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Projeto de moda social une África e Brasil com peças criadas por refugiados

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05/02/2016 às 13:40 • Atualizada em 01/09/2022 às 23:48 - há XX semanas
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Os produtos são destinados para o mercado brasileiro e argentino – e o dinheiro arrecadado vai para bancar o projeto
Fotos: L’Afrikana/Divulgação

Foi em uma viagem ao Quênia, para conclusão de um curso de teatro comunitário, que a empreendedora catarinense Renatha Flores viveu a epifania que mudaria sua vida. Ao se ver diante da dura realidade dos refugiados congolenses, burundinenses e ruandeses que habitavam no Quênia – fugidos dos horrores da diversas guerras civis, da miséria e de tantos outros males que assolam o continente africano – Renatha procurou um meio de ajudar essas pessoas através de seus talentos pessoais e do apreço pela profunda riqueza cultural local.

Assim, Renatha juntou-se a uma amiga argentina e a Majaliwa, Simbi e Jacob, seus sócios congoleses, para criar a L’Afrikana, um projeto de moda social que utiliza tecidos africanos de alta qualidade e mão de obra local, para produzir peças de roupa, estampas e objetos de decoração. “Nós somos vizinhos, amigos e parceiros, foi o amor e a amizade que deram a base para esse trabalho”, conta Renatha. “Eles tem uma situação de vida muito difícil. O Jacob tem mais de 600 cicatrizes no corpo de facadas, a mulher dele já foi estuprada diversas vezes, inclusive um dos filhos dele é de ‘um inimigo’ de uma milícia que a atacou”.

Os produtos são destinados para o mercado brasileiro e argentino – e o dinheiro arrecadado vai para bancar o projeto, que acolhe os artistas e suas famílias. “No Quênia eles não tem uma vida fácil. São todos refugiados de guerra e chegam ali, num dos lugares mais pobres do mundo e acabam pegando doenças que nunca pegaram na vida”, lamenta. “Vira e mexe alguém pega malária, nós inclusive, ainda com seis meses de projeto perdemos uma pessoa, então é bem complicado”, conclui.

O desejo é inaugurar em breve um serviço de e-commerce ligado à marca

Tudo isso aconteceu há dois anos. Desde então, a marca cresceu, ganhou a adesão de alguns profissionais da moda, assim como doações de máquinas e equipamentos de costura, financiamentos levantados através de mídias sociais, tornando-se um projeto reconhecido por organismos internacionais de apoio a refugiados.

Histórias de superação
O Quênia, ainda que se trate de um país em crescimento, é uma das mais pobres nações do continente africano. Os envolvidos na produção das peças vendidas pela marca trazem histórias de superações de horrores como estupros, assassinatos, torturas, fome e fuga. Para saber mais dessas histórias, e conhecer os artistas por trás dessas obras, clique aqui.

A marca L’Afrikana acredita que o investimento na criatividade, na cultura e na educação, assim como no trabalho local, são forças importantes para a superação dos horrores que a população do continente africano é submetida – e trabalha arduamente para fazer sua parte. Renatha completa: “O projeto permite que os próprios refugiados ajudem outros refugiados da maneira que eles acham melhor. A escolha da moda como ferramenta veio deles”.

Atendimento psicológico
Renatha ainda esclarece que hoje o projeto conta também com atendimento psicológico, pois os refugiados carregam traumas grandes. “Hoje, estamos apostando no suporte psicológico para que eles tenham um desenvolvimento pessoal mais sólido”.

Por enquanto as vendas acontecem somente em Florianópolis e, a partir do dia 20 de fevereiro, também na loja colaborativa Cada Qual, em São Paulo, mas o desejo é inaugurar em breve um serviço de e-commerce ligado à marca, e assim expandir esse encontro fraterno entre o Brasil e o Quênia para todo o país.

Para saber mais sobre o projeto, visite o site oficial da L’Afrikana aqui.

(Por Clara Caldeira e Vitor Paiva, do Hypeness)

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