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Mais de 60% das grandes companhias do Brasil não têm metas de emissões, aponta relatório

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05/02/2015 às 11:32 • Atualizada em 01/09/2022 às 22:33 - há XX semanas
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Foram analisadas as respostas de 140 fornecedores brasileiros à solicitação de 66 empresas-membro do programa em 2014 e que representam US$ 1,3 trilhão em poder aquisitivo
Foto: Ian Britton

A integração das mudanças no clima às estratégias de negócios é algo presente nas empresas, porém, ainda é necessário um avanço significativo para que as ações de combate às alterações climáticas deixem de ser entendidas como táticas e passem a ser tratadas como estratégicas pelas companhias em todo o Brasil. É o que mostra o sumário executivo da edição 2014 do Programa CDP Supply Chain no Brasil: Gestão das mudanças climáticas na cadeia de valor: desafios e conquistas.

O relatório lançado pelo CDP, organização internacional que atua junto a empresas, investidores e cidades de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais, foi divulgado nesta quinta-feira, 5 de fevereiro.

De acordo com o levantamento, poucas empresas possuem iniciativas ativas de redução de emissões. Por outro lado, os setores de Bens de Consumo, Financeiro, TI, Serviços de Telecomunicações e de Utilidades se destacaram ao longo do ano por apresentarem percentuais maiores de redução.

64% das grandes companhias afirmam não possuir metas ativas de redução de emissões. Já entre as pequenas e médias empresas, esse percentual sobe para 75%.

O documento foi elaborado pelo CDP em parceria com a Gestão Origami, também responsável por implementar a metodologia de scoring do CDP para avaliar as empresas participantes do Programa Supply Chain no Brasil.

Para tanto, foram analisadas as respostas de 140 fornecedores brasileiros à solicitação de 66 empresas-membro do programa em 2014 e que representam US$ 1,3 trilhão em poder aquisitivo, e incluem organizações como Ford, Unilever, Walmart, Banco Bradesco, Braskem e Marfrig, entre outras.

No que diz respeito às metas de redução de emissões, 64% das grandes companhias afirmam não possuir metas ativas de redução de emissões. Já entre as pequenas e médias empresas, esse percentual sobe para 75%. No entanto, são os setores energético e de utilidades que se destacam pela maior propensão ao estabelecimento de metas de redução de emissões.

O sumário identificou que o engajamento dos fornecedores sobre as emissões de gases de efeito estufa e estratégias de mudanças climáticas mostrou-se uma prática ainda incipiente, já que somente 13% das empresas de grande porte e 7% de pequeno porte mostram algum tipo de envolvimento.

Os dados mostram ainda que a incerteza regulatória e a falta de medição e reporte das companhias tende a ser maior em empresas mais engajadas e com maior exposição às questões climáticas, como os setores já regulados pela legislação nacional. No entanto, para pequenas e médias empresas e setores que ainda não inseriram a gestão climática em seu negócio, falta a percepção de que o tema integra o negócio e pode ser aproveitado como uma ferramenta para atingir novos mercados e práticas mais sustentáveis.

Cases de sucesso
Em 2014, foram selecionadas três empresas – de grande, médio e pequeno porte - para a elaboração de um estudo de caso em parceria com o Insper, uma instituição de ensino superior e pesquisa. Esses fornecedores foram engajados no Programa Supply Chain por indicação de empresas-membro, com as quais formaram parcerias na cadeia de valor.

Na medida em que cresce a pressão por produtos e processos menos intensivos em carbono, a competitividade de uma companhia será determinada pela sua habilidade de medir, gerir, reportar e reduzir suas emissões de carbono, adaptando sua estratégia de negócio aos riscos das mudanças climáticas.

Independentemente do porte da companhia, é possível integrar as mudanças climáticas à estratégia do negócio.

Apesar de complexa, essa tarefa tem proporcionado às empresas e seus fornecedores ganhos de eficiência em processos, redução de custos e, consequentemente, uma melhor performance econômica. É o que demonstram os cases do Grupo Libra Grupo (fornecedor da Braskem), da Mod Line Soluções Corporativas (fornecedor do Banco Bradesco) e da WEG (fornecedor da Marfrig).

Independentemente do porte da companhia, é possível integrar as mudanças climáticas à estratégia do negócio. Prova disso é o resultado final da avaliação da Mod Line Soluções Corporativas no Programa Supply Chain do CDP. A empresa caracterizada como pequena e média empresa (SME) obteve score A- no que se refere ao critério de desempenho na metodologia do CDP, que avalia a integração das mudanças climáticas à estratégia de negócio e a redução significativa de emissões. Esta é a primeira vez que uma empresa obtém essa pontuação no Brasil. Das 3.396 empresas respondentes no mundo ao programa Supply Chain, apenas 121 alcançaram essa nota.

“Este é um exemplo concreto de que não importa o setor de atuação, o tamanho e a origem da companhia. Qualquer empresa pode se tornar protagonista na busca de melhorias em seus processos e operações e também em sua cadeia de valor, visando reduzir emissões e impactos no meio ambiente e sociedade”, destaca Lauro Marins, gerente do Programa CDP Supply Chain Latin America.

Reconhecimento às boas práticas
O Programa Supply Chain é composto de um processo anual de aplicação de questionários, que resulta em informações dos fornecedores sobre mudanças climáticas, bem como estratégias de ação relacionadas com a água. Em 2014 foram convidadas 191 empresas no Brasil, sendo que 140 responderam ao questionário. O País é o terceiro maior em número de empresas convidadas/respondentes, atrás apenas dos Estados Unidos e da Inglaterra.

- Conheça o sumário executivo do estudo (em PDF) -

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