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Economia verde: uma aposta para a crise global

Os setores ligados à economia verde estimam um crescimento de grandes proporções. Para esverdear a economia global é necessário, de acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o investimento de 2% do PIB mundial por ano, o que corresponde a aproximadamente 1,3 trilhão de dólares, nos patamares atuais. O Brasil já concentra 2,65 milhões de pessoas empregadas nos ramos ligados à área, sendo possível, segundo a OIT, a geração de 60 milhões de vagas verdes nos próximos 20 anos.

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05/06/2012 às 14:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:21 - há XX semanas
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Imagem: sxc.hu

Celebrado em todo o mundo como Dia do Meio Ambiente, o dia cinco de junho deste ano tem como tema "Economia Verde: Ela te inclui?" A pergunta convida todos a avaliar como o tal conceito se encaixa na vida cotidiana, além de buscar avaliar se o desenvolvimento por meio de uma Economia Verde atende às necessidades individuais. Mas o que é, exatamente, a economia verde?

A economia verde ainda não possui definição consensual, nem diretrizes claras, mas já se tornou suficientemente importante para ser o tema principal da maior conferência ambiental das últimas duas décadas, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que reúne representantes de 180 países entre 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro.

A definição mais largamente utilizada para a economia verde foi cunhada pelo Pnuma, sendo considerada aquela que promove a melhoria do bem-estar humano e da igualdade, e, ao mesmo tempo, reduz significativamente os riscos ambientais. As três características principais das atividades dessa economia são: reduzir a emissão de carbono, ser eficiente no uso de recursos naturais e ser socialmente inclusiva.

Os setores ligados à economia verde estimam um crescimento de grandes proporções. Para esverdear a economia global é necessário, de acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o investimento de 2% do PIB mundial por ano, o que corresponde a aproximadamente 1,3 trilhão de dólares, nos patamares atuais. O Brasil já concentra 2,65 milhões de pessoas empregadas nos ramos ligados à área, sendo possível, segundo a OIT, a geração de 60 milhões de vagas verdes nos próximos 20 anos.

Corporações

O protagonismo das corporações é essencial à transição para a economia verde, embora seja este muito mais do que um modelo de gestão coorporativo. O conceito, na verdade, vai além ao evocar mudanças estruturais no próprio modelo econômico vigente.

Além disso, a escassez das matérias-primas e as mudanças climáticas estão forçando diversos setores a adaptar-se às condições adversas de produção. E as corporações não estão olhando para o lado vazio do copo: o relatório “Adapting for a Green Economy: Companies, Communities, and Climate Change” indica que 86% das empresas consideram que enfrentar o risco climático representa uma oportunidade de negócios.

"A sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial competitivo para ser a condição necessária ao sucesso do negócio", Érica Rush

Ex-presidente da Petrobras, o secretário de Planejamento do Estado da Bahia (Seplan) José Sérgio Gabrielli ressalta que as empresas não podem mais ignorar a responsabilidade social corporativa ou as pressões regulatórias. “É impossível uma empresa sobreviver sem ter uma relação adequada com o ambiente em que ela está colocada e sem ter uma boa relação com seus trabalhadores, seus fornecedores e seus clientes. A nova realidade econômica social exige das empresas uma nova postura”, afirma.

O professor titular da Faculdade de Economia da Universidade São Paulo (FEA/USP), Ricardo Abramovay, reitera a necessidade da adoção de uma atitude diferenciada das corporações. “A noção de necessidades (da sociedade) deixou de ser um tema filosófico abstrato, um assunto de governo ou de organizações de consumidores. Tem que integrar o âmago das decisões empresariais”, ressalta Abramovay, explicando a importância do mundo empresarial levar em conta todos os custos e os stakeholders.

Deste modo, as empresas inseridas na economia verde já estão um passo a frente no novo contexto social. “As organizações com esse perfil precisam compartilhar práticas e soluções, e mostrar que a sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial competitivo para ser uma condição necessária ao sucesso do negócio”, afirma Érica Rusch, especialista em direito ambiental e presidente do Instituto Sustenta.

Segundo ela, as empresas necessitam adotar práticas responsáveis e sustentáveis, tais como: evitar custos ambientais, minimizar o uso de matérias-primas, utilizar eficientemente a água e energia. “Ou seja, encontrar soluções viáveis e econômicas que controlem e melhorem o desempenho de uma organização”, explica Érica, acrescentando: “A transição para uma economia verde trará benefícios a longo prazo que compensarão possíveis perdas de curto prazo”.

Críticas

Se ainda não há consenso sobre a definição, a própria economia verde, como modo de reformular a base econômica global, é vista com desconfiança por diversos setores. A principal crítica é que o modelo é demasiado economicista, servindo apenas como uma roupagem ambiental para o sistema vigente, sem reestruturar profundamente o modelo de desenvolvimento global.

"Economicamente, todos ganham... menos o clima e o meio ambiente" - cartilha o lado B da Economia Verde

O grupo articulador do Comitê Facilitador da Sociedade dos Povos para a Rio+20 é um dos que criticam a decisão da Organização das Nações Unidas (Onu) de ter assumido a economia verde como a grande solução para a crise ambiental atual.

De acordo com a representante do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Rio+20 e diretora da organização não governamental Fase-Solidariedade e Educação, Fátima Mello, a meta da Cúpula dos Povos é, “de um lado, desconstruir essas ilusões e as teses da agenda oficial e, de outro, transmitir a mensagem de que o mundo passa por uma crise global sem precedentes. Essa crise será enfrentada por meio de soluções, cujo caminho é o fortalecimento dos direitos, a recuperação dos bens comuns, ao contrário da mercantilização da natureza, que a agenda oficial propõe”.

Lançada na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, a cartilha “O lado B da Economia Verde”, produzida em parceria da Fundação Heinrich Boell com a Repórter Brasil, também demonstra ceticismo em relação ao conceito.

Logo na introdução, a publicação argumenta que “a adoção de mecanismos de produção menos poluidores deve ser compensada financeiramente, é um contrasenso se a ideia é combater as mudanças climáticas. Porque, em muitos casos, é tudo uma questão de compensação: quem polui demais, em vez de reduzir os danos (o que sai muito caro), paga (mais barato) para que outrem polua ou desmate menos e as contas se equilibrem no zero a zero. Economicamente, todos ganham... menos o clima e o meio ambiente".

De acordo com o documento, a valoração econômica dos serviços sistêmicos da natureza cria um choque com o direito humano ao meio ambiente. “A premissa de que a proteção do meio ambiente só ocorrerá se for lucrativa, ou que só podemos preservar pagando por isso, enfraquece o Estado de Direito e o cumprimento da lei, assim como deixa de fora os aspectos científicos e biológicos inerentes à saúde do planeta, sociais, culturais e espirituais inerentes à sobrevivência das populações rurais e tradicionais que dependem e convivem com a natureza e seus recursos - e que cumpriram até hoje o papel histórico de preservação dos ecossistemas. Acima de tudo, nega o fato de que as crises climáticas e ambientais são decorrência direta de um modelo de desenvolvimento intrinsecamente predador e depredador”, enfatiza.

Para ler a publicação, clique aqui.

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