Foto: Fortimbras
Para que a humanidade possa viver de forma sustentável, é preciso controlar o consumo excessivo em países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais pobres, é o que afirma um estudo de dois anos realizado por um grupo de especialistas coordenados pela Royal Society (associação britânica de cientistas).
Para chegar ao controle, os pesquisadores recomendaram a disponibilização de um planejamento familiar à todas as mulheres, assim como o abandono da utilização do PIB como um indicativo de saúde econômica e a redução do desperdício de comida.
"Este é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com mudanças profundas na saúde humana e na natureza", disse John Sulston, presidente do grupo responsável pelo relatório, a BBC.
O relatório será utilizado como referência para as discussões da Rio+20, que ocorrerá entre os dias 13 e 22 de junho.
Planejamento familiar
Segundo o relatório é essencial que as nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao planejamento familiar nos países em desenvolvimento. O que custaria US$ 6 bilhões por ano, de acordo com o estudo.
"Temos de investir em planejamento familiar nos países menos desenvolvidos. Desta forma, damos poder às mulheres, melhoramos a saúde da criança e da mãe e damos maior oportunidade aos países mais pobres de investir em educação", explicou Eliya Zulu, diretora executiva do African Institute for Development Policy (Instituto Africano para Políticas de Desenvolvimento), em Nairóbi, no Quênia.
O documento alertou que, se o índice de fertilidade nesses países não reduzir para a média do resto do mundo, a população do planeta pode chegar em 2100 a 22 bilhões, dos quais 17 bilhões seriam africanos.
Utilização do PIB
A pesquisa diz também que é fundamental abandonar o uso do PIB como único indicador da saúde de uma economia, e em seu lugar, os países precisam adotar um medidor que avalie o "capital natural", ou seja, os produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente.
"Temos que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um planeta finito", alertou Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade na universidade de Essex, no Reino Unido.
"O meio ambiente é de certa forma a economia... e você pode discutir gerenciamentos econômicos para melhorar as vidas de pessoas que não prejudique o capital natural, mas sim o melhore", completou.
Desigualdade
Uma das prioridades apontadas pelo Royal Society, está na retirada de 1,3 bilhão de pessoas da pobreza extrema e a eliminação do desperdício de comida.
"Uma criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as do mundo em desenvolvimento", disse Sulston. "Não podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne ainda mais desigual".
Países em desenvolvimento, assim como nações de renda média, começam a sentir o impacto do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a obesidade.
Com informações da BBC
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