Emissões de gases do efeito estufa crescem em todo o mundo, o que alimenta tendência de aquecimento global
Foto: Graf Spee
Ainda faltam, praticamente, sete anos para 2020, mas já temos uma certeza: aquela meta firmada pelos países em 2010 para evitar que a temperatura do planeta suba mais que 2ºC até lá será descumprida, mesmo que todos os governos decidissem agora ser mais ambiciosos quanto a redução dos gases de efeito estufa.
A terceira edição do Relatório sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa, divulgada na quarta-feira, 21 de novembro, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), mostra, em um novo cálculo, que a concentração de gases do aquecimento global pode ficar até 14 gigatones (medida utilizada pelos cientistas para medir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono) acima do nível definido como meta para 2020, que seria de 44 gigatones.
Em 1990, o volume de emissões era de 37 gigatones. Atualmente, este índice chegou a 49 gigatones. Segundo o estudo, em vez de diminuir, a presença de gases como o dióxido de carbono na atmosfera aumentou cerca de 20%, desde o ano 2000. Por isso, especialistas projetam que, caso os países se debrucem sobre medidas mais audaciosas, as emissões chegariam, na melhor das hipóteses, a 52 gigatones.
Metas inviáveis
De acordo com o levantamento, a distância entre a atual situação, o que os pesquisadores projetam como cenário para 2020 e o que os cientistas consideram como índices ideais, é cada vez maior.
Há dois anos, representantes de mais de 190 países se comprometeram, na África do Sul, com ações para conter o aumento da temperatura no mundo. Ao reconhecerem a necessidade de mudanças globais para minimizar problemas decorrentes das mudanças climáticas – como grandes enchentes e secas extremas, as economias concordaram em definir metas até 2015, que deverão ser colocadas em prática por todos os governos signatários a partir de 2020.
Entraves antes da COP-18
Esse conjunto de metas foi chamado de Plataforma Durban e deve substituir o Protocolo de Kyoto em oito anos. O acordo global, porém, segue ainda na teoria, sob ameaça de resistência ou dificuldade de países como Estados Unidos e China em modificar padrões como o da queima de combustíveis fósseis (responsável por mais de 60% das emissões dos países mais desenvolvidos).
Trânsito intenso no túnel do Anhamgabaú, em São Paulo
Foto: Ze Carlos Barreta
Além disso, muitas economias europeias ainda travam a definição de questões complexas, como a transferência de tecnologia e financiamento para que países mais pobres e em desenvolvimento consigam acompanhar as mudanças globais.
Diante dos alertas pessimistas, negociadores de mais de 190 países que participarão da 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-18), em Doha, no Catar, a partir da próxima semana (26 de novembro a 7 de dezembro), sabem que as pressões por mudanças vão continuar e recairão tanto sobre os setores produtivos quanto acerca dos governos para a implantação de medidas de controle das emissões.
Emissões crescem em São Paulo
Em São Paulo, maior cidade do Brasil, o crescimento da frota de automóveis e o consequente aumento do consumo de combustíveis fósseis (como a gasolina) foram os principais responsáveis por elevar as emissões de gases de efeito estufa no município entre 2003 e 2011, de acordo com inventário divulgado pela prefeitura na segunda semana de novembro.
A capital paulista emitiu, em 2011, o total de 16,430 milhões de toneladas de CO2 equivalente (medida que soma a concentração de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases). A quantidade é maior que o volume emitido em 2003, ano em que foi realizado o primeiro inventário e registrou 15,738 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
O diagnóstico foi produzido pelo Instituto Ekos e a empresa Geoklock, com patrocínio do Banco Mundial.
- Baixe o relatório na íntegra em PDF (em inglês) -
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