Bicicleta humana no México
Foto: Reprodução
A grande bike humana na Cidade do México é - sem dúvida - a imagem mais emblemática da semana. Numa cidade bastante prejudicada pela poluição atmosférica, a manifestação conseguiu reunir mais de três mil ciclistas para reafirmar o pacto da municipalidade em reduzir o uso do automóvel na área urbana e estimular os modos ativos de mobilidade: pedalar e caminhar. O evento aconteceu dez dias antes do Dia Mundial da Bicicleta, celebrado nesta terça-feira, 19 de abril, quando outros milhares de ativistas em todo o mundo realizarão ações para estimular o uso das magrelas como recurso de transporte.
Pedalar e caminhar parecem ser as formas de mobilidade mais avançadas e sustentáveis para cidades de todos os portes. Em alguns casos, como complemento de uma viagem iniciada em trens, bondes, ônibus ou barcos. No entanto, como revelam as estatísticas brasileiras, mais de 30% dos deslocamentos urbanos são feitos somente a pé, por milhões de pessoas, todos os dias.
Assim, explica-se o sucesso da maratona Calçada Cilada, que mapeou mais de 2 mil problemas em passeios públicos de 80 cidades do país. Isso durante apenas um mês, somente com o trabalho voluntário. Os resultados do levantamento confirmam o panorama descrito por Meli Malatesta no blog Pé de Igualdade. Mesmo com a prioridade atribuída ao pedestre pela Política Nacional de Mobilidade (Lei 12.587/2012) e a vigência da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015), o caminhante continua sendo "um problema" para os gestores do trânsito. Basta contar o tempo de espera nos semáforos durante a travessia das ruas: cinco, sete, até dez minutos de sinal vermelho para quinze ou vinte segundos de verde. Convém carregar sempre um banquinho: Senta e espera!
Mas, apesar disso, ainda resta alguma leveza para quem passeia e olha as ruas com a atenção devida, avisa Irene Quintáns, do blog Passos e Espaços. Em seu post desta semana, ela destaca o estranhamento com que as crianças encaram certas grades, farpas e outros anteparos posicionados em floreiras, muretas e cantinhos que poderiam ser convidativos para um descanso, uma pausa ou uma brincadeira infantil. São indicativos de que algo vai mal na saúde das pessoas, das cidades, ruas e praças.
Mas, para além das ruas, os rios, lagos e braços de mar também podem ser excelentes vias de transporte e desfrute em cidades como Porto Alegre, Vitória, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, e até São Paulo, num futuro ainda incerto. Florianópolis, por exemplo, já utiliza a Lagoa da Conceição como uma "avenida líquida" para atender aos moradores de sua orla. E neste momento discute a possibilidade de ampliar o transporte aquaviário para o canal de mar que separa a ilha do continente. O assunto divide opiniões, mas segue na pauta dos "Manezinhos da Ilha".
Afinal, mobilidade sustentável se faz com uma rede integrada de todos os modos imagináveis de transporte: barcos, trens, metrôs, ônibus, bondes, bicicletas, carros, elevadores, teleféricos, escadas rolantes e calçadas - a infraestrutura básica de qualquer ajuntamento que se pretenda cidade.
(Por Marcos de Sousa, do Mobilize Brasil)
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