Os principais fatores revelados pelo estudo são as tempestades, os fatores biológicos e o estresse
Foto: sxc.hu
Conhecer os principais fatores de morte das árvores foi tema de um estudo de mestrado, chamado de Revelando as causas e a distribuição temporal da mortalidade arbórea em uma floresta de terra-firme na Amazônia Central, realizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) pela estudante Clarissa Gouveia pelo período de um ano. A ideia é entender as vulnerabilidades das árvores diante de eventos catastróficos que vem ocorrendo na Amazônia.
A pesquisa foi feita em dois espaços com uma área de 20x2500 m cada, totalizando 5.808 árvores, sendo catalogadas 67 mortes. Dentre os principais fatores estão às tempestades, os fatores biológicos e o estresse.
Tempestades
De acordo com o estudo, durante o período chuvoso o nível de mortalidade das árvores costuma ficar maior, principalmente, devido à quantidade de tempestades e raios típicos da época. “Na região atingida pelo raio, geralmente encontra-se mais de um individuo morto, representados por mais de uma espécie, além de provocar a morte parcial ou total da regeneração natural do lugar”, esclareceu Clarisse Gouveia ao portal do Inpa.
Grande parte das árvores na Amazônia possui copas assimétricas e as tempestades são capazes de aumentar o peso da copa, provocando a queda das árvores para o seu lado mais pesado. Existem, ainda, registros de tempestades de vento que podem matar milhares de árvores em apenas poucos dias, são os chamados downburst ou roça de ventos.
Fatores biológicos e estresse
Esses dois fatores estão relacionados a competição e supressão entre espécies, déficit hídrico, alagamentos, e ataques patógenos. “No momento que a árvore morre, ela continua a influenciar os organismos ao seu redor, auxiliando no equilíbrio e desenvolvimento de outros organismos. E, também, cooperando na mudança de biomassa, no fornecimento de luz, nutrientes e na umidade da floresta”, explicou Clarissa.
Além das mudanças do tempo, pode-se destacar como influenciadores da mortalidade das árvores as infestações das mesmas por lianas, insetos e fungos. Durante o período da pesquisa, uma espécie foi morta pela hemi-epífita estranguladora Apuí e três outras por fungos patogênicos: duas por Ganoderma sp e uma por Auricularia delicata Fries.
Processo natural
A mortalidade arbórea é considerada um processo natural no ecossistema florestal, pois influencia na estrutura, dinâmica, estoque de carbono e reciclagem de nutrientes. No entanto, quando a mortalidade é maior que a capacidade de resistência da floresta, as consequências em longo prazo podem ser preocupantes. “São observadas mudanças nas taxas de evapotranspiração, temperatura, umidade e na estrutura das espécies”, ressaltou Fontes.
O pioneirismo da pesquisa foi uma contribuição essencial para a comunidade científica, auxiliando na criação de novas perspectivas. “O desejo é que o estudo seja conduzido por mais tempo e em novas áreas para que possamos verificar um possível padrão de comportamento”, almeja Fontes, ressaltando a concepção de um banco de dados maior para a determinação mais exata das variações no clima e a sua relação com a mortalidade arbórea durante determinado período.
Com informações do Inpa
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