Fórum será realizado no Rio de Janeiro, uma semana antes da Rio+20/Imagem: Reprodução
A comunidade científica internacional já definiu que, depois da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), será preciso estabelecer uma agenda de pesquisa e tecnologia e inaugurar uma nova relação entre ciência e sociedade.
O caminho para isso será pavimentado na semana que antecede a Rio+20, no Forum on Science, Technology and Innovation for Sustainable Development, que será realizado entre os dias 11 e 15 de junho, também no Rio de Janeiro. O evento reunirá alguns dos principais cientistas e formuladores de políticas públicas com o objetivo de explorar o papel-chave da ciência interdisciplinar e inovadora na transição para o desenvolvimento sustentável, para a economia verde e para a erradicação da pobreza – as questões centrais que serão discutidas na Rio+20, entre 13 e 22 de junho.
O fórum será organizado pelo Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, na sigla em inglês), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Federação Mundial das Organizações de Engenharia (WFEO), o Conselho Internacional de Ciências Sociais (ISSC), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
De acordo com Alice Abreu, coordenadora regional da Iniciativa Rio+20 da ICSU, o fórum, que será integralmente transmitido pela internet, discutirá temas centrais para o desenvolvimento sustentável inclusivo. "Será uma importante oportunidade para tentar gerar um diálogo entre a comunidade científica e a sociedade civil. Esperamos representantes governamentais, em nível internacional, para discutir temas que são absolutamente centrais para a Rio+20”, destacou Abreu à Agência Fapesp.
Os objetivos do fórum estão alinhados com as conclusões da Declaração sobre o Estado do Planeta, que consolidou a posição da comunidade científica em relação aos debates da Rio+20. O documento foi produzido depois de intensos debates envolvendo mais de 3 mil cientistas especializados em temas socioambientais, durante a reunião Planet Under Pressure, realizada em Londres (Inglaterra), na última semana de março.
A principal conclusão da declaração é que os sistemas terrestres estão passando por uma crise sem precedentes e, para evitar uma emergência humanitária de escala global, será preciso realizar ações que só serão viáveis com o estabelecimento de um novo pacto entre a ciência e a sociedade, com maior conectividade entre as lideranças de todos os setores.
Propostas do fórum
Segundo Abreu, os organizadores do fórum propõem uma reflexão sobre como vai ser a transformação da relação entre ciência e sociedade depois da Rio+20.
“Fazemos um grande esforço para que os governos reconheçam a necessidade de basear em conclusões científicas suas políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável. Mas achamos que a ciência também precisa fazer sua parte: aproximar-se da sociedade, privilegiar a interdisciplinaridade e engajar-se em buscar soluções para os problemas sociais, sem deixar de priorizar a ciência básica”, ressaltou.
Além de discutir como a ciência poderia servir melhor a sociedade, fornecendo o conhecimento necessário para enfrentar o desafio do desenvolvimento sustentável, o fórum também deverá debater como garantir a sustentabilidade econômica e o bem-estar humano em um contexto de rápidas mudanças ambientais e sociais.
Outro eixo central do fórum será a discussão sobre como equilibrar a segurança alimentar e energética em um mundo em crescimento econômico e populacional, sem esgotar os recursos naturais, nem ultrapassar os limites planetários.
“Futuro da Terra”
Além das discussões, a programação do fórum inclui o lançamento de uma nova iniciativa global de dez anos: a Future Earth – research for global sustainability.
“O novo programa é resultado de uma iniciativa de dez organizações internacionais que tentarão inovar na maneira como a ciência é feita. O objetivo do Future Earth é estabelecer de fato um novo contrato entre ciência e sociedade no sentido de envolver todos os campos científicos – incluindo engenharias e ciências sociais – para buscar uma interlocução entre todos os atores da sociedade e estabelecer uma agenda de pesquisa”, explicou Abreu.
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