Gases emitidos pelo setor de transporte contribuem para a poluição nas cidades, mas existem outros fatores
Foto: DucDigital/Flickr/(cc)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que mais de 80% da população urbana mundial vive em áreas com alta taxa de poluição do ar. A informação consta do terceiro Relatório Global sobre o assunto, lançado nesta quinta-feira, 12 de maio, pela agência da ONU.
Segundo os especialistas, a poluição do ar representa o maior risco ambiental à saúde. Ela é responsável por mais de 3 milhões de mortes prematuras no mundo todos os anos.
De acordo com o documento, 98% das cidades dos países de baixa e média rendas, com mais de 100 mil habitantes, apresentam índices de qualidade do ar piores do que o estipulado pela OMS. No caso dos países ricos, a taxa das cidades que registram ar poluído caiu para 56%.
De Genebra, em entrevista à Rádio ONU, Carlos Dora, epidemiologista da agência falou sobre as conclusões do relatório. "Nas cidades dos países em desenvolvimento, a gente vê que tem uma quantidade maior (de cidades poluídas) e a tendência é piorar. Então isso é, obviamente, preocupante. Uma parte dos dados, mostra exatamente essa tendência temporária. A piora no geral é de 8%."
O estudo da OMS foi feito em 3 mil cidades em 103 países. No Brasil, os especialistas analisaram 45 cidades do Nordeste ao Sul do país, entre elas, Curitiba, Campinas, São Paulo, Campos, no Estado do Rio de Janeiro e Malembá e Madre de Deus, na região metropolitana de Salvador.
"Tem, por exemplo, cidades como Curitiba, que tinha um nível que antes era acima do preconizado pela OMS e que agora tem o ar limpo de acordo com a qualidade de ar da agência da ONU. É uma coisa muito positiva porque Curitiba também tem um dos melhores exemplos de políticas públicas que levam a limpar a qualidade do ar. Gestão dos resíduos para não queimar o lixo, (a cidade) faz uma gestão ecológica dos resíduos, deixa fermentar e colhe o metano para usar como biogás. Então tem uma série de soluções na gestão de resíduos que eles estão implementando."
Rodízio de carros
Dora falou ainda que o rodízio de carros implementado em várias cidades mundiais, como por exemplo em São Paulo e na Cidade do México, funciona para reduzir a poluição em situação aguda. Mas ele disse que, em longo prazo, as cidades devem analisar a situação detalhadamente e buscar a causa da poluição.
O representante da OMS citou que Nova York, na época do prefeito Michael Bloomberg, fez um estudo que concluiu que metade da poluição do ar vinha do combustível "sujo" usado nos equipamentos de aquecimento e refrigeração dos prédios da cidade e não dos carros.
Poluição e saúde
Dora fez uma comparação dizendo que as medidas adotadas para combater a poluição do ar podem ajudar na área de saúde. Segundo ele, as pessoas que têm doenças vasculares recebem recomendações para fazer exercício físico, não fumar e ter uma dieta saudável.
Mas o epidemiologista da OMS declarou que não há uma recomendação especial para que essas pessoas evitem ambientes poluídos.
Para ele, "é crucial que os governos e cidades façam da qualidade do ar em regiões urbanas uma prioridade de saúde e desenvolvimento".
Dora afirmou que "quando a qualidade do ar melhora, diminuem os gastos de saúde relativos a doenças como alergias e infecções pulmonares, aumenta a produtividade dos trabalhadores e também a expectativa de vida da população".
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Redação iBahia
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