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Bituca Verde aposta na logística reversa das pontas de cigarro

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31/12/2013 às 6:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:47 - há XX semanas
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A clientela do empreendimento é composta por bares, restaurantes, condomínios, hotéis e eventos
Foto: yuribarichy

Por Centro Sebrae de Sustentabilidade

Milhares de pontas de cigarro são descartadas incorretamente todos os dias nas ruas, avenidas e outros espaços públicos do país por cerca de 30 milhões de fumantes. Esses resíduos, quando coletados pelos serviços de limpeza urbana, vão parar em aterros e lixões. Se não são coletados, geralmente seguem para o sistema de esgotamento sanitário e vão poluir lagoas, rios e lençóis freáticos.

Bitucas, guimbas, tocos ou xepas de cigarro, como são chamados nas diferentes regiões brasileiras, são materiais tóxicos como os cigarros e representam grandes riscos à saúde e ao meio ambiente, mesmo depois de descartados. Este fato intrigava Fabiano Russo, que depois de pesquisar o assunto acabou criando uma empresa inovadora.

Há três anos, ele fundou a Bituca Verde, um empreendimento que produz e comercializa coletores pessoais e comerciais para pontas de cigarros, que depois de descartadas em ecopontos do Programa de Coleta de Bitucas (Bitueco) são transformadas em insumo dos fornos da indústria de cimento. O papel dos resíduos também é reaproveitado pela indústria de papel.

Os recipientes têm capacidade de coletar entre 700 e 1,5 mil peças/mês

“O que motivou a criação da empresa foi o desafio de dar destinação correta aos resíduos de cigarros”, afirmou Fabiano. Em São Paulo (SP), 34 milhões de bitucas são jogadas no chão diariamente, e na capital fluminense, este número é de aproximadamente 20 milhões/dia, informou ele. “Nossa ideia era montar um negócio com diferencial e oferecer uma solução além do cinzeiro”, ressaltou o empresário.

A empresa oferece nove tipos de ‘bituqueiras’ ou cinzeiros ecológicos, cujos preços variam entre R$ 100 e R$ 280. Os recipientes têm capacidade de coletar entre 700 e 1,5 mil peças/mês. As vendas são feitas exclusivamente por meio do site www.bitucaverde.com.br. A clientela do empreendimento é composta por bares, restaurantes, condomínios, hotéis e eventos.

Certificado

Outro diferencial da Bituca Verde é o fato de fornecer o certificado Global Soluções Ambientais, reconhecido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, à sua clientela. No carnaval carioca de 2013, o empreendimento fez uma experiência inédita: se tornou parceiro do bloco Vagalume Verde, do bairro Jardim Botânico, e coletou 20 mil pontas de cigarro, durante os quatro dias de folia.

Assim, este bloco se tornou o primeiro certificado do carnaval pela Global Soluções Ambientais. Em 2014, Fabiano avisa, vai repetir a experiência, que também pode ser ampliada a outros carnavais. No momento, a Bituca Verde está de olho no mercado fluminense. A prefeitura da cidade está multando cidadãos que descartam resíduos nas ruas e o empreendimento paulista enxerga boas oportunidades nesse cenário.

Parcerias

O sistema de logística reversa montado pela Bituca Verde envolve a parceria com outro empreendimento, a Renova Ambiental, que recebe o material coletado e descartado nos ecopontos do Programa Bitueco e o transforma em produto para alimentar fornos da indústria de cimento e também siderúrgicas. As guimbas de cigarros junto a outros resíduos - restos de estopa, tecidos, espuma, etc – passam a integrar uma massa flocada de alto teor calórico (mix), que substitui o carvão vegetal no processo de queima dos dois setores industriais.

O sistema também abrange centros de coleta, serviços de transporte e cooperativa de papel, que separa e o reaproveita, depois de descontaminar o material, na produção de papel. O serviço de beneficiamento das bitucas (resíduo classe I) é feito pela Renova Ambiental, empresa certificada com ISO 14001.

A meta da Bituca Verde é se tornar parceira da indústria tabagista. Fabiano acredita que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) pode gerar esta aproximação, pois este setor terá de assumir a destinação correta de seus resíduos para cumprir as exigências da legislação federal.

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