Participantes do Encontro Nacional de Agroecologia, realizado em maio, em Juazeiro (BA), protestam contra a utilização de agrotóxicos nas lavouras
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
De Belém à Porto Alegre, dezenas de cidades brasileiras já confirmaram mobilizações nesta quarta-feira, 3 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos. Os manifestantes vão denunciar os danos causados pelo modelo agrícola representado pela Bancada Ruralista e exigir mais estímulo à Agroecologia, uma alternativa à produção de alimentos saudáveis e com capacidade de garantir a segurança alimentar da população, por meio da agricultura familiar e camponesa.
O Brasil se consagrou como o maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2008, ultrapassando os Estados Unidos. Desde então, mais de 1 bilhão de toneladas desses insumos são despejados nas lavouras brasileiras, sem contabilizar o uso doméstico e fitossanitário. A grosso modo, cada brasileiro consome 5,2 litros desses insumos todos os anos, cujos danos à saúde, especialmente os crônicos, ainda não são de todo conhecidos.
Apesar de diversos estudos científicos comprovarem a associação dos agrotóxicos e cânceres, abortos, más-formações congênitas, alterações neurológicas e somáticas, Alzheimer, entre outros, o governo brasileiro continua a estimular o setor, por meio de isenção fiscal - os agrotóxicos têm 60% de isenção do ICMS, e muitos ainda possuem 100% de isenção do IPI, PIS/Pasep e Cofins.
Em 2013, o mercado de agrotóxicos movimentou aproximadamente US$11,5 bilhões. Contudo, pesquisas recentes apontam que, para cada US$1 gasto com agrotóxicos, são destinados U$1,28 para cuidar de casos de intoxicação agudas no SUS.
Contaminação sistêmica
O agronegócio é o maior responsável por esse modelo que privilegia as monoculturas, facilitando a difusão das chamadas “pragas” agrícolas, e a exportação de commodities, não contabilizando os danos à saúde provocados na população.
Embora o setor seja responsável por apenas 30% do que chega às mesas dos brasileiros, a contaminação causada por esses insumos é sistêmica, visto que a presença de agrotóxicos já foi detectada no solo, água, ar e até mesmo na chuva e no leite materno.
Reivindicações
A data está sendo promovida no Brasil pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que reúne agricultores, membros de instituições científicas, movimentos sociais e setores do poder público preocupados com os efeitos dessas substâncias na saúde da população e no ambiente brasileiro.
As principais reivindicações da Campanha são:
A data
O Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos foi estabelecido pela Pesticide Action Network (PAN) para recordar as 30 mil pessoas mortas (8 mil morreram nos três primeiros dias), muitas delas crianças, na catástrofe de Bhopal, na Índia, ocorrida em 1984.
Na tragédia, vazaram 27 toneladas do gás tóxico metil isocianato, químico utilizado na elaboração de um praguicida da Corporación Union Carbide, em uma zona densamente povoada. Ao todo, 560 mil pessoas continuam com sequelas do acidente, sendo que as vítimas não foram indenizadas.
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