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SUSTENTABILIDADE

Energia insustentável é principal vetor de desertificação na Caatinga

A opinião é do diretor do departamento de desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Barreto Campelo. "Temos que fomentar boas práticas de uso dos recursos, integrando isso nas atividades econômicas dos agricultores e, ao mesmo tempo, viabilizando a manutenção dos serviços ambientais e conservação ambiental", defendeu o engenheiro florestal.

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25/04/2012 às 10:35 • Atualizada em 13/09/2022 às 7:15 - há XX semanas
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Matriz energética da Caatinga consome, essencialmente, a lenha da região/Foto: Sylvio Camporini

Bioma mais populoso do mundo, onde moram aproximadamente 28 milhões de pessoas, a Caatinga sofre atualmente com uma tendência de descentralização do processo de conservação. A opinião é de Francisco Barreto Campelo, diretor do departamento de desertificação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Segundo dados da pasta ambiental do governo, cerca de 30% da matriz energética dessa região vem da lenha obtida por meio de exploração não sustentável.

A Caatinga exerce importante função econômica nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, da Paraíba, Bahia, de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais. O bioma também é usado para pastagem de gado, produção de mel, comercialização de frutos e como suprimento de energia na produção de cerâmicas e da indústrias de gesso.

“O principal vetor para desertificação é o uso do recurso natural como fonte energética sem critérios sustentáveis. Especialmente com a seca, o homem vai acabar com a única opção produtiva desta época, que é a madeira, principalmente se temos uma matriz que consome essa lenha”, destacou Campelo à Agência Brasil, ao defender um convívio econômico com maior eficiência.

Para Campelo, enquanto as Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral são necessárias para armazenar material genético e servir como ambiente de pesquisa, as UCs de uso sustentável podem interagir diretamente no cotidiano da atividade econômica, considerando, principalmente, a realidade da região que tem a lenha como principal matriz energética. “Muita gente acha que pode mudar a matriz energética do Nordeste. Apoio o desenvolvimento de novas fontes de energia, mas estamos qualificando a fonte que ainda hoje é a mais usada”, observou.

“Temos que fomentar boas práticas de uso dos recursos, integrando isso nas atividades econômicas dos agricultores e, ao mesmo tempo, viabilizando a manutenção dos serviços ambientais e conservação ambiental”, defendeu Campelo, que também é engenheiro florestal.

Nesta semana, representantes dos governos da região Nordeste começam a receber orientações sobre como criar unidades de conservação estaduais (UCs) na Caatinga e quais os benefícios que estas áreas de preservação podem trazer para as populações locais. A oficina deve reunir, em Petrolina (PE), técnicos estaduais que trabalham com a conservação do bioma, presente em 850 mil quilômetros quadrados do país.

Um dos exemplos bem sucedidos que serão apresentados aos técnicos ambientais é o de uma indústria de cerâmica que utiliza 0,3 metro de lenha para produzir um milheiro de tijolo, enquanto a média gira em torno de 2 a 3 metros para um milheiro.

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