O medicamento ainda será testado em humanos/ Foto: .Krol.
Pesquisadores do Instituto Butantan descobriram que uma proteína encontrada em lagartas pode ajudar na cicatrização e regenerar tecidos do corpo humano. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, a descoberta deve auxiliar no tratamento de diversas doenças degenerativas, além da asma, do diabetes e de queimaduras.
Em entrevista à Agência Brasil, a diretora do laboratório de bioquímica e biofísica do instituto onde a pesquisa foi desenvolvida, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, afirmou que essa descoberta foi constatada após anos de estudo acerca da lagarta Lonomia. “No Sul do Brasil, essa lagarta é o motivo de acidentes em pessoas e esses acidentes geram problema de coagulação e hemorragias, podendo até ocasionar hemorragia cerebral e levar ao óbito”, comentou. Esta foi a razão para que os pesquisadores desenvolvessem o estudo, na tentativa de descobrir qual era o mecanismo de ação do veneno.
Na segunda etapa da pesquisa, foram verificados outros componentes do veneno. Os estudiosos notaram que a proteína da lagarta, encontrada inicialmente nos extratos dos espinhos, protege as células da morte e estimula a produção de moléculas importantes na regeneração. “Ela [proteína] também aumenta a capacidade metabólica da célula, ou seja, sua energia, fazendo com que o processo seja mais rápido”, explicou Ana Marisa.
Durante o estudo, os pesquisadores perceberam que, ao usar a proteína, a cicatrização em animais ocorreu 40% mais rápida, sem a formação de queloides (espécie de calombo ou ranhuras). Outra aplicação dessa substância seria no combate às rugas. “Acreditamos que ela [proteína] também possa ser utilizada como um dermocosmético, ajudando como um antienvelhecimento”, frisou a diretora.
Até o momento, a substância foi aplicada em animais portadores de asma e úlceras diabéticas, e os primeiros resultados demonstraram a eficiência do medicamento na cicatrização do local afetado.
O medicamento ainda será testado em humanos. “Acreditamos que, se bem trabalhado, em um ano devemos ter resultados suficientes de segurança para depois podermos começar testes clínicos”, constatou. Segundo Ana Marisa, a indústria farmacêutica estima que, no máximo em quatro anos, esse medicamento possa ser comercializado e usado em humanos.
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