Hozana Puroborá cruzou, de ônibus, mais de três quilômetros para tentar mostrar que existe. Pertencente à tribo Puroborá, considerada extinta pela Fundação Nacional do Índio (Funai), Hozana participou da Cúpula dos Povos e foi até ao Riocentro pedir a demarcação de suas terras e a desistência do governo de construir novas PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) na região que habita. “De pequenas não têm nada. E estão fazendo o rio se acabar. Está mais difícil pegar peixe”, conta.
A história da expulsão e extinção oficial dos puroborás começou há mais de três décadas, com a construção da BR-429. Para passar a rodovia, a Funai realocou os indígenas como em um jogo de xadrez, tirou umas etnias da região e colocou outras na área.
Emília, no entanto, não quis sair de suas terras, localizadas a 32 quilômetros de Tu. E não saiu. Teve que comprar 21 “alqueiros” para conquistar o direito de continuar no lugar em que nasceu e foi assim, de uma única resistente que decidiu não deixar para trás sua cultura, que a etnia dos puroborás sobreviveu. Hoje são 60 pessoas, entre filhos e netos de Emília, mãe de Hozana, que lutam pelo reconhecimento oficial da existência de seu povo.
Como em muitos pedaços da Amazônia, o Sítio de Emília, como é conhecido, é uma terra sem lei. Dominada por madeireiros, Hozana relata que presenciou “muito derramamento de sangue” do seu povo quando este buscou os seus direitos. Da Rio+20, Hozana espera encontrar alguma esperança. “É um país muito injusto. Se você luta pelo seu direito, morre”.
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