Monja Coen em sua palestra no Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios
Foto: Rodrigo Lorenzon
Não existe nenhum ser sozinho. Tudo que está vivo está interligado. Todos os seres são co-responsáveis pela continuidade da vida. As pessoas são meio ambiente e, ao contrário do que se pode pensar, não estão separadas dele. Os seres humanos não vivem sem as outras formas de vida. A vida é um constante ciclo de transformação. Nada é permanente. É preciso ter cuidado com as próprias atitudes, pois elas interferem no todo.
Estas palavras foram ditas pela Monja Coen, da comunidade zen budista, no encerramento do Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios, na sexta-feira, 3 de julho, em Cuiabá. Ela foi a palestrante convidada do Sebrae, Centro Sebrae de Sustentabilidade e Banco da Amazônia, que promoveram o evento, para o final do encontro. Cerca de trezentas pessoas estavam no Auditório das Borboletas do Centro de Eventos do Panantal e assistiram atentas à palestra inspiradora.
Antes de falar, Monja Coen propôs ao público uma parada para respirar. Orientou como se sentar, postar as mãos e a observar a inspiração e expiração lentamente e com os olhos semicerrados. Foi um momento relaxante, bastante diferente das palestras proferidas na quinta-feira (2) e sexta-feira (3). Depois do exercício, ela falou calmamente sobre as semelhanças entre os seres humanos e seus dilemas internos e em relação à natureza e ao planeta.
O tema de sua palestra foi ‘O Valor da Vida’. “Nós somos a natureza. Não somos nós e a natureza. Não estamos separados de nada. Intersomos”, resumiu. Colocando a responsabilidade de transformar o mundo e a realidade nas mãos de cada indivíduo, ela ressaltou o papel das pessoas conscientes. “Quando melhoro, todos melhoram. Precisamos de seres humanos livres e conscientes”, afirmou.
Realidades paralelas
A mente pode se tornar ‘deludida’, isto é, separada, provocando reações de raiva, fantasia, medo e impedir a evolução dos indivíduos, da sociedade e do planeta. Monja Coen alertou para a criação de realidades paralelas pela mídia, que valoriza demais as más notícias e contaminam as pessoas e a sociedade. “Tem coisas maravilhosas acontecendo. Estão criando uma fantasia com a corrupção”, comentou.
Chamou a atenção para a palavra corrupto, que significa corte do coração em latim, ou seja, rompido, separado. Sempre existiu corrupção na humanidade, mas não quer dizer que todos sejam corruptos. Alguns estão separados, não todos, complementou.
Não cair na armadilha
Ela contou pequenos casos ilustrando como é possível não cair na armadilha de apenas reagir, sem pensar, sem interpretar o que nos acontece em cada momento. Quando se tem consciência, nos tornamos menos suscetíveis a perder o equilíbrio interno e externar sentimentos de raiva. Cuidando de nós mesmos e dos semelhantes, cuida-se do ambiente. Isto é sustentabilidade, segundo a monja zen budista.
A cultura da paz significa cultivar a paz em nossas atitudes. Com consciência é possível, garantiu. O caminho é a meditação, aconselhou. É se sentar e observar a respiração, esvaziar a mente, os pensamentos e sentimentos negativos. É compreender o papel da mente e não deixá-la comandar todos os nossos atos e pensamentos. Só com consciência, é possível sair do padrão egoico e reativo, separado dos outros, e melhorar o mundo.
Sustentabilidade da vida
“Vocês estão aqui em busca de cuidado, de melhora”, disse a palestrante. Encontros como o Congresso Ciclos são capazes de mudar as pessoas e direcionar o constante processo de transformação que é a vida, segundo a monja zen budista. E como tudo está inter-relacionado e é interdependente, acaba produzindo um efeito encadeado que transforma tudo.
Este caminho foi apontado por ela como o caminho da sustentabilidade da vida. Ninguém pode ser feliz sozinho, assim como na economia, uma empresa que só visa lucro está fadada a se tornar perdedora e falir. Focar apenas resultados econômicos contraria perpetuação da vida.
A mensagem de Monja Coen aos participantes do Congresso Ciclos teve muita semelhança à do físico Fritjof Capra. Cada um falou ao seu modo dos mesmos conceitos e ideias, que permeiam a sustentabilidade. Tudo é vida, afinal. Até a competitividade, inerente aos negócios, também é elemento importante para a ciência e evolução do seres humanos, disse a palestrante. Desde que esteja voltada para o cuidado com a vida e não para a destruição.
(Por Vanessa Brito)
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