Chuva é maior em área com mais vegetação. Foto: Hélio Sassen Paz
Pesquisadores ingleses acreditam que a região Amazônica pode ter uma redução significativa na quantidade de chuva até 2050. Eles apontam uma taxa próxima a 21% (em épocas de seca) e de 12% (nas estações úmidas), mas afirmam que o fenômeno corre risco de acontecer se o desmatamento no bioma mantiver níveis altos.
O estudo, publicado na revista Nature, conseguiu, pela primeira vez, observar a umidade gerada na região, na íntegra. "O nosso é o primeiro estudo a usar observações para demonstrar a relação entre florestas e chuvas nos trópicos. E ele, amplamente, concorda com as estimativas das modelagens anteriores", afirmou ao Estadão o líder do estudo Dominick Spracklen, da Universidade de Leeds.
Através de imagens do satélite TRMM, que fica em órbita ao longo da linha do Equador mensurando a chuva na região Amazônica, os pesquisadores verificaram a umidade do fluxo do ar em, aproximadamente, 60% do local e perceberam que, ao passar por uma grande vegetação, ela produzia duas vezes mais chuvas do que nas áreas com pouca vegetação. Os cientistas definem o processo como evotranspiração (o suor das árvores).
Spracklen destacou a evolução do Brasil em relação a temática. "O Brasil fez um grande progresso ao reduzir as taxas históricas de Desmatamento. Se esses níveis mais baixos forem mantidos, então o cenário que usamos, e a previsão de redução de chuva que fizemos, será superestimada".
Porém, não escondeu seu receio com as novas possibilidades do país. "Decisões políticas, como a mudança do Código Florestal, aumento dos preços de produtos agrícolas e expansão de hidrelétricas aumentam as ameaças à Amazônia. Então ainda não está claro que a taxa de desmatamento continuará baixa. O progresso atual é encorajador, mas frágil", completou o especialista.
Os pesquisadores enfatizaram a necessidade da manutenção das baixas taxas de desmate para agricultura e as plantas de geração de energia.
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