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Lina era amiga de Mario Cravo, Diógenes Rebouças e Odorico Tavares. Gostava mesmo de gente, conheceu uma Bahia profunda, estudou festas populares, procissões, viajou para o Recôncavo e para o sertão, estudou a Guerra de Canudos. E dizem que as vivências daqui nunca saíram da vida e das obras dela. A gente acredita.
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Com um olhar mais atento, dá para perceber que as marcas de Lina vão além da janela. Estão na arena do teatro sem palco fixo, um espaço vazado que se move de acordo com a obra, na escada que é quase uma escultura, no andar térreo com espaço para exposições, nas curvas externas do edifício.
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Antes, o prédio era o Cassino Tabaris, que ficou famosão nas décadas de 1930 a 60 por receber os barões do cacau. Em 1988, foi inaugurado com o projeto de Lina para reocupar o Centro Histórico, cheio de curvas, com a proposta despojada de se adaptar a várias linguagens. Da próxima vez que passar por lá, pare, repare e venha contar pra gente.
A Casa do Benin já é figurinha carimbada por aqui, mas não custa reforçar a beleza do pátio interno que rememora a mata africana, com água corrente e plantas, e que, recentemente, virou cenário da moda no Instagram.
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Os objetos da exposição permanente foram curados por Pierre Verger e fazem parte das andanças dele para estudar os fluxos e refluxos entre África e Bahia. Verger era amigo de Lina, muita coisa do acervo foi encomendada por ela.
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Daí, se propôs a fazer desse casarão do século 19, que fora atingido por um incêndio, um local com vida. Preservou a estrutura externa e modernizou tudo dentro com arquitetura contemporânea, planejou auditório, vão extenso, usou os famosos pré-moldados de Lelé, colocou restaurante pra servir comidas do Benin dentro de um quiosque como as típicas casas africanas, feito de barro e com teto de palha, e transformou o espaço em um lugar para revigorar os sentidos. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀


A Casa Coaty é um lugar diferente de tudo na cidade. Uma casa que convive com a natureza, cheia de curvas, janelas assimétricas e a textura da argamassa pré-moldada de Lelé. Ela esteve mais tempo fechada que aberta, e já foi o restaurante Zanzibar. Hoje é administrada pela Fundação Gregório de Mattos e abre de vez em quando para coisas pontuais.
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Hoje, a Casa Olodum está bem descaracterizada, mas ela foi pensada por Lina para ter um interior moderno e conservar as características de casarão colonial do século XVII por fora. Lina projetou o espaço interno em forma de pirâmide, com parte da cobertura de vidro, para entrarem luz e boas energias. A gente ama essa vibe dela. No andar térreo funciona a loja do Olodum. No segundo, a recepção e a produção, e no terceiro o auditório.

Sabia que tem Lina Bo Bardi no cemitério? O mausoléu da família Odebrecht no Campo Santo é a obra menos conhecida da arquiteta em Salvador. Mas é uma das mais legais do lugar.
Como sempre, ela inovou. Fez o primeiro mausoléu com terraço que se tem notícia no Campo Santo, colocou umas escadas pra cima, para dar a impressão de elevação da alma, e ainda queria bouganvilles florescendo de cima até o térreo. Elas foram plantadas, mas não vingaram. Não se pode ter tudo, né?

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No projeto inicial de construção da Avenida Contorno, o Solar do Unhão e o Forte da Gamboa seriam derrubados para a via passar. Lina e Diógenes Rebouças foram interceder junto ao governador para preservar os dois lugares. Na época, o Solar estava semi abandonado, funcionava como um grande galpão com vários usos, inclusive oficinas de carro.

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Ela queria mesmo era implantar um museu popular para valorizar a cultura do nordestino. Após o incêndio no Teatro Castro Alves, o Museu de Arte da Bahia saiu do foyer e foi para o Solar do Unhão. Virou um espaço vivo, com vista para o mar, ventilação, eventos e o carinho de quase todo soteropolitano. Qual a memória boa que você guarda de lá?

SERVIÇO
Casa do Benin
Endereço: Baixa dos Sapateiros, 7 - Pelourinho,
Horário: terça a sábado 9h às 17h
Telefone: (71) 3202-7890
Casa do Olodum
Endereço: R. Maciel de Baixo, 22 - Pelourinho
Horário: segunda a sexta 10h às 18h
Telefone: (71) 3321-5010
Museu de Arte Moderna da Bahia
Endereço: Avenida do Contorno, s/n - Comercio,
Horário: terça a domingo 14h às 18h
Telefone: (71) 3116-8877
Fundação Gregório de Mattos
Endereço: R. Chile, 31 - Centro
Funcionamento: segunda a sexta - 10h às 19h
sábado e domingo 14h às 17h
Telefone: (71) 3202-7800
Campo Santo
Endereço: Largo do Campo Santo, s/n - Federação
Horário: domingo a domingo 8h às 17h
Telefone: (71) 2203-9777⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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