O principal negociador das Filipinas, Yeb Sano, faz um discurso emocionado no primeiro dia de COP-19
Fotos: IISD.ca
Enquanto o irmão do negociador filipino na COP-19 (19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) estava sem comida e ajudava a empilhar corpos em seu país de origem, assolado pelo tufão Hayan, o diplomata Yeb Sano fazia um discurso comovente em Varsóvia, na Polônia, no primeiro dia da cúpula da ONU.
A maior parte das delegações realizou discursos emocionados, com manifestações acerca da preocupação sobre sinais de que mudanças climáticas bruscas já acontecem. Contudo, nenhum indicativo mais concreto de que ações mais impactantes serão tomadas.
O poder devastador do tufão não tem precedentes na história, mas as Filipinas já sofrem há anos com eventos climáticos extremos. Em 2012, nessa mesma época, também houve um furacão na região, e Sano tentou apelar para o compromisso moral de todas as nações com o que acontece.
Três minutos de silêncio foram dedicados às vítimas do tufão nas Filipinas
Ao pedir por metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, assim como por financiamento para medidas de adaptação e de compensação para os países que já sofrem com as mudanças climáticas, ele declarou que faria jejum ao longo de toda a conferência, em homenagem às vítimas, mas também para pressionar por mais ações.
Muito emocionado, desafiou aqueles que não acreditam na realidade das alterações do clima, que visitem as Filipinas neste momento. Depois da fala de Sano, houve aplausos e três minutos de silêncio em homenagem aos filipinos.
Trágica lembrança
O embaixador brasileiro José Antônio Marcondes de Carvalho, que lidera o time de negociadores do país, afirmou que todos ficaram tocados pelo que aconteceu. "É uma importante lembrança para todos os países agirem, imediatamente, e cortarem suas emissões. E se comprometerem com adaptação e meios de implementação", ressaltou.
"Não pode haver anistia"
Na segunda semana da COP-19, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, chegarão a Varsóvia para o segmento de alto nível da conferência, quando as decisões são realmente tomadas. Segundo a chefe da pasta ambiental, o encontro tem uma importância estratégica, a responsabilidade de criar as condições favoráveis, amigáveis para o diálogo, com vistas a Lima (onde será a COP de 2014) e Paris (sede da COP de 2015).
"Se ela ficar travada nos diálogos, pode acabar levando a metas pouco ambiciosas. Temos de resgatar o bom ambiente para construir soluções que não sejam impostas de cima para baixo, mas que venham de baixo para cima", defendeu Izabella Teixeira em entrevista ao Estadão. De acordo com a ministra, "tem gente que quer passar a régua na convenção - que o passado fique no passado - e só o que acontecer daqui para frente a gente combina."
"Mas não há anistia do carbono ou não pode haver anistia do carbono no mundo. Agora também não pode achar que pode excluir todo mundo (de responsabilidades). Só que isso acontece o tempo todo nas negociações de clima e acaba resultando na baixa ambição", observou a ministra brasileira do Meio Ambiente.
A COP-19 segue até o dia 22 de novembro.
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