"Café": espaço criado por Franklin Fioroti e Ricardo Tajiri aproveita materiais de descarte de obras como telas metálicas e cimento, que foram utilizados para confecção da bancada de cimento queimado
Fotos: Divulgação
Um casarão dos anos 40, há uma década inativo, foi o cenário escolhido para que mais de 20 profissionais de design e decoração de São Paulo imprimissem em cada ambiente sua perspectiva sobre a sustentabilidade nos dias de hoje.
O resultado deste trabalho pode ser conferido na primeira edição da Mostra Viver São Paulo, realizada até o dia 31 de janeiro, no número 263 da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. Os ambientes estarão abertos ao público para visitação de terça à domingo das 12h às 20h.
Com curadoria da designer de interiores Isabela Augusto de Lima e Paulo Coutinho, ambientalista com experiência em projetos na Amazônia e atualmente consultor em sustentabilidade, a Mostra apresenta ambientes criativos que inspiram mudanças na decoração dos lares e incentivam a prática de um padrão de consumo menos agressivo à natureza.
Paulo Alves, Juliana Vasconcellos e Daniela Colnaghi, entre outros nomes do mercado, provam como a reutilização de pisos, revestimentos e móveis podem fazer parte de um projeto sofisticado, prático e, ao mesmo tempo, leve para o planeta, com a diminuição de resíduos, transporte e novos materiais.
Compõem ainda o leque de alternativas expostas na Mostra, tecnologias diferenciadas e elegantes para captação de água de chuva, técnicas que permitem reduzir o desperdício de materiais ou melhorar a eficiência energética das residências, utilização de paredes verdes e um sistema próprio para gerir todos os resíduos sólidos produzidos durante o evento.
Novo paradigma
A Mostra se destaca quando à aplicação da sustentabilidade no mercado de design e arquitetura. Para Isabela e Paulo, há uma necessidade em refletir sobre um novo paradigma da decoração atual, aliando não apenas o útil e o belo, mas também o sustentável.
“A sustentabilidade ainda está muito associada a materiais recicláveis, móveis rústicos e não funcionais. “É claro que tudo isso faz parte deste movimento ambiental que vem crescendo nos últimos anos, mas queremos mostrar que o sustentável pode estar ligado ao belo porque na natureza é assim. Não existe uma dicotomia entre beleza e funcionalidade, está tudo integrado. E também não adianta falar de sustentabilidade se não a praticarmos dentro de casa”, ressalta Isabela.
O "Espaço da Família", criado por Ana Paula Briza e Fernanda Takadachi, liga o conceito da qualidade das relações afetivas, traz tapetes feitos com lona de caminhão, ventiladores com fibra de coco, brinquedos produzidos com toras de eucaliptos e piso autoportante que permite a reutilização em outro imóvel
Na visão de Paulo Coutinho, o movimento de mudança é muito amplo e de responsabilidade de todas as esferas da sociedade, incluindo consumidores, indústria, governo e terceiro setor. “Sabemos que muitas tecnologias para uma moradia sustentável, como as placas fotovoltaicas, ainda são um investimento inacessível para grande parte da população, que carece de políticas públicas para incentivar o uso. Por isso, nossa parceria com os arquitetos e designers, que são agentes transformadores na medida em que eles impactam tanto os consumidores, ao orientá-los a adquirir produtos sustentáveis ou a aproveitar elementos já existentes no ambiente, quanto a indústria, ao questionar, por exemplo, a procedência da madeira que o fabricante está usando em seus móveis”, explica.
Longo prazo
Diferente de outras mostras da cidade, a Viver São Paulo nasceu com a missão de apresentar ambientes que buscam ser um bom negócio ao mesmo tempo em que são cheios de charme e que reduzem o impacto da ação humana sobre o planeta. “Somos um grupo grande, de mais de 20 profissionais com vivências e backgrounds diversos e que tem um interesse difuso pela sustentabilidade. Mas o que temos a nosso favor é que todos, de alguma forma, se mostram dispostos a se associar à sustentabilidade. E é justamente esse ponto em comum que queremos ressaltar”, diz Isabela.
Isabela e Paulo frisam que a Mostra é um projeto de longo prazo. “Além de profissionais e indústrias, nos preocupamos com as futuras gerações. O planeta não vai acabar, o que pode acabar é o ser humano. E isso é uma preocupação central que nos leva ao consumo consciente. A sustentabilidade é um processo de crescimento da consciência humana e da consolidação de novas práticas que nos colocam ao lado da natureza. Assim, esperamos que as novas edições da Mostra já revelem um avanço de tudo que for apresentado aqui”, destaca Coutinho.
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