Aron Belinky adiantou alguns pontos do Rascunho Um, discutido recentemente em Nova York/Foto: João Raposo/ Divulgação Akatu
A discussão sobre o que é economia verde na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) ocorre “em benefício das grandes corporações” e tem o objetivo de “salvar o capitalismo”, segundo a opinião de representantes de organizações não-governamentais que estiveram reunidos na terça-feira, 8 de maio, em São Paulo.
De acordo com eles, as negociações para definir o documento da cúpula da ONU, batizado de "Rascunho Um", continuam "sem ambição política" e com "assuntos indefinidos". Eles acompanharam a segunda rodada informal de discussões, encerrada na sexta-feira (4) em Nova York, Estados Unidos.
“O termo [economia verde] se ideologizou. Virou rótulo de que é para salvar o capitalismo. Temos que discutir a economia da sustentabilidade (...) e deixar de atender os interesses das grandes corporações, que estão sequestrando o sistema multilateral da ONU”, apontou ao G1 Pedro Ivo, coordenador da Cúpula dos Povos - evento voltado para a sociedade civil organizada, que será promovido em paralelo às discussões oficiais da Rio+20.
A ONU confirmou para a semana entre 29 de maio e 2 de junho uma nova rodada de negociação para reduzir a quantidade de indefinições do documento antes do último debate em torno do texto no nível diplomático, marcado para os dias 13 a 15 de junho. Ela antecede o segmento de alto nível, que deve reunir no Rio de Janeiro ao menos uma centena de chefes de Estado nos dias 20 a 22 de junho.
Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do Instituto Vitae Civilis, observou que a quantidade de parágrafos no documento aumentou de 128 para 420. Segundo ele, seguem como prioridades na discussão a definição mais clara sobre o que é economia verde, métodos de financiamento para implantar este tipo de economia no mundo, a decisão de se criar uma agência ambiental ou reforçar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a discussão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
“A ideia que ficou clara é que essas metas devem entrar em vigor a partir de 2015 e funcionariam como uma segunda geração dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, explicou Belinky.
O Itamaraty, principal responsável pela organização da Rio+20, não divulgou detalhes sobre o novo rascunho (nem sua nova quantidade de páginas). Apenas informou que o documento, que segue em negociação, está sendo condensado e vem diminuindo paulatinamente para que se chegue a um "formato legível" para as negociações entre os chefes de Estado.
Manifesto das ONGs
ONGs reunidas em Nova York, na sede da ONU, divulgaram documento na sexta-feira (4) no qual afirmam que a "mesmice pode colocar a Rio+20 em risco" e listaram prioridades que deveriam ser adotadas na discussão.
Segundo o texto, assinado por seis entidades, entre elas o Greenpeace e a Oxfam, ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido, é necessário discutir metas globais para o desenvolvimento sustentável, produzir mais empregos verdes e decentes, criar um piso de proteção social global, um acordo de proteção à vida marinha em alto mar e soluções energéticas justas e duradouras.
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