Mathias Becker, presidente da Renova Energia, anuncia parceria com a Alston em evento em São Paulo
Foto: Divulgação
Nem adianta procurar nos dicionários: a palavra “Caetitezação” não consta em absolutamente nenhum deles. O neologismo tampouco tem algo a ver com o músico Caetano Veloso, caso alguém arrisque por essa via. O termo está relacionado ao município de Caetité, no Semiárido baiano, e não sai do vocabulário da Renova Energia e da francesa Alston, que anunciaram em fevereiro, em São Paulo, um memorando de entendimento orçado em 1 bilhão de euros (mais de R$ 2,7 milhões) para o fornecimento, ao longo de três a quatro anos, de 440 aerogeradores eólicos, cuja capacidade mínima instalada é de 1,2 GW.
A entrega dos equipamentos, que serão produzidos pela fábrica da Alston em Camaçari (região metropolitana de Salvador), será iniciada em 2015. De acordo com as empresas, o volume de energia previsto na parceria equivale à quase totalidade de geração atual do mercado eólico brasileiro. O acordo com a Alston também inclui serviços de manutenção e operação.
“Caetitezação significa o nosso entendimento de que não basta ‘tropicalizar’ a energia eólica, mas sim adaptar a tecnologia aos ventos locais, além de criar uma cadeia de suprimentos”, explicou à Revista [B+] Mathias Becker, diretor-presidente da Renova Energia.
Ampliação da fábrica
Inaugurada em novembro de 2011, a fábrica da Alston em Camaçari tem capacidade instalada de 300 MW por ano, com um único turno de trabalho. Agora, depois da parceria com a Renova, será viabilizado um novo turno que será aberto ainda no primeiro semestre de 2013, o que deve elevar a capacidade para 600 MW anuais.
Para o presidente mundial do setor de energia renovável da Alston, Jerome Pécresse, a parceria representa o maior acordo mundial on-shore (em terra firme) da companhia na área eólica. “Vamos produzir tecnologias adaptadas às condições climáticas locais, por meio da otimização das turbinas”, destacou o executivo francês.
Linhas de transmissão
Principal entrave ao projeto da Renova em solo baiano, as linhas de transmissão sob responsabilidade da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) ainda não estão prontas, o que impede a distribuição da energia produzida pelos parques da empresa. A construção envolve os municípios de Bom Jesus da Lapa e Igaporã. “Estamos apoiando a Chesf quanto à criação das linhas de transmissão, tanto nas questões de licenciamento, fundiária e de gerenciamento da obra”, ressalta Mathias Becker.
O prazo que a Chesf estimou para a conclusão é dezembro de 2013. Enquanto isso, o governo federal tem um prejuízo semestral de cerca de R$ 100 milhões, por força de contrato, pois tem de pagar por uma energia que não está sendo consumida.
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