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Internet pode inspirar novas formas de educação

Os usos das novas tecnologias pelos alunos da Educação para Jovens e Adultos (EJA) não começa na escolas. Com sua grande e complexa estrutura, a instituição escolar não representa, para estas pessoas, um meio facilitador de interação com as mais recentes inovações tecnológicas.

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07/02/2013 às 12:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 6:41 - há XX semanas
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Foto: Daniel F. Pigatto

Por Agência USP

Os usos das novas tecnologias pelos alunos da Educação para Jovens e Adultos (EJA) não começa na escolas. Com sua grande e complexa estrutura, a instituição escolar não representa, para estas pessoas, um meio facilitador de interação com as mais recentes inovações tecnológicas. É o que aponta pesquisa da Faculdade de Educação (FE) da USP, que questiona a visão da escola como único e centralizador pólo de difusão de conhecimentos e enxerga na cultura libertária da internet a inspiração para mudanças estruturais na educação, como as “comunidades de aprendizagem”.

Entre os entrevistados, 75% já tinham computador em casa; mais de 50% já haviam concluído curso de informática; 26% tiveram o primeiro acesso a internet realizado em casa, 35% em “lan houses” e apenas 15% haviam acessado a web nas escolas pela primeira vez

A professora Bianca Santana é a autora da dissertação de mestrado Jovens e adultos em processo de escolarização e as tecnologias digitais: quem usa, a favor de quem e para quê? Além de um breve estudo sobre a região, a pesquisadora entrevistou 30 alunos entre os anos de 2011 e 2012, em salas da EJA, desde a alfabetização até o ensino médio, situadas em cinco escolas públicas nos bairros de Brasilândia e Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, com o objetivo de compreender a relação entre utilização de novos adventos tecnológicos e a escola.

A aplicação dos questionários revelou que, entre os entrevistados, 75% já tinham computador em casa; mais de 50% já haviam concluído curso de informática; 26% tiveram o primeiro acesso a internet realizado em casa, 35% em “lan houses” e apenas 15% haviam acessado a grande rede de computadores nas escolas pela primeira vez. Os principais usos da internet apontados pelos entrevistados foram: realização de pesquisas gerais, utilização de redes sociais e e-mails, downloads de filmes e músicas, e recreação com jogos online.

Para Bianca, os resultados demonstram que a importância da escola como meio de introduzir novas tecnologias para jovens e adultos da EJA é praticamente nula: “Uma das perguntas feitas era sobre a quem os alunos recorriam quando tinham dúvida na utilização de computadores, e nenhum dos 30 entrevistados respondeu ‘ao professor’. As pessoas que ajudavam a solucionar suas dúvidas era os amigos, filhos, netos, monitores de lan houses.”

Além de constatar a desarticulação entre usos de novas tecnologias e alunos da EJA, o estudo demonstra outros sintomas da dificuldade de escolarização de adultos: “Hoje o campo da EJA sofre uma dificuldade muito grande nas políticas públicas de educação. Existe pouca valorização da sociedade em geral acerca da EJA, e pouco incentivo para que adultos estejam nas escolas. A EJA é o primo pobre da educação”, relata a professora.

Aprendizagem

O estudo demonstra como é difícil a implementação de políticas públicas que venham de “cima para baixo”: “Nos escritórios e gabinetes podemos pensar e imaginar as mais diversas, criativas e inovadoras políticas para a educação. Entretanto, quem aplica essas políticas, os professores e os alunos, em última estância, é que de fato conhecem as demandas e as necessidades reais de mudança na educação, o que pode dar certo ou errado”, diz Bianca.

Como possível saída para o impasse, ela propõe a reflexão acerca das “Comunidades de Aprendizagem”, a articulação das escolas com outros equipamentos de seu entorno: “Se o Telecentro ou mesmo as Lan Houses são lugares onde as pessoas podem aprender sobre novas tecnologias, isso não precisa necessariamente acontecer na escola. As escolas podem ser, no caso da EJA, o local onde os adultos aprendem a ler e escrever, e até mesmo, conhecimentos básicos de informática, mas não podem ser a única fonte de conhecimento.”

Segundo o estudo, mesmo a questão burocrática referente a emissão de certificados por parte da escola poderia ser resolvida. As comunidades de aprendizagem poderiam promover o encontro de profissionais de uma determinada área e interessados em conhecer sobre aquele campo de trabalho. Após o repasse de conhecimentos e saberes, a escola poderia emitir um certificado de formação para os ‘alunos’.

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