salvador. “O tabagismo é um dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, que envolvem o coração e os vasos sanguíneos, além do comprometimento físico e neurológico”, diz o médico e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia-secção Bahia, Nilvado Filgueiras. Nas palavras do cardiologista, isso acontece porque o cigarro se configura como um fator de risco para o depósito de gordura nos vasos coronarianos, resultando na chamada aterosclerose. “As alterações químicas provocadas pelo cigarro facilita a formação da placa de gordura que impede a circulação normal do sangue”, esclarece. Uma vez que os vasos estão comprometidos, o risco de trombos, espasmo muscular, arritmias e infartos aumentam consideravelmente. O médico chama a atenção também para o fato de que o tabagismo tem ainda repercussões na saúde neurológica, ampliando o risco de acidentes vasculares cerebrais(AVC) e para o câncer de pulmão, especialmente entre o público feminino. “Não há uma explicação científica clara, mas o fato é que as mulheres são mais vulneráveis e tem o dobro do risco de sofrer câncer de pulmão quando comparadas aos homens”, completa. Prevenção A prevenção ao tabaco não é algo fácil, especialmente quando o assunto é o público jovem. O desejo de experimentar e o comportamento de auto afirmação terminam colaborando para que as primeiras experiências abram as possibilidades para o uso de outras substâncias psicoativas (SPAs). “A associação do cigarro e do álcool, além de ampliar as chances de consumo, permite que esse indivíduo jovem também deseje experimentar outras drogas como a cocaína, maconha e crack”, diz Adelmo Machado. Para o médico, é importante que a educação para a saúde e a prevenção ao consumo sejam realizada de modo franco e aberto. “A nicotina presente no cigarro causa dependência e, uma vez estabelecida, é mais difícil tratar”, alerta. Aos 67 anos, o professor universitário e administrador aposentado José Carlos Sampaio é um exemplo disso. Ele diz que na época que começou a fumar, não tinha idéia dos malefícios do cigarro. “na minha época de faculdade, por exemplo, havia cinzeiros nas carteiras dos estudantes e na mesa do professor”, lembra. Hoje, cedendo aos apelos da família, para dar exemplo aos seus alunos e para garantir a saúde, faz uma nova tentativa de parar. “Sei que não é fácil e, por isso mesmo, busquei acompanhamento médico”, completa. Atualmente, além dos tratamentos complementares com adesivos de nicotina e medicações, as pessoas que desejam abandonar o tabaco contam com apoio psicoterápico em grupos(oferecido pela rede pública, como no Hospital das Clínicas, por exemplo) e particular. Fumo, gravidez e obesidade O consumo de tabaco durante a gestação pode se relacionar ao surgimento de quadros de obesidade infantil e juvenil. Estudos apontam que o risco aumenta de acordo com o número de cigarros fumados diariamente pela gestante. Segundo pesquisas da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica(Abeso), o fumo na gravidez propicia o nascimento de bebês abaixo do peso com genoma programado para contínua retenção de alimentos e nutrientes – e consequente, pré-disposição para um futuro quadro de obesidade. A endocrinologista Maria Edna de Melo diz que a manutenção do hábito de fumar durante a gravidez atua diretamente na fisiologia da placenta interferindo na oxigenação e fornecimento de nutrientes ao feto. "Por consequência, compromete-se o crescimento e desenvolvimento fetal, não raramente, ocasionando quadros de desnutrição intra-uterina e nascimento de bebês com baixo peso", esclarece. A médica explica que esse menor aporte de nutrientes causa um efeito denominado programming. Isto é, o genoma da criança se adapta à contínua situação de escassez de alimentos. Diante de um cenário de alimentação normal, o corpo da criança tende a reter calorias e nutrientes para uma possível recorrência de um quadro de restrição alimentar – prédispondo a criança à obesidade. Um estudo da Universidade de Munique, publicado no Jornal Americano de Epidemiologia, demonstrou que crianças cujas mães não fumaram na gestação possuem 2,2% de chances de desenvolverem obesidade. Entre aquelas cujas mães fumaram até 10 cigarros diários, a possibilidade sobre para 5,7%. Dados do MS apontam que o Brasil gasta R$ 21 bi, por ano, para tratar a doenças do tabaco.

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