"É preciso ter cautela ao se falar em sustentabilidade", defende Clóvis de Barros Filho

Clóvis de Barros Filho ministrou memorável palestra sobre ética no Centro de Eventos do Pantanal
Foto: Divulgação

Uma palestra motivacional com jeitão de stand-up de humor. Assim pode ser definida a apresentação do professor Clóvis de Barros Filho, pesquisador do Espaço Ética, na terça-feira, 29 de julho, no primeiro dia do 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade, em Cuiabá.

Sob o tema Ética, amor e sustentabilidade, a palestra ministrada pelo professor da USP - com altas doses de bom-humor (e risos da plateia no Centro de Eventos do Pantanal) - abordou as diferentes definições que o valor da conduta humana adquiriu ao longo dos tempos, desde Aristóteles, passando por Jesus, Kant e chegando até os dias de hoje.

"Para Aristóteles, ética é a avaliação da vida como um todo. Para os gregos é um sinônimo de felicidade. Já para Jesus, o significado de ética está mais ligado ao amor, a renúncia de que somos capazes de ofertar para que o nosso próximo seja beneficiado", afirmou Clóvis de Barros.

Ele lembrou também que a palavra "sustentabilidade", no idioma francês, é pronunciada como "durabilidade", ou seja, "algo que vale quando dura, permanece". Na concepção do professor, por ser um valor moral, ela também precisa ser aplicada entre nós, o que pode representar um problema, uma vez que sua implantação não é interessante para alguns setores da sociedade.

"Hoje em dia, em qualquer banner corporativo iremos encontrar a sustentabilidade entre as palavras-chave, mas é preciso ter cautela ao falarmos de sustentabilidade, pois, além de transformar o que é bom, também é fundamental transformar o ruim", justificou o palestrante, ao utilizar como exemplo a consciência cidadã que se desenvolveu sobre fumar em ambientes fechados.

Mudança de hábitos

"Caso eu estivesse ministrando essa palestra há uns dez anos, muitas pessoas estariam fumando, neste momento, no interior desse auditório. Seria uma fumaça só. Já há uns cinco anos, ninguém mais fumaria aqui dentro, haveria apenas os avisos proibitivos. Hoje, nem tem mais avisos, porque as pessoas já se conscientizaram que não dá para fumar em locais fechados. Promover transformações leva algum tempo, mas é possível", apontou.

Ao aproveitar o fato de que cerca de 150 espectadores eram empresários, Clóvis de Barros Filho aproveitou para criticar a postura de algumas organizações, que buscam o "foco nos resultados" a qualquer custo, desconsiderando os valores éticos e a importância do trabalho em equipe com espírito solidário.

O 4º Seminário Sebrae de Sustentabilidade - negócios que transformam realidades, segue até a quinta-feira (31) na capital do Mato Grosso.

* O repórter viajou a convite do Centro Sebrae de Sustentabilidade.