Oficina reuniu profissionais da mídia e técnicos para debater temática ambiental
Fotos: Clara Côrrea/Portal EcoD
Quando Shakespeare explanou, no clássico Hamlet, que “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”, desconhecia grande parte dos problemas ambientais com o qual vivemos hoje. No entanto, o aforismo imortalizado pelo autor inglês pode muito bem ser aplicado para a complexidade que é o iceberg de informações sobre sustentabilidade do qual só a ponta é vista e divulgada.
Com o objetivo de dar as pistas sobre o que se esconde sob a superfície, técnicos e jornalistas da região Nordeste se encontraram na Oficina de Jornalismo Ambiental, realizada pelo Instituto Baleia Jubarte, nos dias 4 e 5 de dezembro, em Praia do Forte (BA).
Profissionais da Rede Biomar, composta pelos projetos Baleia Jubarte, Tamar, Albatroz, Golfinho Rotador e Coral Vivo, demonstraram a importância da conservação do ambiente marinho brasileiro para evitar a redução ainda maior da biodiversidade. Além disso, palestras de pesquisadores e profissionais que atuam em ambas as áreas enriqueceram a discussão sobre a necessidade de ampliar o debate na mídia sobre sustentabilidade.
“O encontro foi para todos nós uma grande oportunidade de fazer contatos e compartilhar experiências e conhecimentos acerca do ambiente marinho e dos esforços de conservação das espécies. É importante frisar que o ecossistema marinho é o menos protegido do Brasil e está entre os mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas globais”, afirmou Márcia Engel, coordenadora do Projeto Baleia Jubarte.
Mar profundo
A importância do ambiente marinho e a necessidade de políticas de conservação permeou a fala de praticamente todos os palestrantes da oficina. Para Mauro Maida, oceanólogo e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), se há mais coisas entre o céu e a terra, muitas destas se encontram no ambiente marinho. “A gente não se importa com o que está embaixo d’água, simplesmente porque não vemos”, explicou ele.
Gerente de biodiversidade aquática e recursos pesqueiros do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Mônica Peres, destacou que apenas 10% do oceano foi estudado e, mesmo assim, das 100 milhões de espécies descritas, cerca de 80 correspondem a espécies marinhas. A biodiversidade marinha, contudo, está concentrada ao longo da costa, com apenas das 10% das espécies habitando águas mais profundas, o chamado “mar aberto”. Além disso, o mar é o verdadeiro “pulmão do mundo”, uma vez que o fitoplâncton marinho produz aproximadamente 70% do oxigênio da Terra.
Embora possua importância fundamental, a nossa Amazônia Azul, segundo enfatizou Maida, é muito pouco protegida, com apenas 0,05% do território inseridos em unidades de conservação (UC). “A criação de UCs marinhas é a forma mais eficiente de garantir a produção pesqueira”, observou ele.
A pesca feita sem manejo adequado levou à superexploração de 76% das espécies marinhas. E não tinha como ser diferente: “A safra da pesca é feita bem no momento da reprodução”, ressaltou Mônica. Ela acredita que é possível conciliar conservação marinha e a produção pesqueira. “Eu acho que é possível e estamos avançando nessa área. (Mas) a velocidade do avanço não é compatível com a do retrocesso”, assinalou.
“A gente não vê a fauna marinha da mesma forma que os bichos terrestres. Não somos um país marinho”, disparou Maida.
Profissionais de diversos veículos, especializados ou não, participaram da primeira edição da oficina
*O EcoD viajou para participar da Oficina à convite do Instituto Baleia Jubarte e foi representado pelas jornalistas Clara Côrrea e Raíza Tourinho.
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