Palha da seda fabricada em O Casulo Feliz pelo tecelão Alexandre Heberte - materiais reaproveitados. Foto: Divulgação
Há 25 anos, o então professor de sericicultura (que estuda o bicho da seda), Fábio Serpa Rocha, teve uma ideia que modificaria sua vida: reaproveitar os casulos descartados pela grande indústria, que precisa fazer seda em escala. A partir de então, contratou mão de obra que pudesse ajudá-lo a fazer a seda como antigamente: manualmente, no tear. Deu certo. A empresa dele, "O Casulo Feliz", produz hoje um jeans sustentável cujo tecido é composto por 50% de seda, 25% de pet e 25% de algodão.
Sediada no Maringá, no Paraná, a fábrica atualmente conta com 70 funcionários, exporta para os Estados Unidos e Europa, além de contar com grandes marcas como clientes, a exemplo de Empório Beraldin, Vivienne Westwood, Osklen, Animale e Cantão. "Hoje, sou um empresário sustentável, porque trabalho com fibras naturais, tingimento vegetal, coloquei junto a responsabilidade social e a viabilidade econômica", afirmou o zootecnista ao blog Razão Social, de O Globo.
Segundo Glicínia Seterenaski, designer e diretora da empresa, como o pet esquenta muito no corpo por ser um poliéster, o algodão foi agregado para neutralizar a temperatura do pet e dar mais conforto ao consumidor. "Devido a esse processo, o jeans de seda se torna um produto ambientalmente sustentável. A fibra do pet e do algodão costumam ser dispensadas pela indústria, assim como o casulo que usamos tradicionalmente em nossa produção. É um processo revolucionário tecnologicamente, que dispensa lavanderia e amaciamento."
Foto: W. Gravaluz
“Por não utilizarmos lavanderia e amaciamento, contribuímos ainda mais com o meio ambiente ao não dispensar produtos químicos na natureza e economizar, pelo menos, 80 de litros de água por peça lavada”, ressaltou Glicínia. O jeans de seda é leve, macio, confortável e tem uma característica única: o visual com tons de prata acentuado. Importantes grifes do Brasil e do exterior já demonstraram interesse em adquirir o tecido para usar em suas coleções.
Os casulos rejeitados são levados para a fabricação de seda por meio artesanal. Os funcionários utilizam, manualmente, máquinas de tecelagem, água de poço artesanal, água de captação da chuva, tinturas de folhas (mangas, espinafre, erva-mate), cascas (cerragem de eucalipto, pinhos) e raízes ( cebola, açafrão), sementes (urucum, índigo).
Em julho, a empresa recebeu o Prêmio Ecochic Day, que reconhece e incentiva nomes e empresas da moda sustentável do Brasil. A cerimônia de premiação foi realizada, em São Paulo, durante a terceira edição do Movimento Ecochic, que tem como objetivo fazer com que as pessoas repensem suas atitudes, além de fomentar soluções da cultura sustentável e da economia criativa.
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