As classes de caráter acontecem duas vezes por semana para as 5ª e 6ª séries
Foto: Kipp/Reprodução
É possível ensinar noções de caráter na escola? A rede KIPP Infinity Middle School, que conta com 141 instituições de ensino, mostra que sim. A unidade de Harlem, em Nova York, decidiu radicalizar o ensino de competências socioemocionais. “Nós sentimos que, se não ensinarmos caráter explicitamente, não podemos esperar que eles [os alunos] adquiram isso”, afirmou ao Porvir a diretora da escola e professora dessas classes, Leyla Bravo-Willey.
O projeto desenvolvido pela professora em parceria com um centro de estudos de socioemocionais da Universidade da Pensilvânia ainda está em fase piloto e estabelece um currículo abrangente. Para desenvolver o caráter dos alunos, a escola aposta no ensino de habilidades não cognitivas – como comunicação, resiliência e determinação – em todas aulas, oficinas para pais e momentos de trocas entre os estudantes chamados de Kipp Circles.
As classes de caráter acontecem duas vezes por semana para as 5ª e 6ª séries e nelas Leyla dá aulas expositivas para mostrar aos alunos como eles são capazes de aprender, como podem enfrentar seus pontos fracos, como devem estabelecer relações saudáveis com outras pessoas e como podem usar a mente para conseguir o que querem.
Teoria e prática
Não se trata de uma simples lição de autoajuda, garante a professora, mas momentos para se fazer conexões com a ciência e explicar como o cérebro funciona, desenvolver técnicas de meditação, concentração e até praticar yoga. “Primeiro, eu explico os conceitos e depois faço com que eles pratiquem”, conta a diretora da Infinity Middle School.
Em uma aula sobre como enfrentar pontos fracos, por exemplo, a professora perguntou como os alunos se sentiam quando eram os últimos a serem escolhidos para formar um time de basquete. Alguns responderam algo como “Que saco, eu de novo no fim”, mas alguém disse “Não tô nem aí, sou bom mesmo no futebol”.
Segundo Tonia Casarin, mestranda brasileira em educação na Universidade de Columbia que acompanha o projeto piloto na escola de Nova York, as diferentes reações fazem os alunos se darem conta de como podem pensar diferente. “As conversas ajudam a desenvolver a autoestima das crianças, elas aprendem a mudar a própria perspectiva”, diz.
Primeiros resultados
Embora a implantação desse currículo socioemocional na Kipp Infinity Middle School ainda esteja em fase de testes e os dados sobre o impacto no desempenho acadêmico não tenham sido computados, a diretora tem convicção de que os alunos estão aprendendo mais e que estão mais tranquilos e confiantes. “Estamos ansiosos pelos resultados para seguir em frente”, afirmou. No próximo ano letivo, o plano é preparar outros professores para ministrarem as aulas de caráter e passar a incluí-las na grade de mais séries.
Leyla diz que foi possível perceber avanços, principalmente, pela mudança de atitude da turma antes da última prova estadual (avaliação externa) a que foram submetidos. “Normalmente, eles ficam muito nervosos e acham que vão se dar mal. Dessa vez, passaram a dizer que estão preparados, que trabalharam duro e estão prontos para o teste”, conta orgulhosa.
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