Isolamento pode durar séculos, segundo pesquisa
Foto: Arquivo TG
Correntes oceânicas frias e profundas do Atlântico Norte neutralizam o efeito do aquecimento global na Antártica e retardam o aumento do nível dos mares - revela estudo publicado na revista britânica Nature Geoscience na segunda-feira, 30 de maio.
Esse isolamento gelado do continente, que está coberto com uma camada de gelo de até quatro quilômetros de espessura, pode durar séculos, segundo a pesquisa.
A conclusão do estudo é uma boa notícia para as centenas de milhões de pessoas que vivem em regiões baixas e estão ameaçadas pela subida iminente de até um metro no nível dos mares, que deve acontecer até o final do século, de acordo com o último relatório do Painel de Ciência do Clima da ONU.
Estudos mais recentes sugerem que o limite dos mares poderia aumentar ainda mais, impulsionado pela água da superfície, que se expande à medida que aquece, e pelo escoamento das geleiras e de duas grandes camadas de gelo.
Impacto seria catastrófico
Uma dessas camadas de gelo cobre a Groenlândia, e a outra fica na Antártica Ocidental - a parte do continente que está aquecendo mais rápido. Se a Antártica Oriental estivesse derretendo na mesma proporção, o impacto sobre os assentamentos humanos ao longo das costas em todo o mundo seria catastrófico.
Os cientistas já sabem há muito tempo que as mudanças climáticas têm afetado o Oceano Antártico mais lentamente do que os outros oceanos nos últimos 50 anos, devido à vastidão da camada de gelo do continente, assim como aos ventos e às correntes oceânicas, que funcionam como uma zona de proteção.
Correntes profundas
Mas o novo estudo atribui o motivo fundamental desse atraso a um cinturão de correntes oceânicas profundas que transporta águas geladas de cerca de 1ºC. "O principal motivo do atraso no aquecimento do Oceano Antártico é a circulação oceânica de fundo", disse a equipe de cientistas, liderada pelo pesquisador Kyle Armour, da Universidade de Washington em Seattle.
Para os pesquisadores, os gases de causadores do efeito estufa que estão provocando secas, tempestades e instabilidade climática no resto do planeta vão demorar "múltiplos séculos" para ter um impacto significativo no Oceano Antártico.
Essa conclusão não anula, porém, o fato de que mesmo o aquecimento em menor escala pode causar danos. Uma geleira do tamanho da França na Antártica Oriental está perdendo água rapidamente e pode elevar o nível dos oceanos em cerca de dois metros em poucos séculos, de acordo com um outro estudo publicado na semana passada.
(Via France Presse)
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Redação iBahia
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