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Dia Mundial Humanitário: mais de 60 milhões precisam de ajuda no mundo

Eram as férias de 2011 da família Costa. O destino? Gramado, no Rio Grande do Sul, com o Rio de Janeiro como ponto de partida. Mas o telefone tocou e o fisioterapeuta Fernando Costa teve que renunciar ao lazer para ajudar as vítimas da tragédia na região Serrana fluminense. Histórias como essa reforçam a importância do Dia Mundial da Ajuda Humanitária, celebrado no dia 19 de agosto.

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19/08/2012 às 8:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 19:44 - há XX semanas
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Entrega de kit de mobília às 80 famílias beneficiadas pelo projeto “Mobília Nova”, vítimas do desastre natural ocorrido em janeiro de 2011, na região Serrana do Rio. Foto: Divulgação

Eram as férias de 2011 da família Costa. O destino? Gramado, no Rio Grande do Sul, com o Rio de Janeiro como ponto de partida. Mas o telefone tocou e o fisioterapeuta Fernando Costa teve que renunciar ao lazer.

Chefe do departamento de socorros e desastres da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), ele precisava trabalhar em uma missão humanitária: auxiliar as vítimas da tragédia da região Serrana do Rio, assolada pelas chuvas e deslizamentos de terra. "Deixei a família curtindo e retornei."

Histórias de abnegados (que negam a si para ajudar o próximo) como a de Fernando reforçam a importância do Dia Mundial da Ajuda Humanitária, celebrado no domingo, 19 de agosto. Segundo dados da ONU, atualmente, mais de 60 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária em todo o mundo.

assistencia.jpgA data foi escolhida em homenagem às vítimas do atentado terrorista à sede da ONU em Bagdá (Iraque), em 19 de agosto de 2003. No ataque, morreram 22 pessoas, incluindo o chefe da missão da ONU no Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

A assistência humanitária pode ser dada por agências da ONU, cidadãos comuns e outras entidades da sociedade civil organizada presentes em todo o mundo. O EcoD conversou com duas das principais instituições voltadas para a ajuda humanitária com atuação no Brasil: a Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a CVB.

Todos são iguais

Fernando (foto) tem mais de 20 anos de CVB e sempre foi ligado às causas humanitárias, com atuação na Força Aérea Brasileira, Defesa Civil ou mesmo lecionando sobre o tema, no Rio de Janeiro.

"A espiritualidade é outro ponto que ajuda nesse sentido, pois eu sou kardecista. Ao ajudar o próximo, eu acredito que estou resgatando algo do passado. A sensação é maravilhosa", relatou. Segundo ele, os filhos chegam a rezar para que tragédias como a da Serra Fluminense não se repitam, a fim de não perderem a presença do pai. "E geralmente esses desastres ocorrem entre o final e o início do ano, bem no período das férias (risos)", observa Fernando.

O diretor da CVB jamais esqueceu de outra tragédia na Serra do Rio de Janeiro, em 1987, quando um milionário perdeu a casa e parte da família. "Depois do desastre, ele estava tomando sopa na caneca conosco, e com as outras pessoas que perderam tudo. Me ajudou a identificar outras vítimas nos escombros. Nessas horas, todas as pessoas são iguais", constata.

O Movimento Internacional de Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho está presente em praticamente quase todos os países do globo. O que constitui as bases mais importantes para a instituição são os seus sete princípios: Humanidade, Imparcialidade, Neutralidade, Independência, Voluntariado, Unidade e Universalidade. No Brasil, são mais de 50 filiais. Saiba como ser um voluntário.

Sem fronteiras para ajudar

Criada na França em 1971 por jovens médicos e jornalistas, a Médicos Sem Fronteiras é uma organização não governamental, médico-humanitária, com atuação em mais de 60 países, por meio de 28 mil profissionais de diferentes áreas.

A entidade chegou ao Brasil em 1991, para combater uma epidemia de cólera na Amazônia. Depois do controle do surto, a organização permaneceu na região até 2002, promovendo um trabalho de medicina preventiva com tribos indígenas. Essa primeira intervenção abriu uma das frentes de atuação de MSF no país: colaborar no acesso à saúde.

"Geralmente, nossa intervenção se dá quando o Estado não consegue agir", explica o diretor-geral da MSF no Brasil, Tyler Fainstat, para quem a data celebrada em 19 de agosto "é mais um dia para lembrar da ajuda humanitária às pessoas que precisam em todo o mundo".

Tyler é canadense e chegou ao Brasil em 2009 para trabalhar como voluntário na MSF, mais precisamente no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, região comumente assolada pelos conflitos entre traficantes e policiais. Acabou ficando. "A ideia era resgatar pessoas, promover a estabilização e eventuais remoções na comunidade", relembra.

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Foto: MSF/Divulgação

Mais de 60 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária em todo o mundo.

O trabalho da MSF é sustentado pela iniciativa privada e por doações de cidadãos comuns. Segundo Tyler, 72.000 pessoas físicas contribuem com a organização no Brasil desde 2005, quando teve início a captação de recursos dessa natureza no país. É possível doar através do site da instituição.

"Eu estive aqui"

Por conta do Dia Mundial da Ajuda Humanitária, a ONU lançou a campanha "Eu Estive Aqui" (I Was Here), estrelada pela cantora Beyoncé, que destaca o trabalho dos agentes humanitários em todo o mundo.

O projeto permite que os realizadores sociais registrem suas ações na internet e mandem mensagens de apoio. O público pode compartilhar suas boas ações no site www.whd-iwashere.org

A meta do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) era a participação de 1 bilhão de pessoas. Até a noite de sexta-feira (17), o número de iniciativas inscritas chegava a 253.446.408.

- Ouça a matéria da Rádio ONU sobre a data (em podcast) -

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