Foram encontradas concentrações significativamente mais baixas de nitrogênio nas culturas orgânicas.
Foto: João Guilherme Lacerda/Campanha Cresça
No maior estudo deste tipo, uma equipe internacional de especialistas liderada pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido, provou que culturas de vegetais orgânicos, assim como os alimentos deles derivados, contêm 60% mais determinados antioxidantes do que as mesmas culturas produzidas em modo convencional.
Depois de analisar 343 estudos sobre as diferenças entre as culturas orgânicas produzidas em modo biológico e as convencionais, a equipe de investigadores descobriu que a alimentação feita por frutos, vegetais e cereais biológicos, assim como seus derivados, fornece o dobro de antioxidantes das porções convencionais.
O estudo, publicado nesta segunda-feira, 14 de julho, no British Journal of Nutrition, mostra também a existência de níveis significativamente mais baixos de metais pesados em culturas orgânicas biológicas. O cádmio - um dos três metais pesados, conjuntamente com o chumbo e o mercúrio, para os quais a Comissão Europeia estabeleceu limites máximos permitidos em alimentos - aparece em quantidade 50% inferior em culturas orgânicas biológicas, em comparação com as convencionais.
A pesquisa, financiada pelo Programa-Quadro de Investigação da União Europeia e pelo Sheepdrove Trust, descobriu que as concentrações de antioxidantes - tais como os polifenóis -são significativamente mais elevadas (69%) em culturas orgânicas produzidas em modo biológico. Vários estudos estabeleceram correlações entre a presença de antioxidantes e a redução do risco de doenças crônicas, incluindo as cardiovasculares e as degenerativas, assim como o câncer.
Concentrações substancialmente mais baixas de uma série de metais pesados, incluindo o cádmio, foram também detectadas em culturas orgânicas biológicas (48% mais baixas, em média).
Informação ao consumidor
Foram encontradas concentrações significativamente mais baixas de nitrogênio nas culturas orgânicas. As concentrações de nitrogênio total foram 10%, nitrato 30% e nitrito 87% menores nos orgânicos do que nas culturas convencionais. O estudo também encontrou quatro vezes menos resíduos de pesticidas em culturas orgânicas biológicas.
O professor Carlo Leifert, da Universidade de Newcastle (que liderou o estudo), afirma: “Este estudo demonstra que a escolha de alimentos produzidos de acordo com os standards biológicos pode levar ao aumento da ingestão de antioxidantes desejáveis do ponto de vista nutricional e diminuir a exposição a metais pesados tóxicos. Este fato constitui uma importante adição à informação já existente e disponível para o consumidor, e que até agora se tem revelado confusa e, em muitos casos, conflituosa”.
Novo método
Este foi o mais extenso estudo de análise de constituintes em alimentos em modo biológico e convencional alguma vez produzido por uma equipe internacional, e resultou de revisão sistemática de literatura contendo uma meta análise.
As descobertas contradizem as de 2009 da Food Standards Agency (FSA) do Reino Unido, que em estudo comissionado encontraram a inexistência de diferenças significativas ou benefícios nutricionais no consumo de alimentos biológicos.
“A diferença principal entre os dois estudos é o tempo”, explicou o Professor Leifert, especialista em Agricultura Ecológica na Universidade de Newcastle. “A investigação nesta área tem sido lenta e hoje em dia existem mais dados do que há cinco anos”.
O doutor Gavin Stewart, docente em Síntese de Evidência e especialista em meta análise da equipe da Universidade de Newcastle, referiu: “A ampliação da base disponível permite-nos usar métodos estatísticos mais apropriados para concluir de modo mais definitivo relativamente às diferenças entre culturas orgânicas biológicas e convencionais”.
Significado das descobertas
O Professor Carl Leifert revelou: “O debate entre biológico e convencional tem rolado durante décadas, mas a evidência deste estudo é conclusiva – os alimentos orgânicos têm concentrações elevadas de antioxidantes e baixas de metais pesados e pesticidas”.
“No entanto, este estudo deve ser encarado como um ponto de partida. Nós demonstramos, sem margem para dúvidas, que existem diferenças na composição de alimentos biológicos e convencionais, e agora existe uma necessidade urgente de desenvolver intervenções controladas na dieta humana e estudos longitudinais especificamente desenhados para identificação e quantificação do impacto na saúde para a mudança para o alimento dependente do modo de produção biológico”.
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