Igualdade social é um dos fatores-chave para um mundo mais sustentável
Foto: DFID / Pippa Ranger / Flickr / (cc)
De inundações e quebras de safra à qualidade do ar e à poluição da água, os governos de todo o mundo estão enfrentando o desafio de construir um futuro sustentável para as pessoas e para a natureza. Contudo, os esforços globais para proteger o planeta irão falhar se não levarmos em conta conceitos como igualdade e bem-estar.
O alerta está em um estudo realizado por uma equipe multidisciplinar e multi-institucional, liderada por Christina Hicks, da Universidade Lancaster, no Reino Unido, e publicado pela revista Science.
"Nossa busca para alcançar um ambiente saudável e sustentável depende profundamente de compreendermos como o bem-estar humano está ligado ao meio ambiente e é impactado pela forma como o administramos", explica o professor Phil Levin, da NOAA dos EUA (National Oceanic and Atmospheric Administration).
Conceitos essenciais
O principal argumento da equipe é que, se quisermos fazer mudanças justas e duradouras para o meio ambiente, precisamos nos engajar de forma concreta, com a ciência sim, mas também com conceitos sociais essenciais.
Os autores identificam sete conceitos sociais-chave, que são muitas vezes marginalizados nos esforços para atingir as metas de sustentabilidade:
1) Bem-estar
2) Cultura
3) Valores
4) Desigualdade
5) Justiça
6) Poder
7) Um sentido de autodeterminação
Eles sugerem que, embora estes conceitos sejam mais difíceis de quantificar do que o PIB ou as emissões de carbono, eles podem ser medidos e métodos já estão sendo desenvolvidos por pesquisadores e formuladores de políticas para quantificar alguns deles, incluindo o bem-estar, a autodeterminação, os valores e a desigualdade.
Proteção ambiental compatível
Sem essa perspectiva do social, corremos o risco de ir por uma estrada que protege o planeta, mas é incompatível com o bem-estar humano.
"O bem-estar humano é dependente de ecossistemas saudáveis, mas a busca do bem-estar no curto prazo pode afetar negativamente os mesmos ecossistemas. Para mim, tudo se resume a criar um mundo mais justo - nós podemos agir para proteger o nosso ambiente, mas, por vezes, essas ações podem aumentar a desigualdade, e então a abordagem não vai ser sustentável em longo prazo."
"Por exemplo, criamos parques marinhos e parques terrestres para proteger a natureza e a biodiversidade e com toda a razão. Mas, ao fazer isso, frequentemente temos tirado os meios de subsistência das pessoas, retirando as pessoas de sua própria terra. As pessoas têm sofrido. Uma sustentabilidade duradoura dependerá de soluções legítimas e justas", defende a professora Christina Hicks.
Cientistas sociais
Como meio de ação, o artigo destaca a importância de incorporar cientistas sociais para que eles trabalhem ao lado dos cientistas ambientais e dos decisores políticos.
"A ciência social é fundamental para decifrar como as pessoas interagem com seu ambiente, mas muitas vezes as complexidades dessa relação e as linguagens nas quais ela é expressa podem se tornar uma barreira à forma como ela é usada por outras ciências e pela política", ressaltou Sarah Coulthard, coautora do estudo.
(Via Inovação Tecnológica, com informações da Universidade Lancaster)
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